Em Minas a doença não foi identificada na safra 2016/2017, mas variações climáticas exigem maior controle
Presente nos campos brasileiros desde 2001/2002, a ferrugem da soja já está bem adaptada e clima favorece a proliferação/IMA/Divulgação
As variações climáticas verificadas nas principais regiões produtoras de soja do País e de Minas Gerais estão criando condições favoráveis à manifestação da ferrugem asiática, uma das principais doenças que acometem a soja e que causa prejuízos que chegam a US$ 2 bilhões por ano no Brasil. Na safra 2016/2017 a ferrugem não se manifestou no Estado. Mas a indicação do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) é que os sojicultores de todo o País fiquem atentos e mantenham o monitoramento constante das lavouras próprias e da região.
A ferrugem asiática é uma das principais doenças da sojicultura na atualidade. Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie, a enfermidade causa grandes danos nas folhas, onde ficam armazenados os nutrientes retirados do solo e posteriormente utilizados pela planta para a produção dos grãos. Sem esses nutrientes armazenados, os grãos da soja ficam pouco desenvolvidos, impactando no rendimento da lavoura e reduzindo a produtividade. Em casos graves, a queda no rendimento pode chegar a 50%. No Brasil, a doença causar prejuízo na ordem de US$ 2 bilhões por ano.
Para evitar a proliferação da doença, a indicação do biólogo e supervisor da área de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Cerrados (Embrapa Cerrados), e membro do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), Sergio Abud da Silva, é que os produtores realizem o monitoramento da presença da ferrugem asiática na região, e façam o controle preventivo da doença com o uso de fungicidas aplicados com alta tecnologia para uma proteção correta das plantas.
“A ferrugem da soja já está presente nos campos brasileiros desde a safra 2001/02. Então, nós observamos que o fungo está bem adaptado e as condições são favoráveis para a proliferação, com chuvas frequentes e temperaturas amenas, em torno de 20 graus a 25 graus. Estas características são verificadas durante as noites em muitas regiões do País, inclusive em Minas Gerais, onde, nos locais mais altos, as temperaturas ideais são muito frequentes. A umidade nas folhas e no ambiente combinada com a temperatura amena e a presença do inóculo são as condições ideais para o aparecimento da ferrugem”, explicou Abud da Silva.
As áreas ocupadas com a soja precoce são as mais suscetíveis à ferrugem asiática. Abud da Silva explica que a condição se deve à maior possibilidade de ter esporos do fungo presentes nas plantas voluntárias, como os grãos remanescentes da safra anterior, denominados soja guaxa ou tiguera.
“O inóculo é comum porque os produtores começam a plantar logo no início das chuvas, período em que a presença da soja guaxa é mais constante. Dessa forma, quando contaminadas, os esporos acabam proliferando da soja guaxa para as lavouras na fase próxima ao florescimento. Em alta pressão de inóculo, a ferrugem pode ocorrer, inclusive, na fase vegetativa. Na safra atual já foram registrados casos no Mato Grosso, Mato grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ou seja, o inóculo está presente no ambiente, só aguardando condições favoráveis para ocorrer em outras áreas”, disse Abud da Silva.
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Minas Gerais – Em Minas, a ferrugem não foi identificada na safra 2016/2017. A produção no Estado deve recuar 1,7% com a colheita de 4,64 milhões de toneladas, frente as 4,73 milhões de toneladas colhidas na safra anterior. É esperada queda de 2,1% na produtividade, que ficou estimada em 3,15 toneladas por hectare. A área destinada ao cultivo da oleaginosa ficou apenas 0,4% maior, com o uso de 1,47 milhão de hectares. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).