Especialistas opinam sobre o mercado diante da possibilidade de virada de ciclo da pecuária de corte
No primeiro caso, o risco é o ciclo virar e o preço do bezerro e do boi gordo cair drasticamente. No segundo caso, o risco é o ciclo não virar e, ao vender suas matrizes, o pecuarista reduzir sua produção de bezerros para venda ou para recria e engorda.
Médica veterinária e consultora da Agrifatto, Lygia Pimental não tem dúvida da virada do ciclo e tem aconselhado seus clientes a aproveitar para fazer bons negócios. “É uma boa oportunidade para a venda de fêmeas. No futuro, é provável que não se encontre preços tão bons como agora”.
Por outro lado, o engenheiro agrônomo José Vicente Ferraz, consultor da Informa Economics FNP, ressalta que é necessário fazer uma análise conjuntural antes de tomar essa decisão. “Analisando friamente, o pecuarista deveria vender suas fêmeas. Mas, é necessário levar em consideração outros fatores e saber se isso não influenciará a produtividade do negócio”, diz. “Outro risco é o ciclo não virar e ele reduzir a produção de bezerro, faturando menos”, acrescenta.
Segundo o IBGE, do total de animais abatidos em frigoríficos com inspeção sanitária nos três primeiros trimestres de 2015, 40,8% eram de fêmeas e 59% de machos. Os números são próximos aos registrados em 2008, ano que antecedeu o recorde de retenção de matrizes de 2009, quando, do total de bovinos abatidos, apenas 29% eram de fêmeas (vacas e novilhas). A virada do ciclo da pecuária aconteceu em 2010 e deu origem ao atual ciclo de alta.