Rebanho brasileiro de bovinos alcançou o recorde de 215,2 milhões de cabeças, em 2015, um aumento de 1,3% em comparação ao ano anterior. Foto: Divulgação
O rebanho brasileiro de bovinos alcançou o recorde de 215,2 milhões de cabeças, em 2015, um aumento de 1,3% em comparação ao ano anterior. De todas as regiões, apenas o Nordeste registrou queda no número de animais (-0,9%). Em contrapartida, no período ocorreu redução de 5,5% no número de vacas ordenhadas, em todas as grandes regiões, em especial no Nordeste (-9,5%), o que causou quebra na produção de leite (-0,4%).
Os números fazem parte da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também traz dados sobre os rebanhos de aves (incluindo ovos), caprinos (bodes, cabras e cabritos), ovinos (ovelhas, carneiros e borregos), codornas, bubalinos (búfalos), equinos (cavalos, éguas, potros e potrancas), além da produção aquícola e de casulos de bicho-da-seda no Brasil.
Segundo o pesquisador Maxwell Merçon Tezolin Barros Almeida, gerente de PPM do IBGE, em 2015 foram abatidas 3,3 milhões de cabeças de bovinos a menos que em 2014, retração de 9,6%, o que colaborou para o crescimento do rebanho em 2015.
“A redução da oferta de gado para abate impulsionou a alta do preço da arroba bovina pago ao produtor. Este aumento foi repassado ao consumidor final e os preços da arroba e dos cortes bovinos tiveram ajustes acima do índice geral de inflação no acumulado de 2015, desestimulando o consumo”, explica.
O Centro-Oeste se destacou com o maior número de cabeças entre as grandes regiões, com 33,8% da participação nacional. Entre 2015 e 2014, houve crescimento nas regiões Norte (2,9%), Centro-Oeste (2,1%) e Sudeste (1,4%). Na região Sul, o rebanho manteve-se estável e apenas na Região Nordeste houve queda (-0,9%).
Mato Grosso (13,6%), Minas Gerais (11,0%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (9,9%) e Pará (9,4%) detiveram os maiores rebanhos. Os municípios com maior número de cabeças foram São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS), Ribas do Rio Pardo (MS), Cáceres (MT) e Marabá (PA).
LEITE
No ano passado, o rebanho de vacas ordenhadas totalizou 21,8 milhões animais, redução de 5,5% frente a 2014. “O aumento dos custos de produção, associado ao baixo preço do leite pago ao produtor, desestimulou muitos pecuaristas a investirem na atividade, levando alguns deles a secarem suas vacas. Como resultado, houve queda na produção de leite”, justifica Almeida.
A região com maior número de vacas ordenhadas foi a Sudeste (34,3% do total). Houve queda em todas as grandes regiões, principalmente no Nordeste (-9,5%) e Norte (-6,7%). Minas Gerais (24,9%), Goiás (11,7%) e Paraná (7,5%) responderam pela maior quantidade de vacas ordenhadas do País, destacando-se os municípios de Ibiá, Prata e Monte Alegre de Minas, todos em Minas Gerais, nas primeiras posições no ranking nacional.
No período, a produção de leite ficou ao redor de 35 bilhões de litros, queda de 0,4% sobre o ciclo anterior. O Sul, com 35,2% da produção nacional em 2015, ocupa, desde 2014, a primeira posição no ranking.
Principal produtor de leite do Brasil, com 9,1 bilhões de litros, Minas Gerais registrou queda de 2,4% em relação a 2014. O Paraná superou o Rio Grande do Sul em 2015 e alcançou a segunda posição nacional. Castro (PR) continuou na liderança do ranking dos municípios, com 250,0 milhões de litros, seguido por Patos de Minas (MG), com 149,65 milhões de litros, e Carambeí (PR), com 140,00 milhões de litros.
Conforme Almeida, os preços altos dos cortes bovinos, associados à redução do poder aquisitivo da população, em razão da crise econômica, resultaram na diminuição da compra de carne bovina e contribuíram para o aumento da procura por produtos substitutos com menor preço, como frango, suínos e ovos.
“Todos estes produtos substitutos apresentaram aumentos de produção em 2015, assim como codornas e peixes”, observa.
