Dentre os projetos ambientais anunciados pelo governador Eduardo Riedel no evento realizado nesta terça-feira (6) em alusão à Semana do Meio Ambiente, está o Projeto Sementes do Taquari, que se configura na maior ação de conservação da natureza dentro de uma unidade de conservação no Brasil e conta com apoio de vários parceiros no financiamento das ações.
No total serão plantados 2 milhões de mudas de plantas do Cerrado, recobrindo de vegetação nativa uma área de 1.300 hectares de pastagem degradada, localizados na região do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. “Observa-se a quantidade de empresas privadas neste projeto. Não existe caminho sem integração, por isto temos que alinhar e mobilizar a sociedade a trabalhar conosco, com capital, recursos e interesse em uma mesma direção”, afirmou o governador.
O diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), André Borges, destacou que o Parque tem 33 mil hectares, e que a função do Estado é proteger esta área e desenvolver ações. “Vamos atuar em 1.300 hectares, que foi fruto de aquisição da Fazenda Continental. Nosso objetivo é fazer a recuperação, que representa 21% do Parque, que é uma área degradada de pastagem”.
O secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) destacou que a importância da iniciativa se dá, sobretudo, no esforço empreendido pelo Governo do Estado para recuperar o rio Taquari a partir de intervenções nas suas nascentes, evitando que sedimentos sejam carreados para o leito do rio e provoquem o assoreamento no trecho em que atinge a planície pantaneira. “Trata-se do maior projeto de recuperação ambiental em unidade de conservação do Brasil, uma iniciativa que partiu da nossa equipe técnica e está alinhada com o Prosolo”, afirmou Verruck.
O Projeto Nascentes do Taquari inicia a fase 1 pela antiga Fazenda Continental, que foi adquirida pelo Governo do Estado e anexada ao Parque Estadual do Taquari, e atende o 13° ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas para combater as alterações climáticas.
Devido à grandiosidade o trabalho será executado em etapas e prevê a duração de seis anos. Na primeira etapa serão executadas as ações de conservação do solo com intervenções diversas, desde a construção de curvas de níveis até a correção de pelo menos 30 voçorocas. As empresas parceiras nessa etapa são a Ômega Energia e a Restaura Spaço Engenharia. Na segunda etapa será feita a restauração do Cerrado com o plantio das mudas, tendo apoio de quatro empresas: Oreades, Cargil, ATVOS e Adecoagro. Ainda nessa etapa será executado o manejo integrado do fogo com a parceria da Bracell.
O fiscal ambiental Rômullo Oliveira Louzada, o técnico responsável pelo projeto, diz que o Imasul quer transformá-lo num importante laboratório de pesquisas para mensurar o processo de sequestro de carbono a ser obtido e outros experimentos científicos, como o comportamento do solo mediante diferentes técnicas de conservação, a movimentação da fauna terrestre com o monitoramento por meio de câmeras, a alteração na qualidade da água e da ictiofauna nos cursos dágua presentes.
“Esperamos também com esse projeto, além da melhoria que representa para o rio Taquari, propriamente dito, que seja um importante incremento no sequestro de carbono, contribuindo para tornar Mato Grosso do Sul Carbono Neutro até 2030; fomento à educação ambiental e à pesquisa científica, aumento da biodiversidade e será também um importante fortalecimento de nossas parcerias estratégicas com a iniciativa privada que pode ser replicada em outras iniciativas parecidas”, disse Borges.
O Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari foi criado em 1999 e partiu da iniciativa da comunidade de Costa Rica para proteção das nascentes do, preocupada com a acelerada degradação dos rios que formam a Bacia Hidrográfica, uma das mais importantes do Pantanal. A Unidade de Conservação abrange partes dos municípios de Alcinópolis e Costa Rica e possui 30.618 hectares no total, formando um importante corredor ecológico entre cerrado e Pantanal. Dessa área, 6,6 mil hectares precisam ser recuperadas e 24 mil hectares estão cobertas com vegetação nativa.
Além do tesouro biológico que o Parque guarda, estão ali também importantes sítios arqueológicos que registram vestígios de peaberus, antigas rotas do povos originários datadas de 11 mil anos atrás e ainda inscrições em cavernas, pinturas rupestres e petróglifos de antigas fases da ocupação humana na região.
Texto: João Prestes, com Marcelo Armôa/Semadesc
Foto: Marinco de Pauda/Semadesc