A comercialização da soja da safra 2016/2017 avançou quatro pontos percentuais em janeiro e atingiu 41% da produção. O ritmo das vendas ficou abaixo dos 50% registrados em janeiro do ano passado e dos 49% da média dos últimos cinco anos. Os cálculos são da consultoria AgRural.
Fernando Muraro, sócio-diretor da consultoria, explica que “apesar de as cotações da soja na Bolsa de Chicago terem se aproximado de US$ 10,70/bushel no melhor momento do mês, o dólar cotado abaixo de R$ 3,20 trabalhou na contramão”. Segundo ele, este cenário pressionou os preços e manteve os produtores brasileiros fora do mercado, “com exceção daqueles que precisaram vender para equilibrar o fluxo de caixa”.
O levantamento da AgRural mostra que o Centro-Oeste lidera as vendas da safra nova, com evolução de cinco pontos percentuais em janeiro, para 53%. Apesar da colheita acelerada, pequenos volumes foram negociados em Mato Grosso. Em Lucas do Rio Verde, a saca para entrega até o fim de mar/17 com pagamento em 30/abr saiu por US$ 18,80. Em Tangará da Serra, a saca com entrega em fev/17 e pagamento em mar/17 saiu por R$ 58,50.
Já em Rio Verde (GO), o preço médio da saca com entrega em fev/17 ficou em R$ 65,80, queda de 8% na comparação com dezembro. Lotes com entrega em fev/17 rodaram por R$ 64,00 no fim de janeiro. Em Dourados (MS), o preço médio ficou em R$ 62,70, contra R$ 68,25 em dezembro, e vendas foram feitas apenas da mão para a boca, diz a Muraro.
A AgRural constatou que na região Sul a comercialização avançou apenas dois pontos em janeiro, chegando a 22% e ficou abaixo dos 36% do mesmo mês do ano passado. Segundo Muraro, “os produtores estão capitalizados e, com a queda dos preços em reais, a maioria espera por uma valorização para voltar a negociar”. No Paraná, em Cascavel a saca para fev/17, que chegou a valer R$ 78,00 em dezembro, terminou janeiro cotada a R$ 68,00.
Na região Sudeste a comercialização também evoluiu apenas dois pontos, para 34%. Em Unaí (MG), lotes pontuais com entrega até o fim de fev/17 saíram por R$ 66,00.
Nas regiões Norte/Nordeste a queda nos preços e as incertezas climáticas deixaram o mercado frio, o que resultou em avanço de apenas um ponto no mês, para 52%. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), o preço médio da saca para mai/17 ficou em R$ 68,80, com queda de 7% em relação a dezembro.
O levantamento da AgRural mostra que as vendas antecipadas do milho safrinha 2017, que está em fase de plantio, continuaram fracas em janeiro, registrando evolução de apenas cinco pontos, para 24% da produção esperada no Centro-Sul do Brasil. “Há um ano, 40% da safrinha 2016 já estava comercializada. A média de quatro anos, porém, é bem mais modesta, de 19%.”
A consultoria relata que devido à queda dos preços, houve negócios pontuais apenas na forma de troca por insumos e vendas da mão para a boca. Em Mato Grosso, os preços mais fracos têm limitado os negócios, mesmo com a boa janela de plantio e o clima favorável ao desenvolvimento inicial da cultura. Em Sorriso, lotes pontuais com destino ao mercado interno foram negociados por R$ 16,50.
Em Dourados (MS), o preço médio da saca para ago/17 ficou em R$ 22,00, com queda de 8% na comparação com dezembro. Em Rio Verde (GO), o cereal para consumo doméstico saiu por R$ 22,00 para jul-ago/17. Para exportação, a saca vale R$ 18,00 e as vendas estão travadas.
A AgRural comenta que no Paraná a comercialização do milho safrinha 2017 ficou praticamente parada em janeiro. “Na região oeste, a saída atrasada da soja e a janela mais curta para o plantio do milho pesaram no humor dos produtores, que se retraíram. Além disso, a diferença grande entre os preços oferecidos no mercado spot e para venda antecipada ajudou a manter o produtor fora do mercado”, diz a consultoria.
As vendas de milho verão também evoluíram pouco em janeiro, passando de 9% para 12% da produção estimada no Centro-Sul do Brasil. Há um ano, 15% estava vendido. Minas Gerais e Goiás lideram, com 18%.