A exemplo do Espírito Santo e Ceará, produtores de Minas Gerais e Santa Catarina sinalizam importação de milho da Argentina e Paraguai
Com importação de milho do Mercosul isenta de imposto, os produtores mineiros e catarinenses já seguem os passos do Espírito Santo e negociam com a Argentina e o Paraguai para importar o grão que tem seu custo cada vez mais elevado no mercado interno. Na semana passada, um grupo de avicultores e suinocultores do Estado do Espírito Santo fechou a compra da primeira carga de milho, importada da Argentina.
Na noite desta segunda-feira, suinocultores mineiros se reuniram junto à Aimax Commodities, empresa responsável pela
primeira importação de milho da Argentina para a Associação dos Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo para discutir a viabilidade do comércio também para o Estado. À reportagem do site Suinocultura Industrial, o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG), Antônio Ferraz, confirmou a intenção de viabilizar o negócio. “O pensamento é passar a importar este milho, assim como fez o Espírito Santo. Esta foi uma primeira reunião para a apresentação e agora estamos estudando essa possibilidade. Estamos propensos a importar devido aos preços elevados que vemos aqui”, esclarece. “Neste segundo momento, estamos avaliando dois fatores importantes, são eles: qualidade e segurança”, completa o representante sinalizando que no próximo mês haverá uma nova reunião para definir.Já em Santa Catarina, o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Lousivânio Lorenzi esteve
esta semana no Paraguai para estudar o mercado de grãos e avaliar a compra para os próximos dias. “Estamos com intenção e vamos fechar a compra porque no Brasil está difícil e o Paraguai melhor se encaixa na nossa linha, além de ser um grande produtor de milho. Acreditamos que nos próximos dias estaremos fechando a importação”, afirma à reportagem do site Suinocultura Industrial. O representante catarinense revela que o preço daquele País, se equiparado ao do Brasil está entre 10% a 12% menor. “É uma saída para o Brasil enquanto não tivermos um Governo que olha com atenção para o produtor. Precisa definir se somos um exportador de commodities ou do produto acabado, falta essa divisão”, lamenta. A associação está buscando negociar direto com produtores do País vizinho.No Espírito Santo, a operação foi realizada pelas Associação dos Avicultores do Estado do ES (AVES) e Associação de Suinocultores do ES (ASES), que coordenam o grupo no processo de compra do produto.
De acordo com o diretor executivo da AVES e ASES, Nélio Hand, a importação do milho é uma alternativa frente a dificuldade encontrada pelos produtores para garantir o abastecimento, além de tentar minimizar a pressão sobre o preço do produto no mercado interno que vem apresentando escassez mas também está muito especulado. “Hoje o custo do milho está próximo aos R$ 60,00 por saco e a produção de aves, ovos e suínos está ficando insustentável, pelo alto custo do insumo, assim como está ocorrendo em boa parte do país”, disse.João Jorge Reis, presidente da Associação Cearense de Avicultura (ACEAV), contou a TV Gessulli que na região já se estuda importar também dos Estados Unidos. “A situação do milho impacta muito a avicultura e suinocultura de todo o Nordeste, especialmente no Ceará, o que têm nos causado grande apreensão. Tínhamos o abastecimento desse cereal no Matopiba, mas com a alta do dólar ficou interessante para o produtor do grão exportar. Agora, estamos abastecendo da Argentina e tentando trazer também dos Estados Unidos”, conta. “Estamos na expectativa para ver se vamos prolongar essas importações. É uma situação difícil para o avicultor porque quando tendo o produto na região adquirimos o que necessitamos; o que trazemos de navios é uma alta quantidade e impacta muito no desembolso”, afirma.
Cai imposto de importação de milho
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), vinculado à Câmara de Gestão de Comércio Exterior (Camex), aprovou em abril a isenção do imposto de importação de milho, que tinha alíquota de 8%. A medida valerá para uma cota de até 1 milhão de toneladas de milho e terá prazo de seis meses. De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, André Nassar, a resolução do Gecex atende à demanda dos criadores de aves, suínos e produtores de leite. “A importação do grão, que serve de base para a alimentação animal, terá impacto positivo na cotação do milho no mercado interno.”