Tecnologia vai eliminar embriões de pintinhos machos antes do nascimento. Normalmente, eles são mortos em larga escala no processo de criação das galinhas usadas para botar ovos
No dia 9 de junho, a Associação de Produtores de Ovos dos EUA anunciou que, até 2020, vai eliminar completamente o abate de pintinhos machos do processo de produção de ovos.
A criação de galinhas poedeiras, isto é, que produzem ovos para o mercado de consumo, passa por dois processos. Um deles é a produção de ovos em si, que mantém as galinhas que botam ovos em gaiolas, separa esses ovos, os armazena e os distribui.
O outro processo vem antes e é o que cria galinhas para serem poedeiras, ou seja, cruza galinhas e galos para gerar ovos fecundados que vão resultar em pintinhos. Metade dos animais que nascem desses ovos são pintos machos. Como eles não produzem ovos, precisam ser “descartados”: são mortos pouco depois de nascerem. Centenas de milhões de pintinhos são mortos no mundo todos os anos como resultado dessa prática.
Agora, a associação de produtores de ovos do país prometeu empreender esforços e tecnologia para garantir a eliminação de embriões machos antes que eles sequer nasçam, acabando com a necessidade de criar procedimentos para matar grandes quantidades de pintinhos.
Grupos de defesa dos direitos dos animais foram responsáveis porpressionar a organização pela mudança e consideram o anúncio umavitória.
Por que os pintos são abatidos na criação industrial de ovos#
O abate de pintinhos na produção de ovos é uma prática comum no mundo todo, inclusive no Brasil.
Nesse tipo de indústria, galinhas são criadas e mantidas para colocar ovos durante toda a vida. Os frangos machos, no entanto, não têm utilidade para a produção. Também não podem ser criados para o consumo de carne, já que os frangos para esse propósito são tipos diferentes de animal, engendrados geneticamente de maneira que cresçam rápido e com bastante carne.
Uma solução intermediária seria a produção de animais com duplo propósito: galinhas criadas para produção de ovos, frangos engordados para o corte. Esse processo já acontece em países como Itália e Suíça. Mas quando o foco é maximizar o desempenho e a performance, o produtor fica no meio do caminho, porque há tipos específicos de galinha para botar mais ovos e tipos específicos de frangos que rendem mais carne. Por isso, a indústria acaba optando pela separação da produção por sexo.
Alguns ativistas defendem até que comer ovos seja mais prejudicial ao bem-estar geral dos animais do que comer carne
Nesses casos, os produtores de galinhas poedeiras têm aí um problema que enxergam como puramente logístico: eliminar da maneira mais eficiente possível os animais considerados inúteis na produção de ovos, ou seja, o resíduo.
A solução são máquinas exclusivas para matar esses animais, normalmente por trituração ou asfixia, um processo considerado extremamente cruel – não só pelo método, mas porque esses animais são descartados e abatidos sem se prestar a nenhum propósito direto na indústria alimentar.
Em razão do abate de pintinhos na produção de ovos, alguns ativistasdefendem até que comer ovos é mais prejudicial ao bem-estar geral dos animais do que comer carne.
O motivo é que, na criação de animais para produção de carne, ao menos o animal está sendo abatido para o propósito de virar alimento e não está sendo descartado, como ocorre no processo de produção de ovos.
Em 2014, a Unilever, uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, se manifestou contra a prática. A empresa declarou que só trabalharia com ovos cujos produtores não matassem pintinhos em larga escala.
Nexo Jornal