O contato dos parasitas com frutas e hortaliças pode causar dados à saúde
Nesta época do ano em que o calor e chuva são frequentes, é comum começarem a aparecer os caramujos africanos, que são ativos no inverno, resistentes ao frio e à seca e saem para se alimentar e reproduzir à noite, durante ou logo após as chuvas.
Causando impactos tanto à biodiversidade quanto à saúde pública, esta espécie de molusco é exótica invasora, nativa da África e chegou ao Brasil na década de 80, como alternativa para o comércio de escargot.
De acordo com a bióloga Roberta D’ Angelo Azevedo, essa espécie não teve aceitação no mercado alimentício e foi descartada de forma inadequada no ambiente. “A ausência de predadores naturais e a alta taxa reprodutiva contribuíram para a ampla distribuição no país,” afirma.
A bióloga comenta que eles são uma espécie voraz e se alimentam de praticamente tudo, como tinta de parede, sacolas plásticas, hortas, plantas ornamentais, entre outros. E, no ambiente urbano, as populações desses moluscos são densas, causando a destruição de hortas e jardins.
Doenças
Os caramujos africanos sobrevivem em terrenos baldios, plantações abandonadas e, entulhos de construções. Mas é preciso ter cuidado, pois o contato dos caramujos com frutas e hortaliças pode causar danos à saúde.
Ainda de acordo com Roberta, a contaminação pode ocorrer por meio do consumo direto do caramujo, do consumo de vegetais, frutas e hortaliças contaminados ou pela manipulação inadequada dos caramujos vivos, pois os parasitas podem ser encontrados no muco produzido pelo animal.
“É necessário que as verduras, frutas e legumes sejam higienizados, lavando-os em água corrente e deixando de molho por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio a 1% (uma colher de sopa de água sanitária diluída em um litro de água filtrada),” explica.
Ela afirma ainda que esses animais são responsáveis pela transmissão de duas doenças, como angiostrongilíase meningoencefálica humana e a angiostrongilíase abdominal. Com sintomas de dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca, distúrbios do sistema nervoso, dor abdominal, febre prolongada, anorexia e vômito.
Controle
Como não possuem predadores no Brasil, o único método de controle com resultados satisfatórios a longo prazo é a catação desses animais do ambiente e posterior eliminação.
A bióloga destaca que para fazer isso é preciso coletar os caramujos manualmente, utilizando luvas de borracha ou sacolas plásticas nas mãos e colocá-los em um recipiente como balde ou saco plástico. “Os melhores horários para o procedimento são pela manhã bem cedo ou no final da tarde, pois, como os demais moluscos terrestres, o caramujo africano evita a exposição ao sol forte, que o desidrata,” ressalta.
Com o cabo de uma vassoura, um martelo ou um instrumento similar, ela aconselha a quebrar as conchas dos moluscos coletados para evitar que eles se proliferem. É importante coletar também os ovos do caramujo, que são encontrados semi-enterrados no solo. “Em seguida, devem ser colocados em sacos hermeticamente fechados, e entregues na Unidade de Vigilância de Zoonoses de Ribeirão Preto,” conclui.
Roberta completa com algumas observações sobre os caramujos africanos, como não utilizar venenos, pois podem contaminar e afetar o meio ambiente; Não colocar fogo em terrenos; Manter quintais e terrenos limpos, eliminando restos de madeira, material de construção, lixo, entre outros; Não jogar sal no caramujo, pois o sal provoca o aumento da secreção de muco, além de aumentar a salinização do solo, que poderá destruir gramados e outras plantas.
O caramujo africano não é um animal perigoso. Ele não morde, não pica e não tem veneno. Como para qualquer outro animal que vive livre em ambiente aberto, existe o risco de o caramujo africano transmitir doenças para o homem, razão pela qual se recomenda o uso de luvas ao manuseá-lo. “Em caso de contato com o caramujo ou do contato de seu muco direto com a pele, basta lavar bem a área com água e sabão”, finaliza.
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