Em uma cooperativa de produtores, em Terenos, o quilo da ração neste mesmo período do ano passado saía por R$ 0,71. Hoje chega a R$ 0,97. “Subiu muito devido a alta do milho que tivemos na virada do ano. O milho está puxando muito o preço da ração”, explica Reinaldo Issao, diretor da CAMVA.
Em Mato Grosso do Sul, o preço médio da saca de 60 quilos do milho passou R$ 40. O aumento foi de 89% se comparado com abril do ano passado. Outro problema é a baixa oferta de produto no mercado. Os armazéns do estado têm menos de 5% de milho da última safra disponível para venda.
Essa situação fez o pecuarista Jorge Tupirajá mudar todo o planejamento na fazenda, depois que o custo com a alimentação dos animais no confinamento aumentou 60% em um ano. Era para ser o período de início de confinamento na propriedade. Nesta mesma época no ano passado mais de 120 animais estavam sendo engordados no cocho.
Entretanto, este ano a situação é bem diferente. O lote com pouco mais de 20 animais é o último a ser confinado. O restante da estrutura está completamente vazio. O pouco milho que restou deve acabar nos próximos dias e o produtor não tem expectativa de uma nova compra.
A partir de agora os animais serão engordados apenas à pasto, o que deve prejudicar a velocidade de produção na fazenda. “O boi de confinamento é um boi rápido, com 60/90 dias ele já está pronto. E quando você faz essa engorda a pasto, você termina demorando no mínimo o dobro, o triplo, dependendo das condições do tempo e do pasto. Então aquela oferta de boi que sempre teve no inverno, poderá haver uma falta”, explica o pecuarista.
Por causa desse aumento nos custos, 160 aviários interromperam a produção nos últimos meses só na região de Dourados, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura Familiar.
Flávia Galdiole, do Globo Rural