Quadrilhas abandonam explosão de caixas e ‘Novo Cangaço’ para ‘investir’ em defensivos agrícolas

Categoria: Geral | Publicado: segunda-feira, janeiro 4, 2016 as 13:04 | Voltar

A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) conseguiu recuperar cerca de R$ 10 milhões de produtos subtraídos de fazendas agrícolas de Mato Grosso, durante o último ano. Ao todo, 30 integrantes de quadrilhas que agem em roubos, furtos e receptação de defensivos agrícolas em Mato Grosso e também no estado de Goiás foram presos. Em inquéritos policiais, 45 pessoas foram indiciadas nos crimes. Por conta da faclidade e da pena leve, as quadrilhas tem 'abandonado' a modalidade 'Novo Cangaço' e a explosão de caixas eletrônicos.

O furto de defensivos agrícolas é uma atividade criminosa altamente lucrativa que desperta o interesse de quadrilhas especializadas. Por conta da pena leve, a partir de dois anos, as quadrilhas acabaram ‘deixando de lado’ a modalidade ‘Novo Cangaço’ e ataques a caixas eletrônicos com uso de explosivos, que têm penas mais elevadas, para subtração de agrotóxicos.

Por mês, a GCCO recebe e 3 a 4 ocorrências de furto e roubo, no período da safra de alguns grãos. “Para cada furto as quadrilhas conseguem angariar de R$ 2 a 3 milhões, enquanto que no Novo Cangaço não conseguem isso e o risco é maior”, disse o delegado do GCCO, Diogo Santana Souza. “Estamos tentando sensibilizar os juízes para não tratarem o furto de defensivos agrícolas como se fosse o furto de uma geladeira, de uma bicicleta, a própria economia do Estado é colocada em risco quando se começa a furtar grandes produtores”, ponderou.

Madrugada, finais de semana e feriados são os momentos em que os criminosos preferem agir. “O mais comum é o crime de furto, cuja pena é realmente muito baixa se comparada ao Novo Cangaço, em que o crime pode ser de roubo triplamente majorado e até tentativa de latrocínio, devido aos disparos efetuados pelas quadrilhas”, destaca o delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta.

A facilidade de acesso a grandes quantidades do produto e também a falta de câmeras de segurança ou vigilância dificultam as investigações da polícia. “O fazendeiro quando compra o defensivo deixa um num balcão de zinco, sem nenhuma segurança, apenas com um cadeado e ninguém tomando conta do produto. Deixa 2 a 3 milhões armazenados dessa forma. Isso dificulta nosso trabalho. Não tem um sistema de filmagem, muitas vezes não tem alarme”, destaca Diogo Santana.

Para os crimes, as quadrilhas empregam entre 8 a 10 pessoas, que invadem as propriedades já com conhecimento do local exato onde o produto está guardado e usando, geralmente, caminhonetes colocam o agrotóxico na carroceria do veículo e depois transferem para um caminhão, que fica mantido escondido nas proximidades.

Em um dos casos, 19 funcionários de uma empresa de transporte de defensivos foram presos em operação da GCCO. O grupo é acusado de desviar R$ 5 milhões, simulando roubos de cargas da empresa onde trabalhavam. “É a maior empresa de transporte de defensivos, que os funcionários criaram uma verdadeira organização criminosa lá dentro”, destacou o delegado Diogo.

Transporte

Os produtos são comercializados de acordo com a produção agrícola. No plantio da soja, por exemplo, sua comercialização ocorre nos meses de setembro a outubro. É transportado entre outubro a novembro e aplicado na lavoura nos meses de novembro até 20 de dezembro. O ideal é levar o produto em pequenas quantidades para as fazendas.

Os defensivos são roubados nos períodos que antecedem as safras e durante o cultivo da soja, algodão, trigo e arroz. Devido ao alto valor agregado, principalmente herbicidas e fungicidas, são comercializados em todo o Brasil.

Olhar Direto MT

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