A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) pediram a retomada de linha de crédito emergencial para retenção de matrizes suínas, em ofício enviado ao Ministério da Fazenda, informou a CNA na sexta-feira (11).
“A concessão do crédito evitará o abate das matrizes suínas e, consequentemente, a perda de produção”, disse o coordenador de Produção Animal da CNA, Juliano Hoffmann, em nota. Ele afirmou que a linha de crédito também evitará o endividamento dos produtores com os bancos.
As entidades pedem limite de R$ 2 milhões por beneficiário e prazo de reembolso de até três anos, incluídos até 24 meses de carência. CNA e ABCS ainda aguardam parecer do Ministério da Fazenda sobre o pedido.
O setor de proteína animal enfrenta forte aumento dos custos com nutrição neste ano, diante da alta nos preços de milho e soja. O Rabobank informou em relatório na sexta-feira (11) que o preço do milho em fevereiro chegou a ficar 67% acima do registrado no mesmo mês do ano passado.
“O atual patamar de preços do milho em relação aos preços de frango e da carne suína resulta em margens apertadas para a indústria de proteína animal no curto prazo”, disseram analistas do Rabobank no relatório. Eles esperam, no entanto, que o setor de carnes no Brasil tenha um 2016 positivo, diante da alta das exportações e possibilidade de que os preços do cereal arrefeçam nos próximos meses.
Já o diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá, disse à CarneTec, no fim de fevereiro, não esperar que apenas o crescimento das exportações seja suficiente para reduzir a disponibilidade interna do produto de forma expressiva neste ano.
A estimativa é de que a produção de carne suína em 2016 cresça entre 70 mil a 100 mil toneladas, segundo Sá. “O Brasil teria que exportar 100 mil toneladas a mais só pra igualar com o adicional que a gente vai produzir, e o que sobrará para o mercado interno será igual”, disse ele. “As exportações devem ajudar, mas não serão o suficiente para deixar o mercado de carne suína mais aquecido.”
Sá acredita que as exportações de carne suína brasileira ultrapassem 600 mil toneladas em 2016. Em 2015, as vendas externas totais de carne suína brasileira somaram 555 mil toneladas, alta de 9,7% ante 2014, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Nos dois primeiros meses de 2016, as exportações de carne suína do Brasil somaram 99,3 mil toneladas, aumento de 77,5% ante o mesmo período de 2015. Quase 65% desse volume foi exportado para Rússia e Hong Kong.
A ABPA estimou no fim de 2015 que as exportações de carne suína brasileira em 2016aumentem no mesmo ritmo do crescimento da produção, entre 2% e 3%.
CARNETEC, Por Anna Flávia Rochas