Campo Grande (MS) – O governador Reinaldo Azambuja participa nesta terça-feira (28), em São Paulo, do lançamento do PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) da chamada Nova Ferroeste, uma ferrovia que ligará o município de Dourados a cidade de Paranaguá, no Paraná, visando escoar a produção dos dois estados e do Paraguai.
O lançamento de hoje abre o projeto para empresas manifestarem interesse em fazer os estudos iniciais. Essa é a primeira fase e o levantamento terá que analisar pontos essenciais da ferrovia, sendo a viabilidade econômica, técnica e ambiental.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, explica que há gargalos na ferrovia que devem ser considerados, principalmente ao lembrar que a viabilização do eixo logístico depende da carga que sai de Mato Grosso do Sul.
A carga é o primeiro ponto a ser analisado pelo estudo, ampliando as opções além dos grãos. “A própria estratégia de Mato Grosso do Sul é cada vez mais agregar valor aos grãos, então é importante ter vários pontos de carga e recarga pensando em proteína animal, combustíveis, celulose e grãos”, afirma.
Dentro disso é essencial que haja uma análise sob o ponto de vista dos trechos logísticos, que vão viabilizar a ferrovia. Há ainda a necessidade da construção de uma ponte de 4 quilômetros, em trecho ainda a ser definido, que precisa entrar nos critérios técnicos de infraestrutura.
A questão ambiental também é um gargalo. De acordo com o secretário Jaime Verruck a ferrovia passa exatamente na fração de Mata Atlântica de MS. “Os estudos ambientais vão ser muitos criteriosos por que a lei veta o desmatamento nessa região. Além disso, ela passa na Apa Federal, portanto o licenciamento provavelmente será feito pelo Ibama com apoio do ICM Bio”.
A PMI acontece inicialmente para que todos os elementos para a construção da ferrovia sejam analisados, levantando por exemplo, taxas de risco e de atratividade mínima. “Hoje não existe capacidade de investimento público, por isso que estamos buscando investimentos privados e a partir disso se faz uma licitação para ver quem tem interesse em investir”.
Projeto
O Governo do Paraná tem encabeçado a proposta, que conta com apoio do Governo de Mato Grosso do Sul e Governo Federal, por intermédio da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e do Ministério da Agricultura, que já deram aval ao projeto.
O trem é visto como a melhor alternativa para reduzir custos e tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, já que o uso maior do transporte rodoviário encarece o frente das commodities, graneis e produtos de baixo valor agregado, cargas típicas do modal ferroviário, que exigem o transporte de grandes volumes em longas distâncias.
O valor estimado do estudo é de R$ 24 milhões, sendo que é de R$ 10 bilhões, aproximadamente, o custo médio para a implantação da nova ferrovia e do novo ramal que juntos devem alcançar a extensão de mil quilômetros de trilhos.
A nova ferrovia será composta por dois trechos ferroviários: Trecho 1 – Guarapuava ao Porto de Paranaguá, no Paraná (concessão estadual). Concessão estadual com 400 km de extensão, descendo a serra em paralelo à BR-277.
Trecho 2 – Dourados, no Mato Grosso do Sul, a Guarapuava, no Paraná (a subconcessão federal deste segmento já é da Ferroeste), com a construção de 350 km de ferrovia.
O traçado prevê ainda a revitalização do trecho de 250 km já existente operada pela Ferroeste entre Guarapuava e Cascavel. Este trecho também será subconcenssionado.