Dourados (MS) – O cuidado com as questões sanitárias de rebanhos bovinos de corte e de leite em grandes e pequenas propriedades é de máxima importância, visto que os seres humanos estão extremamente relacionados a esses animais, devido ao consumo da carne, leite e seus derivados, que uma vez contaminados transmitem enfermidades ao homem, as doenças também chamadas de zoonoses. De origem grega, a palavra formada por “zoo”, que significa “animal” e “noso” doença, ou seja, doenças que podem ser passadas a pessoas pelos animais, como a raiva, brucelose e tuberculose.
Logo, animal doente significa risco dentro e fora de uma propriedade, seja para o mercado consumidor como até mesmo ao produtor que terá prejuízos na produção devido a mortalidade no rebanho e a queda dos índices produtivos e os gastos extras com medicamentos.
De olho nessa problemática, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) se uniu a Embrapa Agropecuária Oeste para oferecer a oficina “Manejo sanitário em bovinos leiteiros: foco em carrapatos, brucelose e tuberculose”, nos dias 11 a 13 de maio. O curso foi direcionado a agricultores familiares, estudantes e demais pessoas interessadas no assunto durante a Tecnofam – Tecnologia e Conhecimentos para a Agricultura Familiar 2016, em Dourados.
“A intenção é que o produtor saísse daqui consciente sobre o seu papel no campo de cuidar da saúde dos animais para que ele possa ofertar carne e leite sem riscos de contaminação as pessoas, inclusive, a sua própria família, pois tudo o que é comercializado também é consumido nas chácaras e sítios”, observou uma das palestrantes, a médica veterinária da Agraer, Jennyfer Carvalho Collante.
Controle de carrapatos
O melhor remédio para o controle dessa praga no rebanho, o carrapato, ainda é a prevenção. Por conta disso, a primeira parte do curso enfocou justamente esse aspecto: o controle do parasita, o seu ciclo reprodutivo e quais as melhores medidas para evitar que o rebanho seja atacado por esse bicho oportunista.
No pasto, além de alimentar-se do sangue de seu hospedeiro através da picada, o carrapato ainda pode transmitir várias doenças comobabesiose e anasplamose. Sem contar que o parasita também causa danos ao couro dos animais, prejudicando a sua qualidade e o orçamento do produtor.
Brucelose e Tuberculose
“Toda a oficina é uma forma de conscientização do produtor. Enfocamos muito a questão da importância da vacinação. Para a tuberculose não há uma vacinação, contudo, há testes e medidas de prevenção. Já para a brucelose a recomendação é que o animal seja vacinado ainda bezerro, no período de 3 a 8 meses”, explicou Jennyfer.
Outras medidas também podem ser utilizadas no manejo sanitário dos animais. “Só o fato de ferver o leite você já elimina as bactérias, porque elas morrem por serem muito sensíveis ao calor. É comum os produtores alegarem que ao ferver o leite o mesmo não coalha tão bem para fazer o queijo. Mas, aqui, deixamos claro que há produtos que fazem este processo e que a decisão de não ferver o leite não se justifica”.
Conhecer a procedência dos animais durante a compra, ou seja, adquiri-los de pessoas de confiança, cuidar da higienização do curral e respeitar o período de quarenta do rebanho são outras medidas de prudência. “O transporte de uma propriedade para outra pode baixar a resistência do animal. É uma ação estressante para o gado. Por isso a quarentena deve ser respeitada, pois no período de quarenta dias pode ser que tenha alguma doença incubada e esse é o prazo para que ela venha a se manifestar. O abate correto, em frigoríficos, dos animais doentes também é necessário”, apontou a veterinária.
No gado de leite, doenças desse tipo afetam o sistema reprodutivo e as glândulas mamárias. Já no ser humano pode afetar alguma parte do sistema neurológico, cardíaco, pulmonar e até o fígado (hepatite). “Idosos, crianças e pessoas doentes são os maiores consumidores de leite e são também os que apresentam menor imunidade. Então, explicamos aos pequenos produtores os riscos e a importância de cuidar da saúde dos animais e promover a higienização na propriedade”, concluiu.
Aline Lira – Assessoria de Comunicação da Agraer