‹ Voltar

Pesquisas garantem qualidade na produção de peixe

  • 03 nov 2015
  • Categorias:Geral

O Piauí concentra grandes estudos e muitos se destacam principalmente quando trazem resultados concretos ao nosso dia a dia. Experimentos realizados em uma Estação de Piscicultura, da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), em Parnaíba, têm possibilitado o melhoramento genético de peixes que chegam à mesa do piauiense, praticamente sem espinhas.

Em Picos está em estudo a fabricação de uma bebida alcoólica produzida a partir do mel. Mais ao Sul, uma horta em São Raimundo Nonato é o local para aplicação de um método que utiliza tecidos para irrigação de plantações, que pode resultar na economia de água.

Melhoramento de peixes

As pesquisas realizadas na Estação de Piscicultura da Ufpi de Parnaíba visam promover o desenvolvimento da piscicultura com baixo custo e atender a demanda dos piscicultores da região, otimizar os custos de produção e o melhoramento das espécies.

Image title
(Crédito: Efrem Ribeiro)

Segundo o coordenador da Estação de Piscicultura da Ufpi de Parnaíba, Josenildo Souza, atualmente, há nove projetos sendo desenvolvidos com espécies já consolidadas na região  como tambaqui, piratinga, tilápia, carpa, além de iniciar um processo de domesticação das espécies de peixes nativas, oriundas do Piauí, como o surubim, o pintado, o piauaçu, a pescada amarela e a curimatã, peixes da bacia do Parnaíba que os consumidores gostam.

Segundo o engenheiro de pesca Luiz Gonzaga Filho, técnico de Engenharia de Pesca da Estação de Psicicultura, os peixes que se desenvolvem mais rápido são selecionados e reproduzem entre si, permitindo o beneficiamento genético a partir de fatores externos.

Um dos exemplos é o caso do tambaqui, que quando atinge maior tamanho vai perdendo as pequenas espinhas de que os consumidores não gostam.

“Esse é um tipo de melhoramento genético pela seleção. Assim, se reproduzem os peixes que cresceram mais, os mais resistentes e os que têm melhor coloração”, conta.

Mas aqueles com desempenho inferior também são mantidos, segundo o técnico, para evitar uma defasagem genética. “Os melhores se reproduzem com os que eram considerados piores. Por exemplo, pela quinta geração seguida os peixes têm ótimo crescimento e são resistentes às doenças, mas, às vezes, eles podem perder imunidade à uma doença. Os piores têm essas características externas guardadas. A gente tem que buscar as características nos piores para preservar os melhores”, afirmou Luiz Gonzaga Filho.

Image title
(Crédito: Efrem Ribeiro)

Combate a doenças

Josenildo Souza afirma que também são produzidos zooplâncton e fitoplâncton, que favorecem a imunidade contra doenças. “Nós aproveitamos o excremento do gado da bacia leiteira de Parnaíba, fazemos a adubação proliferar micro-organismos, a chamada produção primária, que serve de alimento para as larvas”, explicou Josenildo Souza.

Outra vertente das pesquisas da Estação de Piscicultura é no desenvolvimento de fitoterapêuticos, que curam doenças dos peixes de forma orgânica. Segundo Josenildo Souza, o extrato da casca de aroeira tem a função adstringente e cicatrizante e é usada no manuseio dos peixes quando é feita a implantação de biometria, que pode gerar uma ruptura, uma lesão ou queda de escama. Os peixes são banhados no extrato de aroeira.

Estudante de Química faz pesquisas para produzir hidromel

Nas obras dos escritores como J.R.R.Tolkien, George R. R. Martin e J. K. Rowling, o hidromel, bebida alcoólica feita com mel, aparece para animar a vida dos personagens.

A bebida já era consumida pelos celtas, romanos e gregos. Em Picos, no Sul do Piauí, um dos maiores produtores de mel do Estado, não havia se pensado em produzir a bebida, mas agora, um jovem estudante de Química da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), Wagner Santos, está fazendo pesquisas no Grupo de Estudos sobre Abelhas no Semiárido para desenvolver e produzir o hidromel.

A bebida tem um teor alcoólico de 4% a 14% e é derivada da fermentação do mel diluído em água, contendo uma enorme variedade de estilos que se agrupam devido às adições de frutas, especiarias ou malte.

