Com a alta nos preços de bezerros, garrotes e bois magros, setor reduziu abates e garantiu estabilidade
Minas Gerais tem o segundo maior rebanho do País, com 11,1% da produção nacional, e poderá elevar exportações/Ascom Paraná/Divulgação
Minas Gerais é uma grande potência no setor da pecuária, ocupando a segunda posição em rebanho de bovinos no País. São 23,7 milhões de cabeças, o que representa 11,1% do volume total. O cenário para o mercado de reposição é de estabilidade, considerando a baixa oferta de animais e o consumo desaquecido.
Em 2016, a oferta foi restrita, o que rendeu bons preços para o boi magro e a arroba do boi gordo, resultando em ciclo de queda dos abates e na retenção de matrizes. A expectativa é fechar o ano com taxa de abate em torno de 11,5% do rebanho mineiro, o que significará uma redução de 12,2% em relação a 2015.
Devido à recessão econômica, o consumo de carne recuou no País. O equilíbrio entre a oferta e a demanda, que poderia ditar a queda no preço da arroba, não aconteceu, o que resultou na escala de abate ajustada para os frigoríficos.
A melhor hipótese para a sustentação do preço da arroba seria a escassez de boi terminado para o abate devido à alta do mercado de reposição (bezerros, garrotes e bois magros), uma vez que os pecuaristas seguraram o gado até que encontrassem as categorias de reposição a preços convenientes. O preço médio da arroba pago ao produtor mineiro em novembro foi de R$ 148, valor 2,7% acima do mesmo período de 2015.
As exportações perderam fôlego devido às dificuldades econômicas enfrentadas por alguns dos principais importadores. Nos 10 primeiros meses de 2016, as vendas externas de carne bovina mineira caíram 11,1% em receita e 5,6% em volume, comparando com o mesmo período de 2015.
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), além das exportações de carne, de janeiro a outubro o Brasil embarcou 226,4 mil animais, 20,8% a mais que em 2015. Os principais compradores foram Turquia, Líbano e Egito.
O confinamento, que poderia ser a estratégia adotada pelo pecuarista no período de entressafra para intensificar o ciclo de engorda dos bovinos, não pode ser usado em diversas praças, e deve ter redução de 11% a 15% este ano, para 4,6 milhões de cabeças em todo o Brasil. A queda é explicada pelo aumento do preço doméstico do milho e pelos altos custos da reposição.
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Perspectivas mais positivas para 2017
O cenário atual, com a proximidade do fim da segunda etapa da campanha de vacinação contra febre aftosa, tem reforçado a baixa liquidez no mercado de bezerros. Nos segmentos industrial e atacadista os volumes negociados também têm sido limitados em virtude da baixa oferta de animais e do consumo desaquecido, o que resulta em margem estreita para a cadeia produtiva. O cenário para o mercado de reposição é de estabilidade.
A chegada da chuva e a consequente melhora das pastagens provoca maior movimentação no mercado.
Para 2016, a previsão para o Valor Bruto da Produção (VBP) no setor de bovinos em Minas Gerais é de que seja de R$ 6,7 bilhões, queda de 13,8%. De janeiro a outubro foram abatidas 2,02 milhões de cabeças, o correspondente a 8,6% do rebanho.
No entanto, a criação do Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa) em Minas, esperada desde 2015, é uma boa expectativa para 2017. A iniciativa possibilitará a abertura de novos mercados para a carne, fomentando as exportações e dando novo fôlego ao agronegócio mineiro.