AVES E OVOS
O plantel de aves do Brasil, que também cresceu, somou 1,3 bilhão de cabeças em 2015, uma evolução de 0,9% em relação ao ciclo anterior. “O resultado se deve ao aumento das exportações e do consumo interno de carne de frango”, diz o pesquisador do IBGE.
Segundo a PPM 2015, o Sul concentrou a maior quantidade de aves, com 45,4% do total, e respondeu por 59,6% do abate de frangos e por 74,8% das exportações deste produto in natura. O Sudeste ficou no segundo lugar (27,6%), seguido por Nordeste (11,9%), Centro-Oeste (11,4%) e Norte (3,7%).
Paraná (24,3%), São Paulo (15,0%), Santa Catarina (10,9%) e Rio Grande do Sul (10,2%) foram os Estados com o maior número de aves em 2015. Na comparação com 2014, dos quatro principais Estados, apenas o Paraná apresentou aumento de plantel de aves (7,3%). Os maiores produtores foram Uberlândia (MG), que saiu da quarta para a primeira posição em 2015, seguido por Bastos (SP), Rio Verde (GO) e Santa Maria de Jetibá (ES).
Já o plantel de galinhas, somou 222,1 milhões de cabeças, redução de 0,8% sobre o total do ano anterior. Destaque para o Sudeste, com o maior efetivo do País, respondendo por 37,6% em 2015, seguido pelo Sul (26,1%), Nordeste (19,5%), Centro-Oeste (12,0%) e Norte (4,8%).
No período, a produção de ovos totalizou 3,8 bilhões de dúzias, evolução de 1,0% em relação a 2014. Com o maior plantel de galinhas, a região Sudeste foi também a maior produtora de ovos em 2015, com 43,5% da produção nacional, à frente das regiões Sul (24,3%), Nordeste (16,8%), Centro-Oeste (11,8) e Norte (3,6%).
São Paulo produziu 26,3% do total de ovos em 2015, seguido por Paraná (9,6%) e Minas Gerais (9,3%). O maior produtor de ovos foi o município de Bastos (SP).
SUÍNOS
O rebanho de suínos totalizou 40,3 milhões de cabeças em 2015, aumento de 6,3% comparado ao ano anterior. “O aumento das exportações e do consumo interno de carne suína impulsionaram o crescimento do setor”, avalia Almeida.
De acordo com a PPM 2015, o Sul concentra 49,3% do rebanho, seguido do Sudeste (17,3%), Centro-Oeste (15,7%), Nordeste (14,4%) e Norte (3,4%). O Paraná, com o maior plantel de suínos do Brasil, respondeu por 17,7% do total nacional. Toledo (PR), Uberlândia (MG) e Rio Verde (GO) foram os municípios com maior número de animais em 2015.
AQUICULTURA
A aquicultura brasileira também cresceu, no ano passado, e atingiu um valor de produção de R$ 4,4 bilhões, sendo a maior parte (69,9%) referente à criação de peixes, seguida pela criação de camarões (20,6%). “Em 2015, o consumo de peixe aumentou em razão da maior demanda como produto substituto, com aumento de preço em margens inferiores aos dos cortes bovinos”, explica o pesquisador do IBGE.
De acordo com Almeida, todas as 27 unidades da federação e os 2.905 municípios brasileiros apresentaram produção da aquicultura. Em 2015, foram despescadas 483,2 mil toneladas de peixes, um incremento de 1,5% comparado à PPM anterior.
No período, as regiões Norte (6,2%), Sul (13,1%) e Sudeste (12,7%) registraram aumento de produção, enquanto o Nordeste (-4,7%) e Centro-Oeste (-19,6%), tiveram queda.
Primeiro do ranking em 2015, Rondônia realizou despesca de 84,5 mil toneladas de peixes, um aumento de 12,6% em relação ao ano anterior. O Paraná ficou na segunda posição, com 69,3 mil toneladas (alta de 20,8%), superando Mato Grosso, que produziu 47,4 mil toneladas (-22,2%). O município de Rio Preto da Eva, no Amazonas, foi o principal produtor de peixes em 2015, registrando a despesca de 14,10 mil toneladas.
A tilápia continuou sendo espécie mais criada no Brasil (219,3 mil toneladas), om participação de 45,4% do total da piscicultura em 2015. A espécie registrou aumento de 9,7% em sua produção em relação a 2014. Jaguaribara (CE) continua na liderança do ranking dos municípios produtores com a despesca de 13,8 mil toneladas.
