O governador Eduardo Riedel sancionou nesta quinta-feira (8) a Lei nº 6.404, que institui oficialmente o Vale da Celulose como denominação do conjunto de municípios impulsionados pela cadeia produtiva da celulose em Mato Grosso do Sul. O texto da lei, de autoria do deputado estadual Pedro Caravina e aprovado pela Assembleia Legislativa, reconhece a importância estratégica da atividade florestal para o desenvolvimento econômico, social e logístico do Estado.
Pela lei, o Vale da Celulose abrange os municípios de Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Brasilândia, Cassilândia, Inocência, Nova Alvorada do Sul, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas, localidades que se destacam pela presença de grandes empreendimentos industriais, investimentos em infraestrutura e geração de empregos ligados ao setor florestal e à produção de celulose.
“Esses nove municípios concentram 87% da produção de celulose em Mato Grosso do Sul. O Vale da Celulose já é um território que se tornou referência nacional e internacional em produtividade e inovação e está se constituindo como um cluster da cadeia produtiva do setor florestal e estabelece um novo nível de governança para essa região”, comenta o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
Além de consolidar uma identidade regional, a lei permite o uso oficial da denominação “Vale da Celulose” em documentos, sinalizações e comunicações institucionais do Estado e dos municípios. Também autoriza o Poder Executivo a promover políticas públicas integradas com foco no desenvolvimento sustentável, qualificação de mão de obra e melhoria da logística regional, reforçando Mato Grosso do Sul como referência nacional e internacional no setor de florestas plantadas.
De 2010 a 2024, a área de florestas plantadas em Mato Grosso do Sul saltou 471%, saindo de 341 mil hectares para mais de 1,6 milhão de hectares, com predominância do cultivo de eucalipto. O Estado é atualmente o segundo maior produtor de madeira em tora para papel e celulose no Brasil, além de responsável por 24% de toda a produção nacional de celulose; também ocupa a segunda colocação entre os maiores em área plantada de eucalipto, com 1,4 milhão de hectares, e abriga o maior parque industrial de base florestal do país, com 30 indústrias ativas e mais de 7 mil trabalhadores.
A cadeia produtiva florestal movimenta cerca de 27 mil empregos diretos e indiretos e representa 17,8% do PIB industrial do Estado. Em 2023, as exportações de produtos florestais ultrapassaram US$ 1,49 bilhão, com destaque para a China, que responde por mais de 50% das compras. O secretário Jaime Verruck lembra que, desde 2015, o Governo do Estado atraiu R$ 125 bilhões em investimentos, sendo R$ 65 bilhões apenas nesta gestão. “O setor florestal é um dos motores desse crescimento, baseado em uma política pública séria, orientada pela sustentabilidade e pelo alto desempenho produtivo”, complementou o titular da Semadesc.
O último investimento do setor florestal anunciado para Mato Grosso do Sul é da Bracell em Bataguassu, no valor de R$ 16 bilhões. A fábrica no município do Vale da Celulose poderá operar em duas configurações: uma voltada exclusivamente à produção de celulose kraft, usada em papéis e embalagens, com capacidade de até 2,8 milhões de toneladas por ano; e outra, mista, que incluirá a produção de celulose solúvel — um insumo de alto grau de pureza e controle técnico, utilizado na fabricação de fibras como viscose, modal e lyocell, amplamente empregadas pela indústria têxtil sustentável.
Marcelo Armôa, Semadesc