Embrapa também desenvolveu pão e mingau com os produtos. Produção ainda não tem apoio da iniciativa privada, diz Joana Souza.
Banana verde e castanha-do-brasil, produtos conhecidos pelo paladar acreano, são as duas principais matérias-primas de uma barra de cereal desenvolvida por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Acre. Produzido com a fruta e a semente em forma de farinha, o alimento ainda aguarda pela iniciativa privada para ser comercializado.
Os estudos iniciais na criação das farinhas de banana verde e castanha-do-brasil foram feitos em 2004. Segundo a pesquisadora da Embrapa, Joana Souza, uma das responsáveis pelo produto, a ideia de usar os artigos amazônicos surgiu nas viagens que fez ao interior do estado.
“Às vezes, eu via as canoas cheias de banana e, ao mesmo tempo que ouvíamos o consumidor dizendo que a banana estava cara ou em falta, víamos o produtor reclamando que ninguém comprava. Então, o que está errado é a forma de consumo. No Acre, a banana é mais consumida em forma de fruta”, diz.
Após a observação, os pesquisadores iniciaram o trabalho de desenvolver uma farinha de banana e outra de castanha, testada na fabricação de bolos. “Inicialmente, eu queria elaborar também um pão com essas duas farinhas e fizemos. Eles deram muito certo. A partir disso, ficamos com a intenção de aprimorar e fomos fazendo formulações”, explica.
Em seguida, de acordo com Joana, as farinhas foram formuladas em formato integral e ainda criado um mingau, que foi produzido e testado em escolas do interior do Acre. A pesquisadora ressalta que as duas farinhas possuem grande poder nutricional, ajudando no trânsito intestinal.
“A farinha de banana verde é um alimento que reduz o tempo de trânsito intestinal, permanece no intestino mais tempo, protege contra a formação de radicais livres, melhora a circulação do sangue e a qualidade do metabolismo digestivo”, acrescenta.
Além das diversas possibilidades empregadas às duas matérias-primas, os pesquisadores decidiram, então, acrescentar as farinhas de castanha-do-brasil e banana verde ao processo natural de fabricação das barras de cereal. O intuito, conforme Joana, foi apostar em mais uma utilidade aos produtos e aumentar o valor nutritivo das barras, amplamente utilizadas no país.
“A barra de cereal, por definição, tem um agente aglutinante, cereal, sabor, acidulante – que dá uma vida mais extensa ao produto -, e o açúcar. Pensamos em colocar a farinha de banana, porque tem potássio, amido resistente e sabor, e a farinha de castanha, que vem com proteínas, selênio, fibras. Pensamos na facilidade de fazer e no mercado em expansão. E ainda pode ser feita uma versão light, com adoçantes”, descreve.
Oportunidade de negócios
Com todos os experimentos comprovados, o que ainda falta, segundo Joana, é o interesse da iniciativa privada para que os diversos tipos de produtos – bolos, pães, mingau ou barras de cereal – cheguem às prateleiras dos supermercados.
Por se tratar de materiais comuns no estado, a pesquisadora salienta que os alimentos seriam ótimas opções nas merendas de escolas públicas.
“São muitas oportunidades de negócios. As tecnologias estão prontas, farinhas e barrinhas, mas, por não termos empresários ambiciosos, estão paradas. Temos muitos produtos que estão prontos para serem adotados”, finaliza.