Campo Grande (MS) – Os avicultores sul-mato-grossenses estão animados com o incentivo fiscal concedido pelo Governo do Estado. Já está chegando nas contas de energia a redução do ICMS da energia elétrica para o segmento, que caiu de 17% para 12%.
A criação de aves exige temperatura controlada, o que faz da eletricidade uma das despesas operacionais mais altas para a manutenção dos aviários. A queda no imposto reduz em torno de 5% o custo de produção, o que pode significar incremento de 15% a 18% na lucratividade dos avicultores, de acordo com cálculos da Associação de Avicultores de MS (Avimasul).
Com a economia, o produtor ganha fôlego para investir e elevar produção e produtividade. “É um incentivo para a cadeia produzir melhor e reinvestir no negócio”, avalia o presidente da Avimasul, Adroaldo Hoffmann, satisfeito com o que considerou um “desconto considerável” já percebido na conta de energia. O dirigente também aprovou a operacionalização do benefício. “O processo é muito simples”
O custo com eletricidade dificulta a adoção de tecnologias numa atividade altamente tecnificada. Em cerca de 30% dos criatórios do Estado os galpões ainda são convencionais, abertos, o que compromete a eficiência produtiva. O ideal seria o formato dark hause (casa escura), um sistema fechado que mantém iluminação e temperatura controladas.
Com uma produção de ciclo completo – que inclui ovos férteis, aves para recria e frangos para abate – o avicultor de Sidrolândia, Antonio Marcato, também comemora a redução na conta de luz. “Foi uma satisfação que a gente teve. Pra mim, foi um prêmio”, disse, emendando que ficaria mais satisfeito se o benefício fosse estendido para as matrizes de produção.
O avicultor mantém produção anual de 160 mil aves de recria, 5,5 milhões de ovos férteis e 3,6 milhões de frangos para abate e diz que a diminuição do imposto dá fôlego para investir. “A redução veio em bom momento, temos que agradecer”.
A redução do imposto representa uma renúncia fiscal de R$ 1,5 milhão anual para o Governo Estadual. “O Estado abre mão de receita para atender uma demanda antiga dos avicultores e estimular toda a cadeia do setor”, afirma o governador, Reinaldo Azambuja.
Com abate mensal de 12 milhões de aves, o que representa 4% do abate nacional, os avicultores esperam que o incremento possa atrair mais indústrias para o Estado. “A perspectiva é de que conseguiremos crescer e abater mais, alcançando uma lucratividade que nos permita permanecer no campo e fazer sucessores no nosso negócio”, prevê Hoffmann.
Os frigoríficos de abate de aves estão instalados em Sidrolândia e Caarapó (JBS), Dourados (BRF) e em Itaquirai e Aparecida do Taboado (Frangobelo). A atração de mais indústrias é fundamental para que os produtores tenham alternativa e, consequentemente, poder de negociação com os frigoríficos. O que não é possível com as plantas atuais, uma vez que o transporte de frango acima de 150 quilômetros torna-se inviável devido à perda de peso e alta mortalidade dos animais.
A avicultura do Estado é composta por cerca de 500 produtores integrados e 1,1 mil aviários que se concentram na região Centro-Sul, sendo que Sidrolândia e Dourados são os maiores produtores. Da produção anual de 400 mil toneladas de carne de frango, mais de 90% sai do Estado. “Nosso frango tem um controle rígido de doenças e patologias, o que nos torna potenciais exportadores”, afirma Hoffmann. Mato Grosso do Sul está na sétima posição do ranking nacional de exportações do produto, tendo como principais destinos países como Arábia Saudita, Japão e China.
(Rosane Amadori-Segov)