Na foto, Renan Magalhães, da MasterGeo, se prepara para lançar vant, veículo aéreo não-tripulado, uma modalidade de drone, com o qual presta serviços de topografia |
É com o uso da tecnologia que o agronegócio começa a encontrar seu espaço no mercado de franquias no Brasil.
Das 2.700 redes que operam no país filiadas à ABF (Associação Brasileira de Franquias), apenas três são ligadas diretamente ao setor. Mas a tendência é que esse número cresça.
“Este ainda é um setor que vê a produção, e não o varejo, como objetivo final. É uma questão histórica, mas que muda cada vez mais rápido”, diz o consultor de negócios Marcus Rizzo.
A MasterGeo, de Divinópolis, e a Geaap, de Uberlândia, ambas em Minas Gerais, passaram a operar como franqueadoras neste ano.
A Geaap oferece serviços de agricultura de precisão.
Por meio de análises científicas, ajuda o agricultor a otimizar o uso de seu terreno para o plantio de diferentes culturas, graças ao mapeamento do solo.
Para realizar a tarefa, utiliza drones e vants (veículos aéreos não tripulados), para sobrevoo e aplicação de pesticidas, por exemplo. Possui também um laboratório para análise das amostras.
Os drones servem também para ajudar pecuaristas a calcularem o tamanho de seus rebanhos.
A taxa para tornar-se franqueado da Geaap é de R$ 281 mil. A expectativa da empresa é encerrar 2016 com 12 unidades. Hoje, já há duas em operação.
“Com a crescente pressão por sustentabilidade e preservação dos recursos, a precisão científica é fundamental. As franquias são o meio mais fácil de se replicar esse conhecimento”, diz Estevão Parreira, diretor da empresa.
A MasterGeo, que presta serviços de engenharia, tem como um de seus focos a topografia, com medição e análise de relevo de terrenos para plantações e outros tipos de empreendimentos. Faz também inventário de flora e fauna e estudos de impacto ambiental, com o uso de drones no processo.
A empresa se formou como rede de franquias em abril deste ano e, há um mês no mercado para captar franqueados, diz já ter interessados em investir R$ 80 mil para iniciar a operar.
A H2Orta foi a pioneira no segmento. Especializada em agricultura hidropônica, a rede do empresário Ricardo Rotta produz hortaliças sem uso de solo, o que torna o processo mais barato.
Por R$ 39 mil é possível tornar-se um agricultor de rúcula, alface e outras culturas folhosas. No mercado desde 2011, Rotta espera chegar a sete franqueados até o fim do ano que vem -hoje, são quatro.
INCENTIVO
Para acelerar o crescimento do setor de agronegócios no mundo das franquias, a ABF e o Sebrae estão buscando no interior do país as empresas com potencial para o modelo.
“Nós ajudamos as empresas a entenderem se têm um tipo de negócio ou produto replicável e viável”, diz Alessandra Simões, do Sebrae.
“O processo de ratificação leva cerca de 18 meses”, acrescenta Danyelle Van Stratten, diretora da ABF-MG.
Diferentemente de alguns outros tipos de franquias, as empresas de agronegócio quase sempre demandam do franqueado um conhecimento técnico do assunto.
“Em Paracatu [MG], um dono de loja de roupas se interessou, mas tivemos de declinar. Sem conhecer a área, não há como”, explica Estevão Parreira, da Geaap.
Andrea Orsi é um bom exemplo do perfil necessário para atuar no setor. Primeira franqueada da Incotec, multinacional holandesa especializada no melhoramento científico de sementes, ela já atuava no segmento comercializando esse item.
A tradição brasileira no mercado de franquias fez com que a Incotec, que opera em mercados como EUA, Japão, entre outros, escolhesse o país como balão de ensaio para o modelo de negócios, segundo explicou Bruno Hoeltgebaum, gerente de novos negócios da empresa.
O investimento para ser um franqueado da Incotec varia entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões. Existem hoje quatro franqueados da companhia no país.
Folha de São Paulo