Para verem suas exportações aumentarem e não perder para as fibras sintéticas, produtores devem ficar atentos aos atributos desejados pelas indústrias
A qualidade da fibra do algodão e das suas características, como comprimento, resistência, maturidade e alongamento, são fundamentais para que a matéria-prima seja desejada pelas indústrias têxteis e bem posicionada no mercado mundial, fazendo frente às fibras sintéticas. Em 50 anos, a participação do algodão no mercado de fibras caiu de 70% para cerca de 30% atualmente, disse o professor Eric Hequet, Texas Tech University, em sua palestra sobre “Fatores que definem a qualidade da fibra de algodão”, feita na manhã de quinta-feira (3/09), abrindo os trabalhos do terceiro dia do 10º Congresso Brasileiro do Algodão.
Para manter essa fatia de 30% e poder ver o consumo voltar a crescer, o professor sugere que produtores invistam em novas tecnologias e ferramentas para medir a qualidade da commodity. “Temos que ficar atentos aos números de participação no mercado e à questão da qualidade. O setor muda muito rápido e se não tivermos cuidado, em uma década o algodão pode se tornar um mercado de nicho, vendo sua participação cair ainda mais”, alertou Hequet, que é referência mundial no assunto.
O especialista explicou que as fibras sintéticas, como o poliéster, além de terem preços mais acessíveis, podem ter seu diâmetro e comprimento projetados exatamente como o desejado, diferentemente do algodão, e, por isso, muitas indústrias preferem usá-las.
Para competir com esses materiais, portanto, é necessário avançar e melhorar ainda mais os vários atributos do algodão. Entre eles, Hequet destacou o alongamento da fibra que, segundo ele, não era uma característica tão observada. “A contribuição do alongamento da fibra é fundamental para o desempenho durante o processamento do algodão. Se a fibra tem um baixo nível de alongamento, mesmo que seja forte, não vai apresentar bom desempenho, vai ser uma fibra quebradiça”, afirmou.
Conforme Hequet, no entanto, um dos sistemas usados para medir a qualidade das características da fibra, o HVI (High Volume Instrument, na sigla em inglês), nem sempre está calibrado para identificar o alongamento e pode ser preciso investir em outras ferramentas mais caras, como o sistema AFIS (Advanced Fiber Information System, na sigla em inglês). Além de destacar a necessidade de continuar a busca por novas variedades de algodão e formas de cultivo que aperfeiçoem a fibra.
Divulgação: Assessoria de Imprensa do 10º CBA