Com capacidade para produzir até uma tonelada de hidrogênio por mês a partir de energia solar e água, a Usina Piloto Industrial de Hidrogênio Verde foi inaugurada nesta sexta-feira (25) no campus da UFMS, em Campo Grande. Primeira do tipo no Centro-Oeste, a unidade consolida Mato Grosso do Sul como referência nacional na cadeia produtiva do hidrogênio verde, uma das alternativas aos combustíveis fósseis na agenda global por energia limpa.
A usina é fruto de uma parceria entre a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a RBCIP (Rede Brasileira de Certificação, Pesquisa e Inovação), com apoio do Governo do Estado, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e da Fundect.
“O hidrogênio, assim como todos os seus derivados, não é mais o futuro e sim uma necessidade para o presente. Ele é mais uma alternativa de energia que tem suas vantagens. Um dos grandes desafios agora é trabalhar na capacitação das pessoas, qualificar mão de obra. Nesse contexto, Mato Grosso do Sul assume um papel central e se consolida como referência nacional no desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio verde”, afirmou Marcelo Estrela Fiche, coordenador geral do projeto pela RBCIP.
Segundo ele, a iniciativa responde diretamente a uma das maiores demandas do setor energético: a formação de mão de obra especializada. “É uma empregabilidade de alto nível, com potencial para transformar o Brasil em exportador de conhecimento e especialistas para operar usinas semelhantes no mundo todo”, acrescentou.
Além da produção de energia limpa, a usina se destaca por seu viés educacional. A expectativa é de que cerca de 500 profissionais sejam capacitados anualmente, entre engenheiros, técnicos, professores e estudantes. A estrutura também funcionará como um laboratório multiusuário (H2V+), voltado à pesquisa aplicada em parceria com o setor produtivo.
A reitora da UFMS, Camila Ítavo, ressaltou o papel estratégico da universidade. “É ciência e tecnologia a serviço do cidadão, com responsabilidade social e ambiental. Essa usina vai qualificar profissionais e gerar pesquisas com impacto real no desenvolvimento sustentável”, afirmou.
O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, lembrou que o novo empreendimento está alinhado às metas do plano estadual de transição energética. “A inauguração dessa usina marca mais um avanço concreto na estratégia de tornar Mato Grosso do Sul carbono neutro até 2030. O Estado já possui 94% de sua matriz energética classificada como limpa e, com o hidrogênio verde, estabelece uma nova rota tecnológica. A produção poderá ser utilizada para gerar energia, fabricar amônia, desenvolver fertilizantes e até integrar soluções com etanol. Estamos construindo um modelo sustentável, baseado em planejamento e inovação”, pontuou.
O governador Eduardo Riedel também reforçou o compromisso com o desenvolvimento sustentável. “Alcançar a neutralidade de carbono não é uma tarefa imediata, mas exige esforço coletivo e investimentos em ciência e inovação. É esse caminho que estamos trilhando para gerar empregos, atrair investimentos e garantir um futuro mais sustentável para todos”.
Produzido por eletrólise da água com energia solar fotovoltaica — sem emissão de carbono —, o hidrogênio verde terá ainda aplicações em biometano, sistemas de recarga para veículos elétricos e armazenamento de energia, ampliando as possibilidades de uso em diferentes setores da economia.
Marcelo Armôa, Semadesc
Fotos: Mairinco de Pauda, Semadesc