Recria no cocho, mais @ no bolso

Categoria: Geral | Publicado: terça-feira, janeiro 19, 2016 as 10:07 | Voltar

Fazenda Bragança confina bezerros com ração altamente energética e dobra lucro em relação à engorda de boi magro

Cerca de 90% de todo o gado abatido no Brasil ainda é engordado exclusivamente a pasto. O capim também faz parte do histórico de vida da grande maioria dos animais enviados aos confinamentos brasileiros – geralmente, os bovinos são recriados a pasto até os 24 a 36 meses de idade e entram no cocho com peso inicial entre 330 e 380 quilos, onde permanecem por 90 a 120 dias até serem abatidos. Portanto, à primeira vista, é de se estranhar o modelo de engorda intensiva adotado pela Fazenda Bragança, situada em Lucas do Rio Verde, no norte do Mato Grosso, pertencente ao pecuarista Alfeo Boscoli Neto, proprietário da Bragança Agronegócios, empresa que também atua no ramo da agricultura, com a produção de soja, milho e feijão, além de fazer integração lavoura-pecuária. Lá, diferentemente do método convencional, os animais passam a maior parte da fase pós-desmama dentro do confinamento, ou seja, são recriados e terminados no cocho, bem longe de gramíneas forrageiras. “Não há uma idade certa para a entrada nos currais, mas, nos últimos anos, estamos dando preferência para a engorda de animais extremamente jovens, grande parte deles recém-saída do pé da vaca”, informa o veterinário Paulo Roberto Parron, gerente de Pecuária e braço direito do proprietário, Neto.

A Fazenda Bragança mantém uma estrutura de engorda com capacidade estática para 14.000 cabeças, que roda o ano todo, sem interrupções – funciona até mesmo nos períodos de chuva intensa (janeiro e fevereiro) –, resultando na terminação de 30.000 cabeças/ano. Segundo Beto, como o gerente é chamado pelos funcionários, atualmente pelo menos 70% dos animais ingressam ao confinamento ainda bastante jovens, com 8 a 12 meses de idade e peso inicial em torno de 200 a 250 kg. São abatidos depois de 150 a 200 dias, ao redor de 500 kg ou quase 18 @. A Bragança Agronegócios não possui produção própria de animais e, portanto, depende 100% do fornecimento de terceiros para preencher a necessidade anual de engorda. Isso explica o fato de a empresa continuar confinando parte dos animais (em torno de 30% do total abatido) pelo sistema convencional, de engorda a partir dos 24 meses.

Cayo Godoy, um dos responsáveis pela compra de gado para o confinamento da Fazenda Bragança, diz que procura seguir à risca a estratégia de aquisição de animais jovens. No entanto, há casos em que o preço é fator preponderante na decisão de compra. “Muitas vezes, negociações com valores atrativos nos levam a adquirir animais mais erados”, justifica. Por este mesmo motivo, a empresa não faz restrições por raça ou tipo animal. Embora haja a predominância de bovinos Nelore ou anelorados, há currais ocupados unicamente por animais mestiços, de origem leiteira (de raças como Gir e Holandesa), o chamado “GOL”. “Trabalhamos também com gado cruzado, sobretudo meio-sangue Angus, embora a compra desses animais seja limitada pelo alto custo de aquisição, mais de 10% superior ao valor da arroba de bezerros Nelore”, afirma Godoy.

Mesmo quando os bovinos adquiridos não vão direto para os piquetes da Fazenda Bragança _ geralmente por falta de espaço nos currais de engorda _, a ordem é deixá-los o menos tempo possível no pasto; não mais do que cinco meses. Enquanto aguardam a vez para entrar no cocho, ficam alojados em duas outras fazendas do grupo, localizadas na mesma região _ nos municípios de Nova Mutum e Alta Floresta. Essas propriedades servem como uma espécie de “pulmão estratégico” (estoque de gado) para o confinamento, garantindo, assim, a contínua e plena ocupação dos currais durante os 365 dias do ano.

