Queda no consumo interno e retenção de matrizes podem antecipar virada, estimada inicialmente para 2017
Depois de três anos de alta nos preços do boi, a pecuária deve voltar a ter seu ciclo de baixa a partir de 2017, segundo apontam analistas do setor. Com o alto preço do bezerro, os pecuaristas iniciaram a retenção de fêmeas, que deve influenciar na safra de animais nascidos no próximo ano, aumentando a oferta no mercado de reposição, mas é quem aposte que isso já pode acontecer no próximo ano.
“Ainda podem acontecer inúmeras coisas, que influem a virada antes disso, mas é provável que o clico de alta acabe em 2017, quando teremos oferta mais robusta de bezerros e boi magro”, destaca José Vicente Ferraz, analista da Informa FNP. “Também devemos levar em conta outros fatores importantes, como a redução do consumo de carne no mercado interno e a instabilidade econômica do País, que podem fazer com que os preços caiam consideravelmente no próximo ano, mas não tanto quanto em ciclos anteriores”, acrescenta.
Em 2015, o consumo de carne bovina recuou consideravelmente no varejo, perdendo espaço para proteínas de preços mais competitivos, principalmente a de frango. Por outro lado, o aumento das exportações deverão ter papel importante no setor, em função da reabertura e conquista de novos mercados para a carne brasileira. Na lista de principais compradores surgem a China, que deve importar 240 mil toneladas de carne bovina/ano; Arábia Saudita, com 60 mil toneladas; e os Estados Unidos, com 59 mil toneladas em cota, sem contar as compras adicionais.
O aumento de vendas ao mercado externo, porém, não deve adiar a quebra de ciclo, na opinião de Lygia Pimentel, da Agrifatto. “Não acredito no adiamento, mas sim no adiantamento. Alguns pecuaristas já estão segurando suas matrizes desde 2014 e muitos animais que morreriam neste ano deverão ser abatidos no início do próximo ano. Ou seja, já podemos ter uma boa oferta de animais 2016”, analisa.
“De fato as exportações terão papel importante, mas, sozinhas, não são capazes de segurar o fôlego. O único fator que conseguiria adiar a quebra do ciclo é o aumento considerável do consumo interno, o que não deve acontecer”, conclui, Ferraz.