A presença de árvores no campo é benéfica para preservar e manter abelhas, importantes polinizadores. Trabalhos recentes têm destacado a importância das abelhas para a produção agrícola, indicando deficit de polinização em diversas culturas e revelando o papel fundamental que a vegetação do entorno tem na manutenção do serviço gratuito de polinização.
Resultados preliminares de um estudo realizado com três espécies arbóreas comumente utilizadas em Sistemas Agroflorestais (AFs) revelaram a atratividade dessas espécies como fonte de alimento para abelhas silvestres. A pesquisa foi realizada em um Sistema Agroflorestal (SAF), implantado em 2010 no Sítio Agroecológico da Fazenda Experimental da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP). As três espécies observadas ofereceram pólen como o principal recurso para as 359 abelhas observadas em 309 amostragens.
Foram feitas observações diretas da diversidade e abundância de abelhas e dos recursos por elas explorados durante a floração simultânea de três espécies de árvores: aroeira-pimenteira (Schinus terebinthifolius), escova-de-macaco (Apeiba tibourbou) e urucum (Bixa orellana). A abelha-jataí (Tetragonisca angustula) e uma abelha silvestre coletora de óleos florais (Ephicaris sp.) foram as visitantes mais numerosas durante o estudo.
As flores de urucum tiveram maior abundância e diversidade de visitantes florais. Suas flores foram visitadas por abelhas que têm capacidade de coletar pólen por vibração – mamangava-de-chão (Bombus sp.) e abelhas silvestres do gênero Ephicaris e Oxaea – e também por outras que não apresentam esse comportamento, como a abelha africanizada (Apis mellifera) e a jataí.
Na aroeira-pimenteira, foram observadas apenas abelhas de pequeno porte, como a jataí, a iraí (Nannotrigona testaceicornis), a abelha africanizada e a mirim (Plebeia sp.), sendo jataí a mais abundante e frequente. Essa árvore revelou-se uma fonte atrativa de néctar para essas abelhas, uma vez que não foi observada coleta de pólen em metade das visitas às suas flores.
A escova-de-macaco foi a espécie com menor diversidade e abundância de visitantes florais, sendo a abelha silvestre do gênero Oxaea sp. a principal visitante, coletando pólen em 100% das observações.
A amostragem foi realizada de março a junho de 2015, em dois intervalos de tempo, no período da manhã, simultaneamente por dois observadores, cada qual em um exemplar da mesma espécie arbórea.
Valdania de Souza, estudante de biologia da Universidade Paulista (UNip), explica que o objetivo foi avaliar o potencial de três espécies arbóreas nativas, comumente utilizadas em SAFs para a produção de biomassa, como fonte de recursos alimentares para abelhas.
Com este estudo preliminar, a equipe concluiu que essas três espécies arbóreas fornecem recursos alimentares para as abelhas e podem contribuir para a recuperação da diversidade e abundância das abelhas silvestres em agroecossistemas.
Os SAFs (Sistemas Agroflorestais) são reconhecidos como uma importante alternativa de uso da terra em áreas degradadas, possibilitando sua recuperação produtiva e ecológica, e representando uma alternativa economicamente viável e legalmente aplicável em Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. Eles constituem sistemas produtivos com diversidade elevada visando à sustentabilidade.
O trabalho “Sistemas Agroflorestais: fonte de recursos florais para abelhas silvestres (Hymenoptera: Apoidea)” é de autoria de estudantes e pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e foi apresentado no XI Encontro sobre Abelhas, em Ribeirão Preto. As autoras do trabalho são as estudantes Valdânia da Conceição de Souza e Andréia Perpétua da Silva e a pesquisa contou também com a participação de membros da equipe de agroecologia da Embrapa Meio Ambiente, Kátia Braga, Ricardo Camargo, João Canuto Joel de Queiroga e Waldemore Moriconi.
Cristina Tordin (MTB 28499/SP)
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