Mas, afinal, é rentável abrir mão do capim para recriar os animais no cocho? No caso específico do confinamento da Fazenda Bragança, o uso dessa estratégia, que se assemelha ao sistema de engorda intensiva adotado pelos criadores norte-americanos, vem dando resultados zootécnicos e financeiros altamente satisfatórios, bem superiores ao modelo convencional, de engorda a partir de 24 meses. “Neste ano, a recria no cocho de animais Nelore ou anelorados nos proporcionou uma rentabilidade líquida (retorno sobre o capital investido) mensal de 6,5%, em média, o dobro do percentual obtido com lotes de animais que ainda são confinados tardiamente (boi magro)”, compara Beto. O lucro líquido médio alcançado com a engorda de animais jovens foi de R$ 534,49 por cabeça, 73% acima do resultado obtido com a terminação do boi magro, que rendeu aos confinadores ganho líquido de R$ 308,89/cabeça.

Em 2013, este sistema inovador de engorda rendeu à Fazenda Bragança o primeiro lugar no Índice Excon do Prêmio Nelson Pineda de Excelência em Confinamento, da Associação Nacional de Confinadores (Assocon). “É um prêmio de reconhecimento ao nosso trabalho”, afirma Beto, que acompanhou desde o princípio o processo de evolução do confinamento, inaugurado em 2006. “No primeiro ano de atividade, engordamos 202 bois, apenas”, relembra o gerente. Antes disso, as atividades da Bragança Agronegócios resumiam-se exclusivamente à agricultura, com a produção de soja e milho.

Segundo o veterinário Marcelo Manella, responsável pela parte nutricional do confinamento, a ideia do projeto é explorar ao máximo o potencial de desempenho dos animais jovens, respeitando a curva de crescimento dos bovinos ao longo do tempo. Essa técnica, diz ele, resulta na produção de animais jovens, bem acabados e com carcaças pesadas. “Reparou como eles têm carcaça grande e bastante musculatura, mas ainda possuem um rosto característico de animal jovem?”, pergunta Manella ao repórter, enquanto caminha pelo extenso corredor de acesso aos 56 piquetes de engorda, cada qual com 30 metros de frente e 40 metros de fundo e uma área de cocho média de 25 centímetros por cabeça. Manella acompanhou, em outubro último, a visita da reportagem à Fazenda Bragança, juntamente com Igor Miglioli Sokoloski, coordenador de território da Phibro, com sede em Campinas, SP, que também presta assessoria nutricional ao confinamento. Além da “aparência de bezerro” descrita por Manella, o carimbo de identificação da época de nascimento estampado na pele de cada animal comprovava a sua jovialidade: uma grande parte dos lotes mantidos atualmente nos cochos da fazenda nasceu nos meses de setembro e outubro (“carimbos 9 e 10”) do ano passado, portanto, em outubro, beiravam os 11 a 12 meses de idade.

Ganho em eficiência

Segundo Igor Sokoloski, os animais mais jovens possuem maior eficiência biológica, ou seja, necessitam de bem menos alimento (matéria seca) no cocho para ganhar o mesmo peso de um animal já adulto. Este é um dos motivos pelos quais a engorda intensiva de animais recém-desmamados pode se tornar mais vantajosa financeiramente em relação ao confinamento de bovinos adultos. "Na fase de recria, o consumo de alimento é baixo e o animal é mais eficiente", observa o nutricionista. No caso da Fazenda Bragança, neste ano, os animais jovens, com peso médio de entrada no cocho de 241 kg, necessitaram, em média, de 144 kg de matéria seca para produzir uma arroba de carcaça, ao passo que os animais mais erados (peso inicial de 345 kg, em média) gastaram 157 kg de matéria seca para fazer uma arroba, ou seja, uma diferença de 12 kg para cada arroba produzida.

Ração energética

No entanto, diz Sokoloski, para que esses bovinos jovens tenham um bom desempenho no cocho, é crucial que se ofereça uma dieta diferenciada para cada uma das fases de crescimento do animal. O confinamento da Fazenda Bragança trabalha com três perfis distintos de dietas, que são administradas conforme o peso dos animais (veja quadro acima). "O segredo é oferecer o máximo de energia possível nas três fases de engorda, para que os animais tenham excelente conversão alimentar e deposição de gordura na carcaça", destaca o nutricionista, acrescentando que a fazenda trabalha com uma dieta altamente carregada em milho.

