Na avaliação do analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, “há um grande espaço na paridade com os importados, mas falta qualidade aos trigos do Mercosul. O país que teve o maior volume de trigos de boa qualidade foi o Paraguai, mas, ainda assim, não foi de 100% da safra, porque parte dela também foi atingida e danificada por intempéries, como nas restantes regiões do Continente”.
“Os grandes mal entendidos com relação ao trigo surgem sempre porque alguns pensam que todo trigo é igual, quando, na verdade, cada lote de trigo é diferente (em qualidade) de qualquer outro. Está mais parecido com a qualidade do café e da uva, do que com a do milho e da soja. Trigos de melhor qualidade tem preço melhor, trigos de qualidade média tem preço médio e trigo de qualidade inferior tem preço ruim”, explica o especialista.
Na visão de Pacheco, o Brasil precisará importar ainda cerca de 1,3 milhão de toneladas de trigo melhorador dos Estados Unidos, em detrimento das disponibilidades que ainda houver na Argentina e no Uruguai. “Nosso país vai sim importar cerca de 1,24 milhão de toneladas destes dois países, para a fabricação de ‘galletitas’, ou biscoitos e bolachas e para misturar com o trigo melhorador que houver disponível de outras origens” projeta.
“Analisando o Line Up dos portos do Nordeste brasileiro, encontramos um navio com trigo americano para cada cinco navios com trigo argentino. É óbvio que os moinhos estão fazendo exatamente o que estamos dizendo: trazendo trigo melhorador dos Estados Unidos e mesclando-o com trigo argentino para a produção das suas farinhas, conforme a demanda. Registre-se, porém, que a demanda de farinha panificável é de, no máximo 60%, havendo, portanto, importações de trigo com 11,5% e até de 10,5% para a produção direta, sem mistura, de bolachas e biscoitos”, conclui.