Campo Grande (MS) – A discussão em âmbito regional, do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, será discutido pelo governo do Estado na 3ª Conferência Estadual da Juventude, que acontecerá entre os dias 16 e 17 de outubro, em Campo Grande, com o tema ‘As Várias Formas de Mudar o Brasil’.
O assunto foi debatido nesta sexta-feira (21), durante encontro do titular da Secretaria de Estado da Produção e Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lamas, com o subsecretário de Politicas Publicas para Juventude, Thiago Freitas, com o coordenador de programas e ações para a Juventude, Diego Mariano, e o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em Mato Grosso do Sul, Gerson Faccina.
“Discussões sobre a sucessão estão acontecendo em todos os níveis. Estamos atentos e envolvidos por que temos consciência da importância de ações que fortaleçam os programas voltados para esses jovens e mais ainda a importância da permanência deles no campo para a continuidade do bom desempenho do setor produtivo”, frisou Lamas após a reunião.
Segundo Thiago, na Conferência, as atividades serão realizadas a partir de três eixos: “Socializando direitos”, “Fortalecimento de Práticas e Políticas” e “Fortalecimento Institucional”. Nesta etapa estadual, serão eleitos os delegados representantes de Mato Grosso do Sul que vão participar da etapa nacional que acontecerá em Brasília (DF) no período de 5 a 8 de dezembro de 2015.
Gerson lembra que antes da Conferência Estadual será realizada no município de Itaquiraí – com apoio da EFAITAQ e UFGD – a Conferência Territorial, com o objetivo de reconhecer e potencializar as formas de expressão juvenil, combater o preconceito e subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural. Segundo ele, as conferências ‘são uma ferramenta de participação importante e propiciam a discussão das políticas públicas de juventude’.
O espaço, segundo Gerson, é fundamental para promover debates, em diversos setores da sociedade brasileira, em especial junto às populações do campo, que podem contribuir para o fortalecimento da Política Nacional de Juventude. Com o tema ‘As várias formas de mudar o Brasil’, a #3confjuv reunirá a diversidade da juventude, inclusive aquelas tradicionalmente pouco escutadas, como é o caso dos jovens do campo.
* Sucessão familiar no campo
Quase um terço das propriedades rurais no Brasil, cerca de 1,5 milhão de imóveis, foram obtidas por meio de herança, segundo o último Censo Agropecuário Brasileiro. Além do enorme valor afetivo para as famílias envolvidas essas propriedades são responsáveis por produzir os alimentos consumidos no Brasil e exportados para todo o mundo. Com o crescimento do número de proprietários de imóveis rurais no país a sucessão familiar no campo vem sendo apontada por especialistas como um ponto de atenção.
A paixão pela terra é transmitida pelos pais e a divisão das tarefas, o engajamento dos filhos e a falta de profissionalização para empreender no campo são obstáculos a serem superados pelos produtores. O envolvimento de todos, em especial das mulheres, na gestão da propriedade são primordiais para que não se venda a terra a terceiros. Neste tema a emoção é a regra e os esforços são medidos em safras. São várias colheitas para mandar os filhos estudarem na cidade.
Para os jovens vocacionados ao trabalho no campo, o pouco acesso à tecnologia, modernidades e facilidades das cidades é apenas mais um desafio a ser encarado. Para os não vocacionados é mais um ponto de contenda junto ao esperado conflito de gerações e baixa autoestima do produtor, visto atualmente como inimigo da sociedade.
A sucessão familiar rural pode ser abordada por vários ângulos e o foco na relação familiar é apenas um deles. Com a mão-de-obra especializada escassa nas cidades e mais ainda no campo, compreender e aceitar que a transferência da administração da terra é um processo natural reduz o desconforto ao se tratar de assunto tão delicado. Como tudo na vida familiar, o diálogo e o respeito pelas individualidades levam a resolução dos conflitos de forma pacífica e sem perder o foco no que realmente importa nestas questões: os laços afetivos formados da lida diária do campo.
* Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Texto e Foto: Kelly Ventorim