Sendo assim, a base das três dietas é composta por silagem de milho inteiro, farelo de soja, milho grão moído e milho grão úmido, além de núcleo mineral, ureia e aditivos nutricionais. Com exceção do farelo de soja, todos os ingredientes são produzidos, misturados e armazenados na própria fazenda (que possui silos com capacidade para estocar 1,2 milhão de sacos de 60 quilos de grãos). São realizados quatro tratos ao longo do dia, na proporção de 30%-20%-20%-30% de ração. "O grão úmido, por ser um alimento de alto valor nutricional e de maior digestibilidade, é o nosso carro-chefe", afirma o gerente da fazenda, que a cada ano vem aumentando a proporção deste componente na dieta, em detrimento do grão seco e moído.

No entanto, o fato de a empresa produzir a maior parte dos alimentos fornecidos ao gado, não a deixa de fora das regras impostas pelo mercado de commodities agrícolas, ou seja, a companhia não estaria "punindo" o seu setor de produção agrícola em favor do segmento pecuário. "Trabalhamos com dois caixas distintos, totalmente independentes, ou seja, compramos os insumos agrícolas da própria empresa", diz ele, acrescendo que o confinamento ainda "paga pela saca do milho valores até 20% acima do preço de mercado, para forçar ainda mais a competitividade da pecuária".

A dieta inicial, de adaptação, abrange animais com até 300 kg e possui um teor de proteína mais alto (de 17%), para estimular o desenvolvimento do animal, e um nível de energia um pouco inferior em relação às dietas subsequentes, de 70% de NDT (nutrientes digestíveis totais). "Trata-se de uma dieta com um pouco mais volumoso (50% de matéria seca), porque, primeiramente, o animal precisa crescer e depositar carcaça; se engordar muito cedo, eles param de crescer", observa Sokoloski. No entanto, o milho tem participação efetiva até mesmo na silagem, composta por 50% de grão. "Este milho é de alta qualidade, pois é oriundo das primeiras colheitas, que recebem uma oferta maior de água", informa ele.

A dieta seguinte, a de crescimento, envolve animais com peso vivo de 300 a 400 kg, e é composta por 15% de proteína e 76,5% de NDT. Nessa fase, o nível de volumoso na dieta cai para 28%. Por fim, a fase de terminação reúne animais com peso acima de 400 kg, que recebem 14% de proteína e 79% de NTD, com um percentual de matéria seca de 22%. "Nessa última fase, os animais já entram grandes no cocho, com bastante carcaça, faltando somente depositar mais gordura", explica o nutricionista.

Segundo Sokoloski, apesar do uso de dietas prolongadas (mais de 200 dias de cocho) com altos teores de concentrado, os animais da Fazenda Bragança não apresentam problemas de acidose. Além do cuidado em aumentar os teores de fibra na dieta inicial, o controle deste distúrbio nutricional é feito por meio da combinação do uso de aditivos (virginiamicina e monensina), que juntos modulam a fermentação e controlam o pH ruminal. "Sem a associação desses aditivos, jamais conseguiríamos manter o animal confinado por tanto tempo com dietas tão desafiadoras", pondera o nutricionista.

Lotes de Nelore recriados no cocho apresentam rendimento de carcaça de 60%

Como o confinamento da Fazenda Bragança, por força de mercado, não recusa ofertas atrativas de compra de boi magro, é possível comparar, em ambientes físicos idênticos, os desempenhos zootécnicos e financeiros aferidos pelos dois sistemas de produção _ o convencional, que envolveu somente lotes de animais mais erados (no caso, com peso médio de entrada de 355 kg), e o modelo prioritário, de engorda de bovinos jovens (peso inicial médio de 241).

Neste ano, o confinamento de animais Nelore de recria resultou em lucro líquido médio de R$ 535 por cabeça, 73% acima do ganho obtido com a engorda de boi magro, que rendeu R$ 309/cabeça.

