O governador Eduardo Riedel recebeu, manhã dessa quinta-feira (11), representantes de associações e câmaras setoriais das diversas cadeias produtivas de Mato Grosso do Sul no Gabinete Itinerante instalado no estande do Governo do Estado dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho, por ocasião da realização da 84ª Expogrande (Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande). O vice-governador José Carlos Barbosa e os secretários de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck; e de Governo, Rodrigo Perez, e o presidente da Famasul (Federação de Agricultura), Marcelo Bertoni, acompanharam as agendas, além de outros assessores.
A primeira agenda, logo às 7h30, foi com a diretoria da Associação Sul-mato-grossense de Produtores de Novilho Precoce (ASPNP). O presidente da Associação, Rafael Gratão, disse que o item principal da pauta foi a reformulação do Programa Precoce MS que passará a contemplar não apenas as características do animal, como também de todo processo produtivo, com adição de boas práticas de manejo, pastagens e todas as ações envolvendo a criação, de forma a melhorar ainda mais a qualidade do produto.
Verruck avaliou as inovações no Precoce MS e aposta em ganhos tanto para o produtor, quanto para o consumidor e também para o Estado. “O programa se modernizou, ajustando-se a essa nova tendência que é exatamente a sustentabilidade junto com a produção. O setor trouxe toda a modernização e os processos vão ser auditados agora. É um programa que visa aumentar a produtividade, com qualidade de carne e fazendo com que essa carne saia com selo de sustentabilidade de Mato Grosso do Sul”, frisou.
A segunda reunião foi com os representantes da Assumas (Associação Sul-mato-grossense de Suinocultores). A possibilidade de atração de novas empresas para o Estado foi destaque na conversa, segundo afirmou o presidente da Assumas, Milton Bigatão, que descreveu como “muito boa” a reunião com o governador. A certificação do Estado como livre da febre aftosa deve abrir o mercado exterior para a carne suína e, com isso, indústrias que só aguardam essa providência devem apressar em vir para o Estado.
A suinocultura é uma cadeia em forte expansão no Estado e prioridade em linhas de financiamento, conforme avaliou o secretário Jaime Verruck. “Nós temos as duas grandes empresas com investimentos somados para R$ 2 bilhões. E também outros players estão vindo para o Estado, devemos ter um anúncio nos próximos meses de novas indústrias que vêm para processar a carne suína. É uma cadeia em franca expansão, reúne toda a competitividade, tecnologicamente avançada, tem recurso financeiro e tem mercado. E aí é importante destacar: no momento em que recebermos a certificação internacional de área livre de febre aftosa, nós vamos abrir grandes mercados como o próprio mercado japonês. Isso muda a realidade da suinicultura do Estado.”
A pauta seguinte foi com os associados da ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável). “Foi uma oportunidade de estar junto ao governador, expor a ele e à equipe técnica, os avanços que temos trazido aos programas da Carne Orgânica e Carne Sustentável do Pantanal”, afirmou o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta. A ideia é promover novos projetos e ampliar os já existentes para mais abranger mais produtores, sobretudo criadores de bezerro.
O governador recebeu, na sequência, representantes da Associação dos Avicultores de Mato Grosso do Sul (Avimasul). A principal preocupação do setor é com relação ao abastecimento de energia elétrica, que precisa ser constante nos aviários para garantir o bem-estar dos animais. “O governador se dispôs a fazer gestão junto à Energisa para atender essa demanda”, disse a presidente da associação, Kelma Carrenho.
Com membros da Câmara Setorial do Leite foi tratado detalhes do Proleite, programa que o Governo do Estado vai anunciar nos próximos dias. “O programa tem um conjunto de ações, inclusive de consumo, que visam reestruturar a cadeia do leite, que é uma cadeia complexa, mas de pouca produção ainda no Estado”, observou Verruck.
O setor busca resgatar a competitividade do leite no Estado. “Caiu muito de produção nos últimos anos. Saímos de 396 milhões de litros em 2014 para 191 milhões de litros em 2023”, disse o coordenador da Câmara Setorial do Leite, Paulo Fernando. “As indústrias do Estado estão ociosas em quase 50%; hoje existe coisa mais atrativa que o leite, falta estímulo. A soja, a floresta, o suíno, a ave, são mais atrativos que o leite”, disse. A busca por apoio do Estado visa dar impulso ao setor e reverter a situação atual.
A cadeia de piscicultura também esteve presente. O presidente da Câmara Setorial, Simão Brun, levou uma pauta enxuta e disse que recebeu sinalização positiva do governador. Entre as demandas está o apoio do Governo na divulgação de festas de promoção e incentivo ao consumo de peixe. O setor também se ressente da deficiência no fornecimento de energia elétrica. “Para modernizar a estrutura interna, dependemos da rede de energia”, ponderou.
“Temos um grande avanço na piscicultura no Estado, principalmente na produção de tilápia. Somos o segundo maior exportador do país de carne de tilápia. Mas nós temos que olhar para esse chamado peixe redondo e nativo, que tem um grande mercado e hoje está sendo atendido por outros Estados. Nós achamos que a piscicultura é uma cadeia que está fácil de resolver, porque a tecnologia é disponível”, avaliou o secretário Jaime Verruck.
Por fim, a última reunião da manhã dessa quinta-feira (11) foi com representantes da Câmara Setorial da Apicultura. “Vamos lançar o Plano Estadual de Apicultura ainda nesse ano, discutimos também sobre melhorias na cadeia produtiva, processos de produção, comercialização. O Governo do Estado tem apoiado com capacitação e orientação técnica”, disse o presidente da Câmara Setorial, Cláudio Koch. Mato Grosso do Sul tem 1 mil produtores cadastrados e a produção chega a mil toneladas de mel por ano.
“Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado que criou uma inscrição estadual para o apicultor. Ele pode fazer na casa dele, porque essa apicultura é itinerante. Essa inovação foi muito bem recebida e comemorada pelo setor, que agora está se organizando para elaborar um plano estadual de apicultura. O Governo do Estado está junto, apoiando a cadeia em todas as etapas”, completou Verruck.
O secretário avaliou como extremamente proveitosa a agenda de reuniões com representantes dos setores produtivos rurais do Estado. “Nós temos que ser competitivos na estrutura da cadeia produtiva. Não adianta eu ser muito bom só no agro e não ser na agroindústria ou só na agroindústria e não no agro. Nós temos que ter esse equilíbrio no processo de desenvolvimento para, exatamente, buscar aquilo que o governador quer: temos que beneficiar as nossas matérias-primas, promover diversificação e agregação de valor na economia”, concluiu.
Texto: João Prestes
Foto: Mairinco de Pauda