As alterações na vegetação durante o inverno, segundo relatório do SIS/Sebrae, influenciam diretamente na produção do gado, que pode sofrer muitas quedas de produtividade e qualidade do leite, se o produtor não utilizar meios alternativos e suplementares para alimentar os animais. Foto: Divulgação
Tempo bem frio é sempre motivo de preocupação para o setor agropecuário, principalmente quando as mudanças climáticas fogem daquilo que estava previsto. Em muitas regiões brasileiras – em especial, do Sul; e algumas áreas do Sudeste, como São Paulo; e Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul –, que costumam sentir mais as oscilações das estações do ano, os animais geralmente são os que mais sofrem no inverno.
Para auxiliar na produção da pecuária de leite durante este período, que vai do dia 20 de junho a 22 de setembro, o Sistema de Inteligência Setorial do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SIS/Sebrae), que funciona em Santa Catarina, propõe algumas iniciativas para que o produtor da cadeia de lácteos mantenha um padrão uniforme de qualidade e até eleve sua produtividade nesta estação do ano.
De acordo com o documento “Pastagens de inverno: impactos na produção de leite” , as pastagens perenes (grama) do ano todo costumam diminuir no inverno. Por isto, muitos pecuaristas perdem este tipo de vegetação típica da alimentação animal.
“As alterações na vegetação influenciam diretamente na produção do gado, que pode sofrer muitas quedas de produtividade e qualidade do leite, se o produtor não utilizar meios alternativos e suplementares para alimentar os animais, durante o período mais frio do ano”, aponta o estudo.
PASTAGEM
Especialista consultado para a produção dos relatórios e/ou boletins do SIS/Sebrae, o médico veterinário Evandro Vansin Forti, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), explica que a maior parte da produção leiteira no País é baseada na utilização de pastagem, principalmente nas pequenas propriedades produtoras de leite, por ser um alimento de baixo custo.
“O uso exclusivo de pastagem não é suficiente para manter a produção leiteira ao longo do período de inverno. Portanto, os produtores, que não estiverem preparados, vão sofrer as consequências nas produtividades. Daí a necessidade de suplementar com forragens conservadas (silagem ou feno), forragens verdes picadas (cana-de-açúcar), culturas leguminosas (como trevos), que são boas opções a serem utilizadas”, aponta Forti.
Ele destaca que em Santa Catarina, por exemplo, todos os municípios são prejudicados com as mudanças climáticas, principalmente em 2016, porque o frio chegou antes e com fortes geadas, prejudicando as pastagens dos animais. “O alerta é para que os produtores estejam preparados com armazenamentos de alimentos com silagem e pré-secados. Eles também podem utilizar compostos concentrados, para não sofrerem queda de produtividade”, orienta o veterinário.
Segundo Forti, o ideal é que o produtor tenha se precavido antes do outono. Mas para quem não tomou certas medidas preventivas, ele sugere: “ a alimentação animal deve conter alimentos conservados, como silagem e fenos; concentrados; e sal mineral”. “Isto para que possa aproveitar a pastagem que tiver disponível no momento.”
O veterinário da Cidasc também avisa: “A pastagem de inverno não supre a necessidade nutricional total do gado. Diante disto, o produtor precisa procurar uma orientação técnica para que possibilite avaliar a qualidade da pastagem e formular uma dieta complementar com concentrados”.
PLANEJAMENTO FORRAGEIRO
Além da paralisação no crescimento da pastagem, as alterações provocadas pelo inverno também levam à queima nos campos naturais. Conforme o relatório do SIS/Sebrae, “os animais são diretamente influenciados por uma alimentação pobre em proteínas e energia”. E os resultados são animais mais magros, com baixa reprodução e alto índice de abortos, entre outros problemas.
Por isto, antes do próximo outono, a instituição sugere o planejamento forrageiro. Trata-se de uma “técnica que evita as perdas invernais, incrementa a produtividade e aumenta a rentabilidade pecuária”. “Diferentes tecnologias podem ser utilizadas para a implantação das mais variadas pastagens de inverno. A escolha dependerá da região, do solo, do clima, da vegetação natural, da topografia, do relevo e do sistema de produção utilizado”, aponta o estudo.
O SIS/Sebrae sugere alguns tipos de pastagens, como aveia, azevém e centeio. O prmeiro exige um manejo mais cuidados, porque tende a acumular colmos de forma mais rápida e, por isto, costuma ser menos usado ou semeada em conjunto com plantios de azevém. Este, por sua vez, é uma das pastagens mais usadas, principalmente no Sul do
Brasil, por ser de mais fácil manejo e implantação, já que se adapta a qualquer tipo de solo.
O azevém, segundo o Sistema de Inteligência Setorial, tem alto valor nutritivo e o sabor agrada mais ao paladar dos animais. A forma mais comum de cultivar este tipo de pastagem de inverno com azevém é utilizando sementes. Por fim, o centeio permite vários pastoreios ou cortes, tem vasta época de semeadura, acentuada capacidade de perfilhamento, alta produção de massa por quantidade plantada e qualidade nutricional balanceada.
AÇÕES RECOMENDADAS
Como forma de orientação ao produtor da cadeia de lácteos, o SIS/Sebrae sugere:
- Entenda qual a melhor cultura para a sua produção. Pesquise os preços das sementes e informe-se sobre o tempo de semeadura e de crescimento dos grãos.
- Planeje o inverno. Para não faltar alimento para os animais durante a estação, é preciso iniciar a semeadura antes de o outono começar.
- Pesquise sobre suplementação. Procure um veterinário para saber quais são as opções mais adequadas ao seu rebanho e produção.
Por equipe SNA/RJ