No primeiro caso, os animais mais jovens entraram nos currais de engorda com peso inicial de 8,03 @ (241 kg), permanecendo no cocho por 209 dias. Nesse período, consumiram 2% do peso vivo, com ganho de peso diário de 1,170 kg. Durante a fase em que estiveram fechados, o ganho total apurado foi de 244 kg, registrando, portanto, um peso médio de saída em torno de 485 kg. Até aqui, não se vê vantagem em relação ao sistema tradicional de engorda, cujos animais entraram no cocho com 11,53 @ (346 kg), em média, consumindo 2,6% do peso vivo, tendo ganho de peso diário de 1,360 kg, perfazendo um ganho total no período de 120 dias de 163 kg, o que resultou num peso de saída ao redor de 509 kg.

A conta favorável do confinamento começa a pender para o sistema de recria no cocho, porém, quando se observam os seguintes itens: o consumo de matéria seca durante o período de engorda; o rendimento de carcaça após o abate; e a quantidade de arrobas produzidas dentro do confinamento. Os lotes de animais jovens apresentam maior eficiência biológica, ou seja, necessitam de menos trato para ganhar uma arroba na carcaça, em relação aos animais mais erados. Além disso, apresentam melhor percentual de rendimento na carcaça, por se tratar de animais mais jovens, que tendem a depositar mais gordura e menos vísceras em relação aos animais recriados a pasto. Assim, no confinamento, os grupos de Nelore recriados no cocho registraram rendimento de carcaça médio de 58%, tendo lotes que chegaram a 60%. Por sua vez, o grupo de animais mais erados apresentou rendimento de 56%. Em ambos os casos, os animais passaram por um período de jejum rigoroso - ele é realizado 12 horas antes do embarque ao frigorífico. "Dessa maneira, com o esvaziamento do bucho do boi, é possível estimar com maior precisão qual será o rendimento no gancho, devido ao histórico de abate da fazenda", avalia Manella.

Portanto, computada a questão de rendimento e de maior eficiência biológica, os animais que entraram jovens no confinamento foram abatidos com 18,7@, praticamente o mesmo peso de carcaça dos animais mais erados (18,9@). No entanto, o consumo de matéria seca dos animais de recria alcançou 7,37 kg/dia, ante 9,67 kg registrados pelo boi magro _ uma diferença de 2,3 kg. Isso, na conta final do confinamento, representa uma economia em duas frentes: animais jovens consomem menos no cocho e, ao mesmo tempo, são mais eficientes em conversão de alimento em carcaça.

No entanto, os mais receosos com a técnica de confinamento na recria podem argumentar que, mesmo sendo mais eficientes, esses animais acabam gerando um custo maior de consumo de ração em relação ao boi magro, devido ao maior tempo no cocho. De fato, a um custo diário de R$ 3,35/cabeça (valor que inclui, além da ração, outros custos, como operacional e frete), o gasto com alimentação durante os 209 dias de cocho alcançou R$ 701/cabeça.

Por sua vez, o consumo de ração do boi magro em 120 dias resultou em despesas totais de R$ 541/cabeça (custo diário de R$ 4,51/animal). No entanto, mais uma vez, a conta torna-se favorável ao sistema de recria no cocho quando se faz a relação entre o custo total de engorda no confinamento, de R$ 701/animal, e o número total de arrobas obtidas no cocho, no caso 10,67 @/animal. Nessa conta, o custo da arroba produzida na fazenda com os lotes de animais jovens foi de R$ 65,66/cabeça, enquanto o custo da arroba do boi magro atingiu R$ 72,97/animal (custo de produção de R$ 541/animal e ganho de arrobas total de 7,41/cabeça).

Porém, a maior vantagem do sistema de engorda na recria adotado pela Fazenda Bragança está relacionada ao custo da reposição. Num cenário atual no qual os valores dos animais de reposição estão nas alturas, o "pulo do gato" é comprar menos arrobas magras com ágio sobre o preço do boi gordo e, assim, produzir mais arrobas dentro do confinamento, a um custo relativamente baixo. "Quanto maior o ágio da arroba magra, mais vantajoso fica confinar animais mais leves, pois assim podemos diluir este ágio dentro da porteira", explica Igor Sokoloski, da Phibro.

