Os norte-americanos já vivem o que os brasileiros deverão viver a partir do próximo ano: um enxugamento das receitas
Esse resultado vem de receitas de US$ 439 bilhões e despesas de US$ 383 bilhões.
Os dados são do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Em 2013, ainda reflexo dos preços elevados no setor, o lucro líquido nas fazendas havia atingido US$ 123 bilhões.
A queda de receitas chegou primeiro ao bolso dos norte-americanos porque eles não tiveram, como os brasileiros, o benefício da desvalorização do dólar.
A forte queda nos preços das commodities no mercado internacional afetou diretamente a renda dos produtores dos EUA.
Já no Brasil, mesmo com a queda dos preços em dólares, as receitas dos produtores continuam elevadas devido à valorização da moeda norte-americana.
A desvalorização da moeda brasileira ante o dólar faz com que o reembolso dos produtores seja maior em reais.
Uma das vantagens dos produtores dos EUA foi que os custos não tiveram tanta pressão como vão ter no Brasil. Alguns, como os combustíveis, até pesaram menos.
Se a alta do dólar foi benéfica nas vendas para o produtor brasileiro, a conta começará a vir com a aceleração dos custos dos insumos, cotados em dólar.
Diferentemente do Brasil, onde o predomínio é da soja, as maiores receitas dos norte-americanos vêm do milho.
Essas receitas com o cereal minguaram neste ano, recuando para US$ 46,4 bilhões. Em 2012, eram de US$ 72 bilhões.
O faturamento com soja, segundo item de peso na composição das receitas dos produtores dos EUA, caiu para US$ 35,2 bilhões, conforme estimativa dos Usda. Em 2012, estava em US$ 44,1 bilhões.
Os custos de produção no Brasil, que já sobem, deverão ficar mais salgados no ano que vem com o dólar nesse patamar.
Mas, se o dólar voltar a subir -tendo em vista a situação econômica e política conturbada no país-, o produtor brasileiro vai continuar obtendo mais receitas em reais.
O problema é que essa aposta em “quanto pior, melhor” neste momento é benéfica, mas vai trazer a conta quando o cenário econômico e político apontar para uma possível melhora e o dólar voltar a cair.
Os custos deste dólar elevado estarão incorporados nos insumos, e as vendas dos produtos não terão o benefício de trazer mais reais, como corre agora.
Crédito O montante de CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) vigente na carteira dos investidores no final de outubro alcançou R$ 5,8 bilhões na Cetip, responsável pelo depósito dos certificados.
Em alta Ao somar esse volume financeiro, os CRAs subiram 240% em comparação a outubro do ano passado. De janeiro a outubro deste ano, as novas aplicações em CRA somaram R$ 3,3 bilhões.
Recorde O país deverá ter um volume recorde nas exportações deste ano. Mas, pelo segundo ano consecutivo, o faturamento em dólar deverá cair, devido à redução de preços das commodities no mercado internacional.
Em queda De janeiro a setembro, o acumulado das exportações atingiu US$ 67 bilhões, 12% menos do que em igual período do ano passado.
Câmbio Os dados são do Cepea, cujos técnicos consideram que está se acentuando a tendência de queda das commodities. A boa notícia para os exportadores vem do câmbio, que, em setembro, estava 42% mais favorável para as exportações do que há um ano.
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