Como um dos principais produtores mundiais de frango, os EUA também são um dos maiores exportadores de carne de frango. Embora oForeign Agriculture Service (Serviço Exterior de Agricultura) liste os outros grandes produtores como sendo a China, o Brasil e a União Europeia, a China exporta pouca carne de frango, deixando o Brasil e a União Europeia como principais agentes exportadores, juntamente com os EUA, no mercado global.
Inúmeros fatores influenciam a comercialização mundial de carne avícola – flutuação cambial, preço do barril de petróleo, outras economias e epidemias de doenças que acometem esse tipo de animal. Para todos esses fatores, é importante contar com diversos mercados exportadores a fim de minimizar o impacto da perda de qualquer um dos mercados.
Diversificação é um diferencial em qualquer mercado, e essa máxima é verdadeira para as exportações de carne avícola. As consequências de uma gripe aviária altamente patogênica (HPAI = sigla em inglês para Highly Pathogenic Avian Influenza) nos EUA este ano fizeram com que o valor de exportação da carne avícola e de ovos, no primeiro semestre, caísse 14% em comparação com o ano passado.
Em 2014, pouco mais de 20% da produção de frangos por peso foi exportado, ao passo que as exportações de carne de peru e ovos contabilizaram 14% e 3,9% de sua produção, respectivamente. No primeiro semestre deste ano, as exportações de frango tiveram uma queda de 18,3% na produção, e a carne de peru e ovos apresentaram quedas de 10% e 3,8%, respectivamente. As indústrias de ovos e carne de peru foram bastante afetadas pela gripe aviária altamente patogênica, com despovoamento de 36 milhões de galinhas poedeiras e 7,75 milhões de perus. As reações aos eventos desse tipo de gripe nos EUA variaram de país para país. Alguns parceiros comerciais baniram todos os EUA, enquanto outros impuseram restrições por região, ou ainda nenhum tipo de restrição.
Muitos parceiros comerciais dos EUA aderiram às diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) na tomada de decisões comerciais com países que enfrentaram epidemias de doenças. A Organização Mundial de Saúde Animal é composta por 180 países-membro e é a principal entidade de saúde animal no mundo. Como tal, a OIE apoia e promove os conceitos de regionalização e compartimentalização ao longo de um período de ocorrência de doença. Isso significa que, sob as diretrizes da OIE, as áreas dentro de um país que forem afetadas por uma doença podem sofrer restrições comerciais, porém as restrições não deveriam abarcar todo o país.
A regionalização ou compartimentalização permite aos países continuar comercializando no evento de uma doença animal de notificação obrigatória. A maioria dos parceiros comerciais dos EUA admite a regionalização, para que, então, os EUA sejam capazes de manter relações comerciais com muitos deles. As diretrizes da OIE baseiam-se apenas nisso, no entanto, e alguns governos optam por não cumpri-las. Coreia do Sul, África do Sul e China são os parceiros comerciais mais expressivos no que se refere ao banimento de todos os EUA em decorrência da gripe aviária altamente patogênica. A Rússia, que outrora já foi o maior mercado exportador dos frangos norte-americanos, certamente teria se juntado àqueles países se não tivesse banido anteriormente importações norte-americanos devido a outros motivos. Trinta e oito países, agora, regionalizaram os EUA para realizarem suas trocas comerciais. Enquanto a maioria impõe restrições a estados afetados, alguns, como Hong Kong, regionalizam por distrito, limitando, assim, os impactos comerciais negativos. Muitos de nossos parceiros comerciais não tomaram nenhuma medida. Consequentemente, a manutenção de vários mercados exportadores é extremamente importante para minimizar o impacto negativo no comércio.
Em 2009, os principais mercados exportadores de frango incluíam a Rússia, que contabilizava 20,5% de todo o volume de frangos exportados; a China, com 19,9%; o México, com 10,4%; Hong Kong, com 4,6%; Iraque, com 4,5%; e Cuba, com 4,1%, enquanto que o restante do mundo (ROW = Rest of the World) contabilizava 36,1%. A categoria ROW, que é composta de mercados menores que, juntos, são significativos no processo de trocas comerciais, aumentou bastante e permanece como um importante segmento.
Os principais mercados em 2015 são México, com 20,3%; Hong Kong, com 11,2%; Taiwan, com 6,6%; Canadá, com 5,4%; Cuba, com 4,4%; Angola, com 4,1%; e, o restante do mundo, com 48%. O crescimento do ROW e a elevação no índice de trocas comerciais com o México posicionaram os EUA em um patamar melhor do que em 2009. Se o evento da gripe aviária altamente patogênica tivesse ocorrido, nos EUA, em 2009, isso traria um impacto negativo muito mais devastador nas trocas comerciais com nossos principais mercados vigentes.
Mesmo assim, a perda da China e da Rússia causou um impacto nos preços dos pés e sobrecoxa de frango. A China era, de longe, o maior mercado consumidor de pés de frango, e a Rússia ainda era um mercado expressivo em relação à sobrecoxa de frango. Consequentemente, os preços do pé de frango caíram drasticamente, enquanto que a perda da Rússia, entre outros motivos, resultou em desvalorização da sobrecoxa de frango, especialmente quanto a seu tamanho avantajado. Concomitantemente, os volumes de sobrecoxa, nos depósitos, aumentaram, e, em junho, o Departamento de Agricultura dos EUA anunciou planos para comprar sobrecoxa a fim de diminuir um pouco o excedente. Muitos pés de frango passaram por redefinição de tamanho, dado que há pouca demanda interna.
Sem a detecção de novos casos de gripe aviária altamente patogênica desde junho, o Serviço de Inspeção de Saúde Animal e da Planta está trabalhando com muitos de nossos parceiros comerciais para recuperar o acesso comercial a distritos e estados que foram banidos. Países que seguem as diretrizes da OIE devem voltar a estabelecer relações comerciais com os EUA 90 dias após a higienização e desinfecção ter sido completada, algo que o Serviço de Inspeção e Saúde Animal e da Planta relata corretamente à OIE. Até agora os estados de Arkansas, Califórnia, Washington, Oregon, Kansas, Idaho e Montana relataram não haver mais incidência de gripe aviária altamente patogênica. As diretrizes da OIE sugerem que granjas, individualmente, podem ser repovoadas após o processo de higienização e desinfecção ter sido completado, bem como os testes em campo apresentarem resultados negativos por 21 dias. O programa aperfeiçoado de vigilância e repovoamento funcionou muito bem para criadores de peru nos estados de Minnesota e Iowa, com mais de 31 granjas repovoadas.
Ao longo desse evento epidemiológico, o Conselho de Exportação de Produtos Aviários & Ovos dos EUA aprendeu o quão importante é se conscientizar sobre as medidas de controle de doenças que acometem animais. Muitos parceiros comerciais não têm ciência de como a gripe aviária é monitorada e controlada nos EUA. Todas as empresas processadoras de carnes de frango e de peru exportadoras participam do Programa Nacional de Aperfeiçoamento da Avicultura (tradução livre de National Poultry Improvement Plan) e testam todos os bandos de aves quanto à gripe aviária antes do abate. Os bandos que apresentarem resultados negativos nos testes recebem uma certificação “livre de gripe aviária”, e aqueles que apresentarem resultados positivos para gripe aviária passam por quarentena e são despovoados para garantir que aves infectadas não entrem no fornecimento de alimentos interno ou para exportação. Compreender esses conceitos ajuda a criar mais confiança no sistema de segurança alimentar norte-americano.