Líder da Sociedade Rural Brasileira falou sobre o assunto na COP-21 e destaca unificação entre negociações internacionais de comércio e clima
Como uma das principais potências mundiais no setor de alimentos, fibras e bioenergia do mundo, as estratégias e programas de sustentabilidade na agropecuária brasileira já trazem resultados. Com enorme potencial de consolidação, os projetos em andamento do e para o setor visam uma nova gestão política e econômica. Para o País atender à projeção de sua participação na demanda global de alimentos, que deve crescer 20% até 2030, serão necessários rearranjos irrefutáveis entre o comércio mundial e as discussões climáticas.
Informações confirmadas pelo presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB, São Paulo/SP), Gustavo Diniz Junqueira. Para ele, além de reunir as condições naturais que o tornam protagonista-chave do mercado global de produtos agropecuários, o Brasil avançou rápido na implantação das inovações tecnológicas nos últimos anos. A recente legislação ambiental, amparada no Código Florestal, aprovada em 2012, significa outro passo importante na conquista de uma agricultura sustentável. “O proprietário rural no Brasil passou a ser obrigado a preservar entre 20% e 80% de sua propriedade conforme especificação rígida da lei, regra que garante a proteção de Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais nas fazendas”, afirma Junqueira. Hoje, mais de 65% do território brasileiro são reservas ambientais, das quais 50% são áreas preservadas pelos proprietários rurais.
Implantar e atualizar leis e projetos são parte das ações internas brasileiras para apresentar-se ao mundo. “O País se prepara para ser bem-sucedido na produção de mais e melhores alimentos, a custos bastante competitivos, usando menos terra de lavoura e tamanho de rebanho e área de pastagem cada vez menores”, completa o presidente da SRB.
A discussão sobre a unificação entre as relações comerciais e o contexto climático foi pauta no início de dezembro durante a realização da Conferência Mundial do Clima (COF-21), em Paris, na França. Para Junqueira, que apresentou a proposta nos fóruns realizados, priorizar a produção de alimentos oriunda de regimes sustentáveis, ante os demais sistemas, é um dos critérios que devem ser amplamente difundidos para que a população consumidora final reconheça o valor agregado dos produtos sustentáveis. O engajamento dos principais países produtores e dos consumidores de alimentos é fundamental, nas palavras dele, para construir uma nova ordem mundial.
“Em termos relativos e absolutos, é possível observar que a contribuição do Brasil ao mundo para o equilíbrio ambiental global é significativa, já que dos 850 milhões de hectares de área total do território brasileiro, 62% são compostos por matas nativas e áreas preservadas”, indica. Apesar de ser o segundo maior produtor de alimentos no mundo, o Brasil ocupa apenas 8% da sua superfície com agricultura e 20% em produção extensiva de gado, considerando as áreas de proteção especial, como reservas para povos indígenas e o uso urbano e para infraestrutura.
Com relação às emissões de gases do efeito estufa, Junqueira aponta que se os investimentos necessários forem aplicados na agropecuária brasileira, os resultados obtidos poderão ser superiores às metas propostas pelo governo brasileiro na Conferência de Paris. “As áreas liberadas pela intensificação das pastagens de baixa eficiência terão um destino produtivo, seja pela conversão para agricultura ou, ainda, para o desenvolvimento de modelos florestais integrados, pela Integração Lavoura, Pecuária e Floresta e para usos comerciais”, diz. Dessa forma, explica ele, a atividade rural brasileira produzirá mais, contribuindo, de forma clara e crescente para o desenvolvimento de uma nova economia, mais competitiva e com benefícios climáticos e ambientais para o planeta.
Fonte: SRB, adaptado pela equipe feed&food.