Com a mudança de governo e as novas medidas tomadas como a eliminação dos impostos, a anulação das travas administrativas sobre as exportações de carne bovina e a adequação de um câmbio mais competitivo, a indústria frigorífica de exportação de carne bovina da Argentina contava, depois de muitos anos, com melhores condições para operar. Essas medidas teriam o objetivo primordial de preparar o terreno para reposicionar o país novamente no cenário mundial.
Foi nesse contexto esperançoso que se estimou para 2025 um aumento do abate de 29%, chegando a 16 milhões de cabeças, e um aumento de 47% na produção, projetada em 4 milhões de toneladas de carne. Quanto às exportações, falou-se que as mesmas alcançariam 1,5 milhão de toneladas, o que representaria US$ 7 bilhões.
Embora essas iniciativas tenha contribuído a um incipiente aumento do rebanho bovino e à decolagem do setor produtivo, as mesmas não parecem ser suficientes para a indústria frigorífica que se encontra atravessando uma situação sumamente crítica.
Isso se deve, no plano internacional, à falta de competitividade com relação aos países da região ao ter menos rebanho bovino, preços mais caros e maiores custos nos serviços e mão de obra, que chegam a triplicar em alguns casos.
Quanto ao plano doméstico, esta crise também se deve à elevada informalidade existente em toda a cadeia pecuária – que se estima em 50% – e que constitui hoje o principal flagelo que atravessa o setor. Exemplo disso são os altos níveis de evasão impositiva, a insegurança comercial no pagamento ao produtor e os baixos padrões de sanidade dos produtos de carne, entre outras irregularidades, sem esquecermos do forte fator cultural que é necessário reverter.
Somente quando a cadeia estiver formalizada, poderá motorizar a atividade frigorífica e desenvolver novos investimentos; obtendo saldos exportáveis para poder responder assim aos atuais e novos mercados estrangeiros que vão conquistando.
Por esta razão, é necessária uma reestruturação integral do setor com políticas púbicas que estabeleçam um marco regulatório a longo prazo, outorgando previsibilidade e competição igualitária a todos os operadores do setor. Também será chave nesse ressurgir a colaboração em conjunto de vários órgãos do Estado a nível nacional e provincial, que transcendam o plano das palavras e procedam a ação, conseguindo que as medidas sejam implementadas.
Somente desta maneiras conseguiremos ficar novamente entre os cinco principais exportadores mundiais de carne bovina e não ficarmos no caminho.
Por Mario Ravettino, presidente do Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas, para a agência de notícias, Telám.