Assinado Memorando de Entendimentos e formada comissão técnica para conduzir negociações. MS, MT, PR, SC e RS também devem negociar compra de ureia
Os governadores Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Pedro Taques (Mato Grosso) acertaram, em reunião com o presidente da Bolívia, Evo Morales, os termos de futuro acordo para importação direta, por empresas estaduais, de gás natural. A Bolívia manifestou interesse, ainda, de exportar ureia, matéria prima para fabricação de fertilizante nitrogenado e adubo.
Durante encontro em Santa Cruz de La Sierra, nesta sexta-feira (5), o presidente boliviano designou o ministro de Hidrocarburos Y Energía, Luis Alberto Sanchez Fernández e o vice-ministro de Industrialização, Comercialização, Transporte e Armazenamento de Hidrocarboneto, Oscar Barriga Arteaga, para conduzirem as negociações com uma comissão técnica, formada pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck (Desenvolvimento) pelo secretário Marcelo Miglioli (Infraestrutura) e o diretor-presidente da MSGÀS, Rudel Trindade, além de um representante do Governo do Mato Grosso.
Os governadores de MS e MT assinaram com o ministro Luis Alberto Sanchez Fernández um Memorando de Entendimento em que o governo boliviano manifesta o interesse pela proposta, que prevê, além da compra de gás natural para suprimento de polos industriais e usinas termelétricas em MS e MT, também a importação de ureia. As autoridades bolivianas já indicaram a planta de Cochabamba como futura fornecedora de insumos e suprimentos de gás natural.
Reinaldo Azambuja e Evo Morales também encaminharam conversações para ampliar acordos de cooperação e intercâmbio comercial para expansão da produção agrícola. A Bolívia quer o apoio dos governos de MS e MT para intensificar o comércio bilateral e diversificar sua economia. Essa intenção também foi manifestada no documento assinado pelo ministro de Hidrocarburo y Energía. Os termos contratuais, preço, condições de transporte e armazenamento serão conduzidos pelo presidente da YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Boliviano), Guilhermo Acha Morales, e os dirigentes de empresas de gás dos estados brasileiros.
Segundo o governador Reinaldo Azambuja, assim como o presidente Temer sinalizou a concordância para a negociação direta, sem intermediação da Petrobras, signatária do contrato do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), que vence em 2019, o presidente Evo Morales também autorizou a estatal petrolífera boliviana a negociar diretamente com as empresas de gás dos estados.
Reinaldo Azambuja levou a proposta como interlocutor do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul), bloco que reúne Mato Grosso do Sul e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No dia 22, na próxima reunião do Codesul, Reinaldo vai aprofundar a discussão sobre os termos do contrato. “A reunião foi muito positiva, as autoridades bolivianas foram receptivas à nossa proposta, inclusive sobre a reativação do ramal na fronteira de Corumbá, que vai levar gás para a termelétrica de Ladário”, disse o governador. O projeto da térmica prevê demanda de suprimento de 1 milhão a 1,3 milhão de m³/dia.
Reinaldo Azambuja disse que o presidente boliviano destacou a abertura do mercado interno, permitindo que os estados possam negociar acordos bilaterais e vê perspectivas das relações comerciais se ampliarem no campo da cooperação técnica e científica no setor agrícola, em razão dos potenciais de MS e MT. Evo Morales também destacou o bom momento da economia da Bolívia, que registra altas taxas de crescimento em razão da industrialização e desenvolvimento da cadeia energética.
Texto: Edmir Conceição/Subcom
Fotos: Ministerio de Hidrocarburos da Bolivia