Mesmo com a abertura de novas vias para o escoamento da produção agrícola no País, o setor de logística ainda enfrenta dificuldades. O transporte de cargas é uma delas. Pensando na melhor forma de gerenciar e otimizar este setor, o executivo mexicano Oscar Salazar, um dos fundadores do Uber, decidiu aproveitar a atual tendência da chamada “economia compartilhada” para criar uma ferramenta destinada a garantir mais eficiência aos serviços de movimentação e entrega de mercadorias.
Chamada de “Uber dos Caminhões”, a plataforma virtual CargoX, que acaba de chegar ao Brasil, realiza a ponte entre clientes e caminhoneiros autônomos para efetuar um serviço rápido, de qualidade e com redução de 30% do custo do frete. Ao ser acionado por alguma empresa, o site, que utiliza banco de dados e telefonia móvel, localiza o motorista que está mais próximo da área de demanda para dinamizar o serviço. O sistema conta com mais de 100 mil caminhoneiros cadastrados.
Para o setor agrícola, a tecnologia será vantajosa, acredita o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco. Segundo ele, “na medida em que é possível reduzir o custo do transporte, o ganho do produtor aumenta”.
SELEÇÃO
A fim de garantir eficiência e qualidade, a CargoX seleciona e treina seus motoristas, levando em consideração fatores como incidentes ocorridos na estrada (roubo de cargas, acidentes etc.) e o tempo de uso do caminhão (neste caso, no máximo, dez anos de rodagem). Já as empresas contratantes, como de praxe, se responsabilizam por todas as obrigações legais, incluindo os riscos inerentes à atividade.
OCIOSIDADE
O vice-presidente da SNA concorda que a plataforma também será útil para contornar o problema de ociosidade no mercado de frete. “Hoje nós temos número exagerado de caminhões circulando pelas estradas, e percebemos que o espaço destinado ao frete não é explorado de forma integral, gerando um índice negativo”.
Para aproveitar em sua totalidade a capacidade dos caminhões, a CargoX oferece até a possibilidade de completar um volume de carga contratada por um usuário, acionando outro cliente para preencher o volume restante. O peso mínimo por caminhão, estipulado pelo sistema, é de cinco toneladas.
INVESTIMENTO ALTO
A nova tecnologia do “Uber dos caminhões” envolve investimentos da ordem de R$ 100 milhões. No entanto, não é a única do gênero. A Truck Pad, por exemplo, que foi lançada há três anos, dispõe de uma rede de mais de 480 mil caminhoneiros, e também tem a mesma finalidade. No entanto, é voltada para o transporte de pequenas cargas.
Em depoimento ao site da revista Globo Rural, o argentino Federico Vega, CEO da CargoX, afirma que a empresa “é de tecnologia, não de frete”.
“O que fazemos é ajudar o embarcador sofisticado a contatar um caminhoneiro diretamente. Quem não quer ter esse trabalho burocrático opta por contratar uma empresa convencional de logística”, explica Vega.
MODAIS
Apesar da tradição do modal rodoviário, atualmente várias empresas investem em outras vias de transporte. A Cargill, maior empresa de agronegócio do mundo, está colocando em operação a sua primeira frota fluvial no País.
“É o mais recente investimento da companhia, que deseja se posicionar de forma estratégica na matriz amazônica. Mais de 80% dos recursos são destinados para o chamado Arco Norte , que é a nova rota para o escoamento de grãos do Centro-Oeste”, destaca o vice-presidente da SNA.
Por equipe SNA/RJ com informações do site da revista Globo Rural / Foto da capa: Comando Nacional do Transporte