Hoje em dia é quase impossível sentarmo-nos à mesa para comer sem analisarmos todas as escolhas e ficarmos com a sensação de que estamos num campo minado, em que tudo nos pode fazer mal.
Se no passado os alimentos eram vistos como fonte de nutrição e prazer, hoje com tantos estudos e advertências acabam por gerar-se dúvidas sobre os efeitos que os alimentos que ingerimos têm no nosso organismo.
Para tentar esclarecer um pouco estas questões a BBC decidiu listar os mitos e as verdades sobre alguns dos alimentos mais envolvidos nestas ‘polémicas’.
Bacon – medo: ‘As carnes processadas são tão prejudiciais quanto o cigarro’.
Factos: A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou recentemente ter recolhido indícios suficientes de que o bacon e outras carnes processadas podem contribuir para o cancro colorretal, mas os verdadeiros riscos podem não ser assim tão preocupantes.
O Cancer Research UK, fundação britânica para a pesquisa do cancro, argumentou que o cancro colorretal é relativamente raro. Se uma pessoa praticamente não come carne, o risco de desenvolver a doença é de 5,6%. E quem ingere bacon ou presunto todos os dias tem esse risco aumentado para 6,6%. Mesmo assim, o consumo exagerado deve ser evitado. Ou seja, comer carne processada ocasionalmente pode não ser muito saudável mas também não é não é um veneno gastronómico, destaca a BBC.
Café – medo: ‘A dependência da cafeína pode resultar num ataque cardíaco’.
Factos: Existem pouquíssimas evidências de que o café pode levar a uma morte prematura. Muito pelo contrário, na verdade. Aliás, uma investigação de 2014 que analisou uma série de estudos que examinaram a saúde de mais de um milhão de pessoas concluiu que as pessoas que bebiam quatro cafés por dia tinham 16% menos probabilidades de morte súbita.
Trigo – medo: ‘Esta farinha pode contribuir para o aparecimento do Alzheimer’.
Factos: Antes de mais, lembra a BBC, um número muito pequeno de pessoas (cerca de 1% da população) sofre de facto de uma alergia ao glúten conhecida como doença celíaca, que afeta os seus intestinos e leva à desnutrição. Outras pessoas podem ainda ser ‘sensíveis’ ao trigo que apesar de não sofrerem destes sintomas podem sentir desconforto quando comem alimentos com trigo.
As explicações para essa ‘sensibilidade não-celíaca’ são controversas. Uma vez que além do glúten presente no trigo, esta sensibilidade pode ser provocada por uma série de açúcares e proteínas que também podem ser encontradas em outros alimentos, como frutas ou cebola. Portanto, nesse caso, eliminar o trigo da dieta não seria suficiente.
Outras pessoas deixaram de comer trigo porque consideram que seja tóxico e que provoque Alzheimer. Mas, como destaca a BBC, não há provas científicas disso.
Laticínios – medo: ‘Os laticínios entopem as artérias e contribuem para doenças cardiovasculares’.
Factos: Durante décadas dizia-se que as gorduras saturadas vindas do queijo, da manteiga e do leite aumentavam o colesterol no sangue e deixavam as pessoas em risco de sofrer um ataque cardíaco.
Mas nos últimos anos, vários estudos têm contradito estas recomendações. Um estudo norueguês concluiu até que as pessoas que tinham uma dieta rica em gordura animal tinham o colesterol mais baixo do que os indivíduos que só consumiam alimentos 0% gordura.
Os investigadores sugerem até que a gordura poderá ajudar o metabolismo, aumentando a sua eficiência no que toca ao sistema de queimar a energia.
Leite pasteurizado – medo: ‘A pasteurização poderia contribuir para o eczema, a asma e outros distúrbios imunológicos’.
Factos: Atualmente a ideia de que quanto mais natural for um alimento, mais saudável ele é têm muito adeptos. Isso fez com que muitas pessoas eliminassem o leite pasteurizado da dieta.
Argumentando que o processo de pasteurização elimina muitos dos nutrientes do leite e até as proteínas que poderiam proteger de alergias. Mas, muitos médicos acreditam que estas conclusões são prematuras. Além disso, consumir leite não pasteurizado pode ser perigoso e levá-lo a contrair doenças graves como tuberculose, destaca a BBC.
Ovos – medo: ‘Entopem as veias e podem provocar um ataque cardíaco’.
Factos: Os ovos já foram apontados como culpados de entupirem as artérias com colesterol e aumentarem o risco de doenças cardiovasculares.
Apesar de ser possível que alguns dos argumentos sejam verdadeiros, se uma pessoa for saudável, comer até sete ovos por semana não parece ter consequências nefastas, sugere um estudo recente da Universidade de Sydney, na Austrália. Além disso os ovos são uma fonte segura e importante de proteínas.
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