(Bloomberg) — Investidores que desafiaram excedentes e preços baixos fazendo apostas acertadas em commodities agrícolas em 2016 têm de agradecer a pequenos insetos e porcos chineses famintos por seus ganhos.
O suco de laranja, cujos preços dispararam 34%, liderou a alta nos mercados agrícolas e de pecuária. Os contratos futuros subiram devido a uma praga cítrica que reduziu a produção da fruta.
O complexo de soja, que inclui o óleo vegetal e ração feita com os grãos, também mostrou valorização diante do aumento das exportações dos Estados Unidos para a China. Por outro lado, houve perdas para os que apostaram no cacau ou trigo, onde a oferta ainda é abundante.
Foi um ano sem brilho para esta classe de ativos como um todo –o subíndice Bloomberg Agriculture, com nove componentes, subiu menos de 2% em 2016. Ainda assim, foi o primeiro avanço anual desde 2012. O Goldman Sachs está entre os que projetam mais ganhos em 2017.
Em novembro, o banco recomendou posição acima da média do mercado para as commodities, pela primeira vez em quatro anos, e estimou um retorno em 12 meses de mais de 4% no segmento agrícola, justificado pela crescente demanda que está reduzindo os estoques.
“Estamos em níveis muito baixos para muitas dessas commodities e, com base nos valores, vejo muito pouca desvantagem”, disse Ben Ross, cogestor de portfólio de estratégia de commodities da Cohen & Steers Capital Management, de Nova York, que administra cerca de US$ 56,5 bilhões. “Podemos esperar ver alguns déficits no ano, mas os mercados ainda terão altos estoques para administrar.”
Suco de laranja
Os contratos do suco de laranja negociados na ICE Futures US, em Nova York, subiram para o nível recorde de US$ 2,275 por libra-peso em novembro. O psílido asiático dos cítricos, uma praga que se alastra pelas lavouras, levou à redução da produção de laranja na Flórida pela quinta safra seguida, o maior período de queda em um século. A produção no Brasil, maior produtor e exportador, caiu para o menor nível em 22 anos.
Açúcar e soja
O ano do açúcar foi uma montanha-russa, inicialmente com ganhos de 58% no pico de setembro, antes de entrar em um período de baixas em dezembro. A seca na Ásia se traduziu em escassez de oferta diante da demanda, mas o clima melhorou, assim como as perspectivas para a produção no Brasil.
Embora os preços ainda mostrem valorização de 28 por cento, os hedge funds diminuíram drasticamente suas apostas em mais ganhos, já que muitos analistas projetam superávits de oferta.
Em relação ao complexo de soja, os cortes de oferta na América do Sul mudaram os padrões de compra globais. Enchentes na Argentina e a seca no Brasil no começo de 2016 elevaram os preços e aumentaram a demanda pelos estoques dos Estados Unidos. A China é a maior consumidora e utiliza a oleaginosa e seus produtos para alimentar suínos, rebanhos leiteiros e aves.
Na safra que começou em 1º de setembro, os importadores já haviam encomendado um volume 28% maior de soja dos EUA do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do governo.
Marvin G. Perez e Jeff Wilson