CAMARÕES
A produção de camarão chegou à marca de 69,9 mil toneladas, em 2015, um aumento de 7,4% em relação à temporada anterior. A Região Nordeste respondeu por 99,3% da produção nacional, destaque para o Ceará (58,3%) e o Rio Grande do Norte (25,5%), com 83,8% do total. Aracati (CE), com 12,6 mil toneladas de camarão em 2015 (aumento de 42,4% em relação a 2014), foi o maior produtor entre os municípios.
CAPRINOS
Em 2015, o rebanho de caprinos somou 9,6 milhões de cabeças, um crescimento de 8,6% comparado ao ano anterior. O Nordeste, com o maior plantel, produziu quase 800 mil animais a mais (9,9%) e foi responsável por 92,7% do total.
Bahia (27,4%) e Pernambuco (25,3%) responderam por mais da metade do rebanho nacional, seguidos por Piauí (12,8%) e Ceará (11,6%). Juntos, os quatro Estados responderam por 83,3% do total. Os municípios com maior rebanho foram Casa Nova (BA), Floresta (PE) e Petrolina (PE).
OVINOS
Conforme a PPM 2015, o rebanho de ovinos totalizou 18,41 milhões de cabeças, aumento de 4,5% sobre o ano anterior. O Nordeste concentrou 60,5% do rebanho nacional, seguido pelo Sul (26,5%) Centro-Oeste (5,6%), Sudeste (3,8%) e Norte (3,6%).
Entre os Estados brasileiros, Bahia (17,2%), Pernambuco (13,1%) e Ceará (12,5%) foram os destaques na criação de ovinos no Nordeste, porém, o Rio Grande do Sul registrou o maior número de animais, com 21,5% do total nacional. Santana do Livramento (RS), Casa Nova (BA) e Alegrete (RS) foram os municípios com os maiores rebanhos de ovinos.
PRODUÇÃO DE LÃ
A produção de lã gerada pela tosquia de ovinos totalizou 10,9 mil toneladas, queda de 7,8% em relação a 2014. A Região Sul respondeu por 98,8% da produção de lã e o Rio Grande do Sul teve a maior participação nacional (91,9%), bem à frente do Paraná (4,5%) e de Santa Catarina (2,5%).
O total de ovinos tosquiados em 2015 foi de 3,7 milhões de animais (queda de 7,7% frente ao ciclo anterior), com o equivalente a 19,9% do total. O rebanho de ovinos tosquiados concentra-se na Região Sul (98,0%), principalmente no Rio Grande do Sul, que participa com 88,7% do efetivo total e 90,6% da região.
CODORNAS
O total de codornas aumentou em 2015, alcançando 22 milhões de cabeças, um aumento de 8,1% comparado a 2014. A criação está concentrada no Sudeste, com 75,7% do total nacional. São Paulo é o Estado com a maior quantidade dessas aves, com 54,7% do total do País e 72,3% do Sudeste.
Bastos (SP), Iacri (SP) e Santa Maria de Jetibá (ES) responderam, respectivamente, por 19,3%, 14,8% e 11,4% do total nacional em 2015.
A produção de ovos de codorna somou 447,5 milhões de dúzias (incremento de 13,9% frente a 2014), recorde dos últimos anos, segundo a PPM 2015. A produção de ovos também se concentra no Sudeste (79,8%). São Paulo é o maior produtor, com 56 %.
Os municípios de Bastos (SP), com 91,3 milhões de dúzias, Iacri (SP), com 69,8 milhões de dúzias, e Santa Maria de Jetibá (ES), com 60,3 milhões de dúzias, apresentaram as maiores produções de ovos de codorna em 2015.
BICHO-DA-SEDA
A produção de casulos do bicho-da-seda totalizou 3,0 mil toneladas em 2015, um aumento de 12,1% em relação ao ano anterior. A região Sul, a principal produtora, respondeu por 83,0% da produção nacional, ficando à frente do Sudeste (12,7%) e do Centro-Oeste (4,3%).
Nova Esperança (PR) ficou na primeira posição do ranking dos municípios, seguida por Bastos (SP) e Diamante do Sul (PR).
Por equipe SNA/SP