Campo Grande (MS) – A Bolívia iniciou em novembro a exportação de ureia para o Brasil e, nesta terça-feira (30) discutiu sobre contratos futuros com empresários interessados no produto e o Governo de Mato Grosso do Sul, durante encontro em Campo Grande. O Estado importa atualmente 335 mil toneladas anuais da ureia boliviana, mas com potencial para 800 mil toneladas.
Hoje o Brasil importa toda a ureia que necessita, por ser um insumo utilizado na composição de fertilizantes agrícolas. Com a presença do vice-ministro de Industrialização e Comercialização da Bolívia, Humberto Salinas e do governador Reinaldo Azambuja, os dois países e empresas puderam negociar a compra e venda do produto.
“Essa é uma extensão de reuniões que já tivemos na Bolívia e em Brasília com a intenção de avançar nas relações internacionais. Nós temos interesse no gás natural e na ureia vindos do país vizinho e essa negociação pode ser muito rentável para os dois países”, disse o governador Reinaldo Azambuja durante a abertura do evento.
O titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck conduziu os trabalhos e destacou os pontos que fundamentais na comercialização para que haja integração e desenvolvimento aos dois países. “O Brasil é um importador nato de ureia, sendo hoje o principal mercado do produto boliviano e um dos maiores do mundo, ou seja, existe potencial de mercado para ser atendido”, disse.
Entre as questões a serem definidas em relação a ureia, o secretário Jaime Verruck ressaltou a necessidade de estabelecer uma competitividade adequada, avançar na questão alfandegária e destravar o transporte ferroviário até Campo Grande. “Nós já avançamos com a autorização da entrada dos caminhões na Bolívia, mas podemos ganhar em competitividade e redução de custo com o uso da Ferroeste e colocando em prática o projeto da ferrovia Transamericana”.
Para adiantar as negociações, o diretor geral da Ferrovia Oriental no Brasil, Christian Sandke esteve na reunião e lembrou do potencial do modal e das facilidades que a integração da ferrovia dos dois países poderia trazer. A ideia brasileira é de levar ureia da Bolívia para Campo Grande e retornar com grãos para exportação.
A demanda de ureia boliviana também tem atraído novos investidores para Mato Grosso do Sul, como a Hinove que tem uma fábrica de fertilizantes no interior de São Paulo e negocia a construção de uma filial no Estado. O diretor Renato Benatti explica que a demanda é de 1 milhão de toneladas de fertilizantes nitrogenados a base de uréia por ano para MS e que sua unidade será voltada para atender o setor sucroenergético.
Ex-presidente da Associação sul-mato-grossense de produtores de Soja, Almir Dalpasquale, participou para falar sobre a importância dos fertilizantes nitrogenados para a agricultura no Estado, que é hoje um grande produtor de soja e milho, e ressaltou aos bolivianos a demanda pela ureia.
De acordo com o Ministério de Hidrocarburos da Bolívia, a planta de ureia instalada em Bulo Bulo, exigiu um investimento de US $ 950 milhões e possui uma capacidade de produção de 2.100 toneladas por dia (700 mil toneladas por ano). Espera-se que entre 85% e 90% da produção total sejam exportados para os mercados da região. A produção está sendo escoada pelo terminal de Gravetal, em Porto Quijarro.
Foto: Chico Ribeiro/Notícias MS