O ano de 2015 está chegando ao fim e poucas ações foram vistas na tentativa de sanar ou reduzir o déficit da capacidade de armazenagem da produção agrícola no País. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esta deficiência chega a 53,729 milhões de toneladas para grãos, considerando uma safra prevista em 208,8 milhões de toneladas no ciclo 2015/16.
Ainda de acordo com a estatal, o País pode guardar 155,139 milhões de toneladas, a maioria em silos privados. A parte que envolve a rede pública limita-se a 2,3 milhões de toneladas, com silos construídos pela antiga Companhia Brasileira de Armazenamento (Cibrazem), extinta em 1990, ou seja, há 25 anos.
Dados ainda mais preocupantes – desta vez, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – revelam que o armazenamento inadequado de grãos resulta em cerca de 15% de perdas das lavouras.
“Nas pequenas propriedades familiares que armazenam milho em espiga e que utilizam estruturas rústicas, como paióis de madeira, as perdas causadas por insetos e roedores podem, em alguns casos, alcançar mais de 40%”, alerta o pesquisador Marco Aurélio Guerra Pimentel, da área de Entomologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG). Leia mais sobre o tema emhttp://sna.agr.br/?p=24248.
Diante deste cenário, os agricultores se viram como podem, buscando alternativas em curto prazo no mercado, aliando praticidade, urgência e viabilidade econômica. E uma destas opções tem sido os silos-bag.
“É uma solução inteligente, prática e econômica para a armazenagem de cereais e outros grãos – soja, milho, arroz, trigo, feijão, etc. – e produtos para alimentação animal – milho em grão, moído ou rolão, sorgo, farelos, rações, polpa cítrica, entre outros”, defende o técnico em Agropecuária Carlos Grochovski Junior, da Sinuelo Genética & Tecnologia Agropecuária, com sede em Curitiba (PR).
Ele informa que os silos-bag, fornecidos pela empresa, são encontrados em diversos modelos, tamanhos e capacidades (de 50 a 620 toneladas), podendo receber opcionalmente equipamentos de carga descarga (chupim, cachimbo e moega), termometria e completo sistema de aeração forçada.
“Normalmente, o silo-bag é instalado sobre fundo plano no próprio terreno (veja foto acima), mas pode ser montado sobre uma base cônica, cavada no solo, o que lhe confere aumento substancial em sua capacidade”, detalha Grochovski.
ECONOMIA
O técnico garante ainda a economia para o bolso do agricultor: “Além de econômicos – chegam a 15% do valor de um silo convencional –, os silos-bag dispensam obras complementares de infraestrutura. Isto porque são montados com facilidade e rapidez, sem necessariamente precisar contratar mão de obra externa. Ainda podem ser desmontados e transferidos para outro lugar, conforme a intenção do agricultor”.
“Ao contrário de sistemas de armazenagem em tubos (embutidora de cereais), cujos tubos são descartáveis, o silo-bag é um equipamento durável, que poderá ser utilizado durante vários anos”, garante Grochovski.
ESTOCAGEM
A silagem estocada em bags é produzida com máquinas que “empacotam” a forragem picada em tubos plásticos horizontais. Os silos-bag mais simples, que variam de 30 a 60 metros, podem armazenar de duas a seis toneladas de silagem por metro linear. Este intervalo de densidade é devido ao grau de picagem (tamanho de partícula) e da cultura que está sendo estocada.
Neste caso, o plástico não é reutilizável e geralmente custa entre seis e dez reais por tonelada de silagem estocada. O silo-bag também é uma boa opção, dependendo do tamanho escolhido, para guardar pequenos volumes de grãos, principalmente quando são destinados à alimentação dos animais da propriedade rural.
POLIETILENO
Com capacidade para armazenar 200 toneladas de grãos por até dois anos, os silos bolsas de polietileno também vêm se tornando “queridinhos” dos agricultores. Isto justifica pelos resultados: um aumento de aproximadamente 35% nas vendas em 2014, de acordo com a Pacifil Brasil, fabricante destes produtos.
Considerada a maior fornecedora de polietileno e maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, a Braskem garante que os silos-bolsa não precisam de qualquer tipo de estrutura física, porque são facilmente manuseados na hora do carregamento. Também reduzem as perdas na armazenagem, com um sistema de baixo custo operacional. Além disto, o produto é totalmente reciclável.
SILO-FARDO
As propriedades rurais podem armazenar a colheita de grãos de outras formas, além dos silos-bag e/ou silos-bolsa, usando o silo-torre, que está em desuso, mas ainda pode ser encontrado; ou o silo-fardo, que é revestido por filme plástico. Por causa do baixo custo empregado inicialmente, os silos horizontais do tipo superfície (bag, bolsa e fardo) são os preferidos dos agricultores.
Empresas defendem que o armazenamento em silos-fardos traz resultados positivos para o produtor rural, porque a forragem é compactada logo depois da colheita. Por causa disto, pode ser preparado diretamente no campo, o que minimiza a aeração da massa.
Cada silo-fardo conta com uma unidade independente, o que também favorece a redução dos riscos de deterioração aeróbia, durante sua utilização (na alimentação animal), até porque cada unidade tem pequenas dimensões.
O silo-fardo também pode ser empregado em propriedades de pequeno porte, até porque conta com algumas vantagens:
- Rapidez no processo: toda silagem colhida é enfardada no menor espaço de tempo possível. Seu processo fermentativo ocorre dentro do fardo, em um ambiente totalmente anaeróbico, devido à compactação bastante eficaz.
- Facilidade no manejo: os fardos são facilmente manuseados e ainda aproveitam totalmente o material ensilado, uma vez que eles só serão abertos quando seus produtos armazenados estiverem prontos para sua finalidade.
- Mais qualidade: o silo-fardo mantém o padrão de qualidade da silagem, do primeiro ao último fardo produzido.
Por equipe SNA/RJ