Após quatro décadas de estudos, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Ocidental, descobriram, uma nova espécie de seringueira resistente ao fungo “Microcyclus ulei”, causador do mal-das-folhas, que exterminou grande parte da planta durante o Ciclo da Borracha e inviabilizou a expansão do plantio comercial na Amazônia.
Para solucionar um problema, os pesquisadores desenvolveram árvores tricompostas (cruzamento dos clones de espécies diferentes por meio de enxerto) de seringueiras que são mais produtivas que as antigas árvores e resistentes ao fungo. A nova espécie está pronta para a extração do látex um ano mais cedo que a antiga árvore e são necessários de 22 a 24 meses para formar a muda de tricomposta, desde a semente até a fase de plantio.
A pesquisa começou a ser executada pelo engenheiro agrônomo Vicente Haroldo de Figueiredo Moraes, que iniciou suas atividades com seringueira ainda no Instituto Agronômico do Norte (IAN), na década de 60, em Belém. Anos depois, já na Embrapa, Amazônia Ocidental, em Manaus, ele deu continuidade ao estudo, no entanto, Vicente não pode acompanhar o andamento e a conclusão da pesquisa. Ele se aposentou em 2005 e faleceu três anos depois, deixando entre suas principais contribuições os cruzamentos e a seleção inicial de clones para a atual tecnologia da seringueira tricomposta.
O que parecia que tudo seria em vão, em 2010, o pesquisador Everton Cordeiro, ingressou na Embrapa e deu continuidade às pesquisas de Moraes refinando a seleção de clones produtivos e com resistência estável ao mal-das-folhas. Cordeiro explicou que avaliando a produção dessas árvores (seringueiras sob experimento) no período de 2005 a 2010, foi selecionado cinco clones com melhores resultados para produção de borracha seca, entre os quais se destacam três clones com melhor desempenho em ganho de produção. “Se hoje temos clones em condições de resistência é porque foi empreendido muito esforço ao longo do tempo”, avaliou Éverton Cordeiro.
Crise da borracha
Na primeira década do século XX, o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador mundial de borracha. Em 1910, por exemplo, chegou a exportar, aproximadamente, 40 mil toneladas do produto.
Na década de 1910, empresários holandeses e ingleses entraram no lucrativo mercado mundial de borracha. Passaram a produzir, em larga escala e custos baixos, o produto na Ásia (Ceilão, Indonésia e Malásia). A concorrência fez com que, no começo da década de 1920, a exportação da borracha brasileira caísse significativamente. Era o fim do ciclo da borracha no Brasil. Muitas cidades se esvaziaram, entrando em plena decadência.
Mudas para o interior do AM
Desde o ano passado, fazem parte das ações de pesquisa a produção de mudas da tricomposta e capacitações de técnicos para que os conhecimentos gerados e as tecnologias de clones resistentes e produtivos cheguem ao interior do Estado.