Em parceria, do Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e a Aprosoja/MS recursos do Fundems foram investidos num projeto de pesquisa que apurou o custo de produção e identificou a rentabilidade dos sistemas produtivos da soja e do milho em 11 municípios.
Tendo a Famasul como apoiadora do projeto e a Embrapa Agropecuária Oeste, sediada em Dourados, como co-realizadora o projeto de Mapeamento da Economia Agrícola de Mato Grosso do Sul (MEA) da safra 2016/2017, foi apresentado na manhã desta quinta-feira (25), com dados segmentados por região.
Importante ferramenta para a tomada de decisão do produtor, a pesquisa possibilita aumento de competitividade e contribui com a sustentabilidade do agronegócio estadual.
Renato Roscoe, Superintendente de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar – que participou da apresentação representando o secretário Jaime Verruck, da Semagro – parabenizou os parceiros do MEA/MS e destacou a importante colaboração do Governo do Estado no desenvolvimento do setor produtivo quando disponibiliza recursos através do Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja (FUNDEMS).
Renato destacou que o Fundems proporciona maior agilidade e flexibilidade para realização de projetos no Estado, definindo-o como um arranjo articulado entre a sociedade civil organizada, através de suas instituições, e o Governo do Estado, que gera resultados extremamente relevantes.
Ao enaltecer o trabalho da equipe da Semagro e das instituições parcerias, Roscoe destacou a forma como os técnicos que estiveram envolvidos diretamente no processo de coleta e organização dos dados para apresentação, dando ao trabalho grande credibilidade e confiabilidade. “Em tempos onde convivemos com um verdadeiro bombardeio de informações, conseguir sistematizar, digerir e passa-las ao produtor com tamanha qualidade é motivo de grande satisfação”. Completou.
“Esse é um mecanismo que traz competitividade, sustentabilidade e integração para a produção do Estado. Através dos resultados do MEA/MS, o produtor consegue comparar os custos da sua realidade particular, da sua propriedade, com a média de custos que está sendo praticada nas demais regiões produtoras”, contextualiza Christiano Bortolotto, presidente da Aprosoja/MS.
Para o Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Lafourcade Asmus, a Embrapa está satisfeita com os resultados obtidos por meio dessa importante parceria. “Esse projeto possibilitou que a pesquisa avançasse no sentido de gerar conhecimentos úteis aos produtores rurais do Mato Grosso do Sul e que poderão, com auxílio tecnológico, usar as informações no seu dia-a-dia”, destacou ele.
Inovação e acesso
As informações foram colhidas por meio de painéis agrícolas nos municípios de Três Lagoas, Maracaju, Sidrolândia, Ponta Porã, Iguatemi, Naviraí, Chapadão do Sul, Sonora, Costa Rica, São Gabriel e Amambai. Por meio dessas reuniões, foram caracterizados os sistemas de produção praticados nessas cidades, bem como os coeficientes técnicos relacionados aos insumos, máquinas, implementos, serviços e vetores de preços praticados na localidade.
O projeto foi executado por meio do Convênio N° 26.262/2016/Fundems/Sepaf, realizado entre a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) e a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). A Famasul é apoiadora do projeto e a Embrapa Agropecuária Oeste, sediada em Dourados, é co-realizadora.
Os profissionais responsáveis pela realização do estudo foram Alceu Richetti e Rodrigo Arroyo Garcia, ambos da Embrapa Agropecuária Oeste e Luiz Eliezer, analista econômico do Sistema Famasul.
As publicações podem ser acessadas gratuitamente, por meio de download, no portal eletrônico da entidade. Clique aqui (http://bit.ly/2rAodTk).
Análise econômica
“Os custos estão bem elevados para esta safra. A safra de soja foi de desafios, o produtor esperava um preço médio ponderado acima de R$ 60 pela saca de 60 kg para pagar os custos, mas isso não ocorreu, os preços ficaram abaixo. Por outro lado, tivemos boa produtividade”, avalia o analisa de economia do Sistema Famasul, Luiz Eliezer, que apresentou os dados do MEA/MS.
“Com produtividade melhor, a safra ficou estreita, sim, mas pelo menos a rentabilidade ficou no limite, e não negativa. No ano passado chegamos a quase R$ 80 pagos pela saca, e neste ano ficamos com uma média de R$ 60. Isso deixa a margem de lucro muito justa ao produtor”, completa Eliezer.
“Já no caso do milho o prejuízo é grande. Os custos não estão cobrindo nem o desembolso do produtor. Ele esperava conseguir um preço de pelo menos R$ 30 pela saca para cobrir esses custos, mas os preços caíram, vieram para R$ 20, sendo que no ano passado tivemos até mesmo R$ 50 pela saca. Mas é claro que essa foi uma realidade atípica, uma vez que tivemos dólar elevado, muito escoamento no primeiro quadrimestre do ano passado e, portanto, menor oferta de produto devido à quebra de 33% na 2ª safra de milho, o que gerou números tão elevados em 2016”, finaliza.
Em relação à soja, o custo médio destacado pelo levantamento do MEA/MS é de R$ 3 mil por hectare, enquanto o produtor teve receita bruta de R$ 3.100 por hectare, ou seja, uma margem de lucro muito apertada.
No caso do milho, o gasto do agricultor para realizar o plantio da cultura foi de R$ 2.200 por hectare. Mas, segundo o levantamento, o produtor vai receber R$ 1.800 de receita ao ser considerado o preço de R$ 20 pagos pela saca de 60 kg atualmente, o que deixa a renda negativa.
Simulador inédito no País
Os dados do MEA/MS também ficarão disponíveis em um aplicativo gratuito para smartphones, que também foi apresentado hoje. Entre o mecanismo mais inovador oferecido pelo APP está um simulador de custos de produção, uma ferramenta que permite ao produtor realizar o levantamento da rentabilidade de seu negócio, dando sustentabilidade e estratégia às suas ações.
“Através do simulador do aplicativo, o agricultor consegue fazer uma análise fina de todos os seus resultados, identificando onde ele está sendo mais ou menos eficiente em sua governança. Isso confere competitividade a ele, como produtor, competitividade ao setor, que vai ter condição de realizar uma gestão mais eficaz, e traz sustentabilidade ao homem do campo porque, se ele tem boas informações sobre custos de produção, ele vai tornar seu negócio mais bem gerido e mais sustentável economicamente”, detalha Christiano Bortolotto.
“Além disso, os dados e o aplicativo do MEA/MS também trazem sustentabilidade ambiental, social e trabalhista porque, através do app, o produtor conhece como funciona o projeto Soja Plus e tem acesso a esse programa para que, de forma gratuita, receba orientação normativa sobre regras ambientais e trabalhistas de sua propriedade. Por fim, essas iniciativas trazem integração, uma vez que todos os setores da sociedade vão ter acesso às informações geradas por esse e outros projetos que realizamos, com dados da evolução e do conhecimento que temos do campo”, finaliza o presidente.
Participaram também do evento o vice-presidente da Famasul, Nilton Pickler, e o deputado estadual Junior Mochi, presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Kelly Ventorim (Semagro) com informações de Liana Feitosa (Aprosoja/MS) e Christiane Congro Comas (Assessoria da Embrapa Agropecuária Oeste)