Bernard Vallat, diretor geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) esteve presente no Parlamento Europeu, em Bruxelas, em 1 de dezembro de 2015, em uma troca de pontos de vista com os membros do Parlamento da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Sua apresentação e discussão ofereceram uma oportunidade para lidar com assuntos de grande importância para a definição de políticas de produção animal no futuro.
Vallat, que estará deixando sua posição como diretor geral da OIE no final de dezembro desse ano, após 15 anos no posto, começou sua reunião com os membros do Parlamento dando uma apresentação detalhada sobre as missões da Organização e suas atividades prioritárias. Clique aqui para ver a apresentação completa dele (em inglês).
O contexto internacional de crescimento da população mundial e um contínuo aumento na demanda por proteína animal, como por exemplo, leite, ovos e carnes, foram destacados. Vallat também destacou a evolução dos riscos globais de saúde animal. “O mundo da produção animal hoje está seriamente afetado pelos riscos de saúde associados com a globalização do comércio de animais e seus produtos, bem como pelos efeitos da mudança climática, que favorecem vetores de doenças”, disse Vallat, pedindo aos parlamentares que apoiem programas de saúde animal não somente a nível nacional e regional, mas também, em todo o mundo. “Hoje, estimamos que quase um bilhão da população rural pobre depende da posse de animais para sobreviver. Proteger o capital animal dos pobres precisa, dessa forma, tornar-se parte das politicas de redução da pobreza em países em desenvolvimento, porque possuir animais normalmente é um estágio importante para escapar da pobreza”.
Sua fala também focou em um importante desenvolvimento: o perigo das recentes controvérsias sobre o efeito que as relações entre humanos e animais têm no planeta. “Se há um efeito da produção animal na mudança climática ou um potencial carcinogênico dos produtos de carne, precisamos abordar esses assuntos extremamente complexos com um rigor científico mais rígido e não permitir que as emoções ou os sistemas de crença afetem nossa interpretação dos fatos”, lembrou Vallat. “Nem devem os vários dados contraditórios que estão sendo publicados nos levar a subestimar os aspectos positivos da produção animal para a humanidade do mundo todo, em termos de nutrição e redução da pobreza. Além disso, um terço do planeta pode somente ser explorado por ruminantes, que transformam recursos vegetais naturais em produtos com alto valor nutricional. Abandonar esses territórios levaria a situações extremamente preocupantes, tanto em termos ambientais, como em termos de segurança territorial”.
Após sua apresentação, houve uma sessão produtiva de perguntas e respostas com os membros do Parlamento, cuja influência sobre as politicas agrícolas da Comunidade Europeia é decisiva.
A questão do bem-estar animal foi assunto de muito debate. Os participantes da discussão citaram a posição muito avançada da Europa nos requerimentos de bem-estar animal, bem como a potencial distorção na competição causada pelos custos de produção nos demais países. Sobre esse assunto, Vallat fez um anúncio sobre uma Conferência Global da OIE a ser realizada no México em dezembro de 2016, durante a qual uma estratégia global sobre bem-estar animal será discutida para adoção em 180 Países Membros da Organização, se possível. “Hoje, estamos testemunhando um forte aumento na preocupação pública com o bem-estar animal, não somente nos países ocidentais, mas também, nos países em desenvolvimento que, no espaço de 10 anos, aumentaram consideravelmente seus padrões sobre esse assunto, em grande parte graças às atividades da OIE”.
A importância de manter uma veterinária geográfica unida também foi citada; uma baseada em profissionais altamente treinados e éticos, garantidos pelos Órgãos Estatutários Veterinários que supervisionam a profissão veterinária. Somente esse tipo de rede permite o estabelecimento de medidas eficazes de vigilância para detecção precoce e rápida resposta a surtos de doenças animais que podem representar riscos para populações de animais domésticos e silvestres, bem como para a saúde humana. Essa rede veterinária também deve ter a tarefa de supervisionar de perto e avaliar o uso de antibióticos em animais. Finalmente, em reposta a uma questão específica sobre a crise da febre suína na África, Vallat destacou a importância da colaboração próxima com as pessoas no local – no caso, os caçadores – para detectar surtos que afetam animais silvestres o mais rápido possível e para regular as populações de javalis de forma equilibrada.
Fonte: http://www.oie.int, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.