A conta é simples: usando preços médios da região de Lucas do Rio Verde em outubro último, a arroba do bezerro girava em torno de R$ 135, enquanto a arroba do boi magro valia cerca de R$ 130. No entanto, no sistema de recria no cocho, foram compradas 8,03 @, o que resultou em custo total de aquisição de R$ 1.084/bezerro, enquanto no caso do boi magro, compraram-se 11,52 @, a custo total de R$ 1.497/animal. Dentro do confinamento, foram produzidas 10,7 @ no sistema de recria no cocho, por R$ 65,66/@, resultando em custo total de produção de R$ 701/animal. No boi magro, fizeram-se 7,41 @, a R$ 72,97/cabeça, obtendo-se um custo total de produção de R$ 551/animal.

Somando-se os custos de aquisição e de produção, o custo total do animal recriado no cocho ficou em R$ 1.784/cabeça, enquanto o gasto com o boi magro atingiu R$ 2.038/cabeça. Pelo lado da venda, considerando o valor de venda da arroba da época, de R$ 124,00, os animais de recria, abatidos com um peso de carcaça de 18,7 @, renderam ao confinamento R$ 2.319/cabeça, enquanto o abate do boi magro, a 18,9 @, resultou em faturamento de R$ 2.347/cabeça. Descontados a receita bruta e o custo total de produção, o animal recriado no cocho proporcionou lucro líquido de R$ 534,7, ou 73% acima do resultado líquido obtido com o boi magro, de R$ 309.

Volta às origems

A decisão da Bragança Agronegócios em diversificar a produção e investir no confinamento e na integração lavoura-pecuária surgiu após a crise agrícola de 2005-2006, quando os preços internacionais dos grãos despencaram e os custos dos insumos subiram vertiginosamente. Naquela época, a situação adversa do mercado de commodities agrícolas culminou em um grande protesto dos produtores rurais em Brasília (DF), evento que ficou conhecido como "tratoraço" e teve como objetivo despertar a atenção das autoridades para melhorias das condições da agricultura brasileira. Diante da lentidão do governo federal, uma onda de agricultores do Centro-Oeste resolveu investir na atividade de engorda intensiva de bovinos, alguns deles com o pé no acelerador _ do dia para a noite, ergueram-se estruturas para mais de 20.000 bois. "Muitos desses aventureiros não estão mais na atividade", destaca o gerente da Fazenta Bragança, Paulo Roberto Parron.

Permanecer na atividade após o boom de surgimento de grandes confinamentos no Brasil Central não exigiu sacrifício nenhum do proprietário da Bragança Agronegócios, que, na verdade, sempre esteve enraizado na pecuária. "Neto (Alfeo Boscoli) nasceu em Araçatuba (SP), região tradicional de boi, e, na década de 1970, juntamente com os seus familiares, saiu de sua terra natal com o intuito de levar a sua experiência em pecuária ao norte do Mato Grosso", conta o gerente. A forte vocação agrícola de Lucas do Rio Verde, porém, fez com que a família Boscoli deixasse de produzir bois, dedicando-se, nas décadas seguintes, exclusivamente ao plantio de grãos.

Com a decisão de voltar à atividade de origem, em 2006, os negócios da empresa prosperaram. Foi preciso comprar outras duas fazendas na região para dar maior sustentação ao confinamento da Fazenda Bragança, onde, além da engorda intensiva, se produzem grãos (soja, milho e feijão) em 10.000 hectares. Em Nova Mutum, se faz integração lavoura-pecuária em 1.500 ha, produzindo soja consorciada com braquiária ruziziensis. Além disso, a mesma propriedade abriga uma área de 400 hectares de pasto perene (mombaça), onde ficam alojados os animais que esperam abertura de espaço no confinamento. A outra propriedade, a de Alta Floresta, com 3.500 ha de pastagens (também de braquiária ruziziensis), serve unicamente como estoque de animais para o confinamento.

Recentemente, a empresa concluiu um projeto de construção de 16 pivôs de irrigação na propriedade de Lucas do Rio Verde, que abrangem uma área total de 1.800 ha. Nas terras irrigadas, o objetivo é produzir quatro safras anuais, começando pela soja de ciclo curto (já plantada), seguida pelo plantio de milho, depois feijão, e novamente milho. No futuro próximo, a fazenda também utilizará alguns pivôs para plantar soja e milho consorciado com capim.

*Matéria originalmente publicada na Revista DBO de dezembro de 2014 (páginas 46 a 52).

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