“Tem um sistema que a gente produz para fermentar o hidromel. Ele passa cerca de três meses fermentando. O hidromel tem como envelhecer em barris de carvalho. Queremos produzir logo o nosso hidromel”, afirmou Wagner Santos.

Pesquisa usa tecido para economizar água em irrigação

Um estudo realizado pela pesquisadora Nicea Ribeiro para seu doutorado em Engenharia Têxtil, na Universidade de Beira Interior, em Covilhã (Portugal), utiliza tecidos para irrigação, em prol da economia de água.

Retalhos oriundos de indústrias e microempresas são utilizados na pesquisa para estudar as fibras e ver sua capilaridade para o transporte da água, mantendo sua umidade, molhabilidade e capacidade de transportar água mesmo com temperaturas altas.

Segundo Nicea Ribeiro, é uma forma de irrigação mais barata e que é industrializada em países como Israel, Austrália, França, Espanha e em países da África.

“Nós estamos conseguindo manter a umidade baixa e a capacidade de transporte de água por mais tempo para ter como resultado a economia de água”, falou Nicea Ribeiro, que pretende apresentar o resultado da pesquisa para instituições governamentais.

Image title
(Crédito: Efrem Ribeiro)

“Nós estamos tentando aqui para que depois o projeto seja repassado ao Governo Federal para melhoramento de renda alimentar e dar continuidade, depois, a projetos sociais”, afirmou Nicea Ribeiro.

Na experiência, a irrigação é feita com mangueira em uma parte e a outra em tecido, que faz o transporte da água de dois a três metros de extensão da área plantada.

“O tecido fica intercalado, na metade, tem oito centímetros de esterco como barro argiloso, depois entra o nosso processo de resíduos têxteis, mais 18 centímetros sendo alimentados por água e uma menor com uma boia para medir a quantidade de água usada”, explicou Nicea Ribeiro.

Uma caixa d´água é usada para alimentar as fitas de resíduos têxteis. Ela conta que tem estudado várias fibras para irrigação. Lembra que o algodão é muito poroso e se decompõe, não sendo um problema para o meio ambiente. Os outros tecidos usados na irrigação são sintéticos, lycra, microfibras, algodão colorido e poliéster.

“São experiências para melhorar a questão alimentar e voltadas, especialmente, para o semiárido, a região que precisa desse trabalho em busca de uma economia de água porque a água está muito cara e faltam alimentos de horta para todos”, comenta Nicea Ribeiro.

Horta-modelo 

O experimento é feito na horta do engenheiro de alimentos Saulo Egídio Ribeiro Soares, na Serra Branca, a 21 quilômetros do centro de São Raimundo Nonato. A horta-modelo, assim considerada por Saulo Egídio, é irrigada por microaspersores com água retirada de poços e tem uma área de 60 por 80 metros, onde são produzidos espinafre, alface, macaxeira, salsinha, rúcula, coentro, pepino, pimentão, couve e pimentinha. Esses alimentos são fornecidos para verdurões e hotéis de São Raimundo Nonato e a proposta agora é aumentar a produção para que possa atender a outros mercados.

“A gente fornece verduras e legumes para o mercado local, a três hotéis e três verdurões. O mercado tem procurado cada vez mais esses verdes e a demanda é grande. São alimentos totalmente orgânicos”, falou Saulo Egídio ao ressaltar que a horta é um contraste com a realidade da região.

Quem trabalha na horta de Saulo Egídio e está auxiliando a pesquisadora Nicea Ribeiro é o técnico agrícola e estudante de Física na Universidade Federal do Piauí (Ufpi), Arão Mayke de Morais. Ele conta que ajuda Nicea Ribeiro a montar o sistema de irrigação com as fitas de resíduos têxteis e faz o controle do consumo da água.

“Aprendi que é possível fazer irrigação com tecidos. É um sistema de irrigação por onde passam canos de 50 centímetros e o tecido sai de dentro. O tecido puxa a umidade de dentro dos canos puxando a água para fora”, explicou Arão Mayke.

Theresina

Utilizamos cookies para permitir uma melhor experiência em nosso website e para nos ajudar a compreender quais informações são mais úteis e relevantes para você. Por isso é importante que você concorde com a política de uso de cookies deste site.