Dourados (MS) – Com canteiros alinhados, sistema de irrigação e integração entre vegetais e aves, a horta BIOS (sistema biológico, orgânico e sustentável) está dando o que falar entre os visitantes da segunda edição da Tecnofam (Tecnologias e Conhecimentos para Agricultura Familiar), realizada de 11 a 13 de maio, em Dourados.
Criada pelo engenheiro agrônomo, da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Alfeu Ohlweiler, a horta é um modelo evoluído do Sistema Mandala, que visa promover a produção de alimentos orgânicos, a otimização do espaço para cultivo e o uso racional da água. “A horta BIOS é um sistema diferenciado do arranjo comum de hortas. No centro dela colocamos um viveiro. Isso permite que o produtor possa cuidar melhor o desenvolvimento das mudas ao mesmo tempo em que trabalha com o manejo das hortaliças”, explica.
Além da proximidade da estufa, o projeto agrega também a ideia de produção de adubos orgânicos. “Atrás da horta posicionamos o galinheiro e o esterco produzido pelas aves serve de compostagem para fertilização dos canteiros. Sem contar que as sobras das verduras também podem ser utilizadas para alimentar as galinhas, ou seja, é um sistema inteligente de constante reaproveitamento”, conta Alfeu.
E se já não bastasse tudo isso, a horta BIOS ainda respeita o meio ambiente por não agredir até mesmos os animais que a princípios seriam vistos como pragas, os insetos. “A ideia é gerar produtividade ao homem do campo de forma consciente, por isso incentivamos o uso de repelentes naturais a base de alho, pimenta e outras variedades, que afastam os insetos sem mata-los. Muitas das vezes não damos a devida importância para os insetos, mas algumas espécies como a joaninha, por exemplo, tem o seu papel. Ela é predadora natural do pulgão, conhecido também como piolho-de-plantas”, diz.
Acostumada a mexer com horta, a agricultora familiar do assentamento Itamarati, Ângela Russo, ficou encantada com todo o sistema. “A gente estava trabalhando errado e, agora, aprendemos a forma certa. Eu usava o esterco das galinhas só para adubar minhas plantas de jardim. Pretendo ter uma horta assim. Vou conversar com a Agraer de Itamarati [Ponta Porã]. Gostei muito”, garante a mulher.
Outro que aprovou a ideia do projeto foi o senhor Gerson Izido, produtor tradicional do município de Itaporã. “Já trabalho com hortaliças orgânicas só ainda não consegui a certificação, mas estou correndo atrás. Lá uso o húmus de minhoca como adubo, mas gostei muito da ideia do galinheiro e das plantas repelentes ao redor da horta”.
Por conta do seu formato, onde o viveiro centralizado no terreno, e a partir dele, canteiros dispostos aos seus quatro lados, que podem ser aumentados de acordo com a necessidade do produtor. O projeto também permite o aumento da estufa e galinheiro, caso haja uma demanda maior de mudas ou insumos. Já para no sistema de irrigação é utilizada uma caixa d’água de 5 mil litros com tubos gotejadores ou microaspersão.
Em uma área de 304m², é possível na horta o cultivo de alface, coentro, cenoura, quiabo, pepino, feijão, abobrinha e rúcula.
A horta Bios faz parte do “Dia de Campo” da Tecnofam, evento promovido pela Embrapa de 11 a 13 de maio. A programação completa do evento pode ser visitada neste link: http://bit.ly/1SXbkez. A inscrição é gratuita.
Tecnofam – Durante todo o dia, os participantes trocam ideias com técnicos e pesquisadores sobre diversas tecnologias nas tendas da Mostra, que ficam logo na entrada do evento; 12 tecnologias a campo, localizadas na vitrine tecnológica da Embrapa Agropecuária Oeste logo após as tendas. De 13h30 às 16h30, os interessados podem fazer uma das cinco oficinas práticas, ao lado das tendas, com vagas limitadas e inscrições diárias a partir das 12h30 no local. Também estão presentes a feira de Agricultura Familiar, mostras de equipamentos e implementos agrícolas, CAR-móvel do Imasul para o cadastro ambiental rural e ações do CCZ com a Embrapa contra o mosquito Aedes aegypti.
Aline Lira – Assessoria de Comunicação Agraer/ Fotos: Dunga