O grupo de dança Okaragwyje Taperendy do povo Kaiowá de Douradina representou Mato Grosso do Sul no Festival de Músicas Indígenas 2023 que aconteceu de 9 a 12 de agosto no Centro Cultural Vale Maranhão, em São Luís (MA). O grupo Okaragwyje Taperendy é um dos sete grupos de música indígena que participaram do Projeto “Literatura Oral Kaiowá – Patrimônio Sul-Mato-Grossense para Ver e Ouvir”, financiado com recursos do Funles (Fundo Estadual de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos e Lesados) que é gerido pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Composto por 24 integrantes de todas as idades, apenas nove pessoas participaram do Festival, conforme explica a presidente da Associação Cultural Casulo, Graciela Chamorro, que desenvolveu o projeto junto às comunidades Kaiowá da região. Além das apresentações musicais, o festival proporciona oficinas e rodas de conversa com integrantes dos grupos participantes, gerando um espaço de reflexão e contato direto com as formas de fazer música desses povos. Nas conversas abertas, houve tanto a presença de lideranças espirituais na Casa do Saber assim como de jovens músicos para discutir sobre a cena da música indígena contemporânea.
O projeto
O Projeto “Literatura Oral Kaiowá -Patrimônio Sul-Mato-Grossense para Ver e Ouvir” foi contemplado pelo Edital 001/2021 do Funles e recebeu R$ 139.854,71 para a execução de uma série de ações, desde obras, aquisição de materiais e equipamentos, até a produção de vídeos e podcasts em que os próprios indígenas registram sua história e sua cultura.
“A produção desses vídeos e podcasts com os sete grupos indígenas aumentou o interesse dos indígenas pelo registro de seus bens culturais, que é sumamente necessário nestes tempos de ruptura geracional nas comunidades, a fim de dar às novas gerações a possibilidade de conhecer a riqueza da sua língua e das expressões literárias que foram produzidas nessa língua”, explica Chamorro.
A principal ação do projeto foi a reforma e adequação da “caixa de barro”, o espaço virou um estúdio de gravação de áudio e vídeo com tratamento acústico e todos os recursos necessários. Ainda foram adquiridos equipamentos de filmagem, gravação e tratamento desse material e, numa segunda etapa, após passarem por treinamentos, as equipes partiram para produção dos conteúdos.
Foram produzidos 10 vídeos de 1 hora de duração cada contendo as principais expressões orais de valor literário na língua Kaiowá. Também foram produzidos outros 10 vídeos mais curtos para serem postados na Internet. Os vídeos estão disponíveis NESSE canal do Youtube e os podcasts estão no Spotify, podendo serem ouvidos NESSE link.
Obs.: O nome do grupo, Okaragwyje Taperendy na língua Kaiowá, significa “Caminho resplandecente para o pátio sagrado” em português.
Veja imagens dos grupos: