Campo Grande (MS) – A Indústria já responde por 22% de todas as riquezas produzidas em Mato Grosso do Sul, atrás apenas do setor de Comércio e Serviços, e a tendência é de alta. “Hoje nossa carteira é de mais de R$ 20 bilhões em projetos prontos para serem startados. Só a indústria da Suzano terá um impacto de valor adicionado ao PIB de R$ 5 bilhões. Não tenho nenhuma dúvida de que até o final de 2022 teremos mais uma fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul. Somos o segundo e vamos chegar a primeiro na produção de eucalipto daqui a dois anos. Portanto, tem espaço para mais uma indústria”, disse o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, durante evento em comemoração ao Dia da Indústria, na manhã desta quinta-feira (27).
O secretário participou ao lado do presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, da inauguração Startup do Sistema FIEMS localizado na Rua Barão do Rio Branco, no centro de Campo Grande. O prédio é dedicado a fomentar soluções, ideias e empresas que alavanquem a indústria do Estado e promete ser um ponto de encontro com os principais players do mercado. Com três pavimentos e 587,99 metros quadrados construídos, representa investimentos de R$ 3,23 milhões.
Longen exigiu o desempenho da Indústria sul-mato-grossense em números que provam o posicionamento do setor. Nos últimos 10 anos, foi o segmento econômico que mais aumentou a participação no PIB, de 18% para 22%, colocando Mato Grosso do Sul como o Estado do Centro-Oeste com maior índice de industrialização. A soma das riquezas do setor saltou de R$ 6,2 bilhões em 2009 para R$ 24,7 bilhões no ano passado. Neste ano, a previsão é de que chegue a R$ 26,3 bilhões e projeta-se um volume de R$ 31,6 bilhões até 2024.
Perspectivas
Dados apresentados pelo presidente da Fiems asseguram, ainda, que Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados brasileiros com maior crescimento no valor adicionado pela indústria de transformação em todo país, tendo saltado seis posições no ranking e hoje figura em 12º lugar, devendo chegar entre os 10 primeiros nos próximos levantamentos.
Os números refletem, também, os acertos das medidas adotadas pelo governo do Estado para estimular o setor. “Desde 2015 estamos trabalhando para dar segurança jurídica aos incentivos fiscais. Mato Grosso do Sul tem uma lei de incentivos, hoje, que é o Programa MS Empreendedor, sólida, totalmente regularizada junto às normas do CONFAZ, dando segurança jurídica a qualquer investidor até 2032. Nesse ponto avançamos muito, dando estabilidade aos incentivos fiscais em Mato Grosso do Sul”, pontuou o secretário.
O setor interrompeu uma sequência de quedas e desde 2018 tem apresentado crescimento na massa de trabalhadores diretos formalmente contratados. No ano passado eram 133.331 empregados, nesse ano a previsão é que feche com 136.650 e até 2024 alcance 150 mil trabalhadores, o que representará um crescimento de 50% em relação ao universo de empregados da Indústria no ano de 2009.
Outra estratégia fundamental apontada por Verruck é a logística. Ele citou como exemplos mais recentes a Ferroeste, que vai a leilão no próximo ano, ligando Maracaju ao porto de Paranaguá (PR) e a relicitação da Malha Oeste (Mairinque (SP) a Corumbá (MS), e a rota bioceânica. “A pergunta sempre é: quanto cresce o Estado e como podemos nos apropriar da rota bioceânica? Exemplo é a indústria frigorífica. Hoje, Mato Grosso do Sul exporta 17% de sua carne para o Chile. Com a rota bioceânica, dado a redução de custo de transporte, chegamos no primeiro ano com uma fatia de 30%, porque seremos mais competitivos que o Rio Grande do Sul. Hoje a carne de Mato Grosso do Sul sai daqui, vai até Uruguaiana, cruza a Argentina pra chegar ao Chile”.
Mais investimentos
O secretário citou mais investimentos na agroindústria já em fase de operação ou instalação, como a fábrica de embutidos de Dourados. “Investimento de R$ 1,2 bilhão que será a maior indústria de processamento de carne suína do país. E para trazer uma fábrica dessa, precisamos de uma reestruturação no agronegócio. Em Sidrolândia vai dobrar a capacidade de avicultura, de 200 mil para 400 mil aves por dia. Para isso são mais 70 criadores; em Bataguassu, lançamos a pedra fundamental de uma fábrica de hambúrguer exclusiva para a rede McDonald, investimento de R$ 140 milhões; ainda tem investimentos em Campo Grande, São Gabriel do Oeste.”
Por fim, Verruck revelou que há, na Semagro, 51 termos de acordo de incentivos fiscais para serem assinados. “Um investimento me chamou a atenção: de R$ 6 milhões, no município de Nova Alvorada do Sul, para processamento de urucum. Veja como está diversificando a base de produção do Estado. [O empresário] já tem mil hectares plantados com urucum e agora começa o processamento. Em Aparecida do Taboado, outro produtor plantou 3 mil pés de açaí e vai instalar uma indústria para processar açaí”.