Na opinião de Alinne, fora a instabilidade das bolsas internacionais, para o Brasil, o impacto deve demorar a ser sentido, já que a saída não será imediata. “A relação bilateral entre Brasil e Reino Unido é positiva em termos políticos, comerciais e de cooperação. Portanto, não afetará a importância desta relação. Seguiremos com uma agenda positiva e, possivelmente, poderemos aprofundá-la em termos comerciais já que, sem as restrições da União Europeia, o Reino Unido poderá, mais agilmente, negociar acordos e buscar benefícios diretos a seus cidadãos”.
Desta forma, continua a superintendente de Relações Internacionais da CNA, poderão surgir novas oportunidades para o Brasil, em especial para o setor agropecuário, “se pudermos aprofundar as relações comerciais com o Reino Unido, promovendo, assim, melhor acesso ao mercado daquele país para nossos produtos”. Leia mais sobre o tema em outra reportagem da Sociedade Nacional de Agricultura: “Brasil pode ampliar mercado no Reino Unido, analisa diretor da SNA Márcio Fortes” (sna.agr.br/?p=33870).
AÇÚCAR, CARNES E CAFÉ
Na visão de Alinne, produtores nacionais de açúcar, carnes, café, entre outros produtos agropecuários, poderão se beneficiar de uma parceria ainda mais intensa entre os países. “Por enquanto, precisamos aguardar as diretrizes das negociações da saída do Reino Unido da UE para podermos quantificar possíveis ganhos – ou perdas – para a relação bilateral comercial com o Brasil. Certamente, a parceria política e de cooperação continuarão fortes, assim como tem sido historicamente.”
Em entrevista à equipe SNA/RJ, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, também faz sua avaliação sobre a saída do Reino Unido da União Europeia: “O Reino Unido é um relevante importador de alimentos e, neste sentido, com as mudanças ocorridas no cenário político-econômico, não acreditamos que acontecerão retrações e, sim, oportunidades para a intensificação dos negócios”.
Sozinho, informa Turra, o Reino Unido é um grande importador de carne de frango do Brasil, tendo importado 77,5 mil toneladas, em 2015. “Neste contexto, mais livre das amarras do bloco, o país europeu poderá intensificar os negócios com os exportadores brasileiros, visto que temos custos competitivos para abastecer este mercado. Obviamente, nossa estratégia será a de complementariedade de mercado, atendendo aos espaços que os produtores locais não ocupam”, salienta o presidente da ABPA.
Em contato com a equipe SNA/RJ, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) optou por enviar um comunicado oficial, comentando sobre a mudança da União Europeia: “No momento, é impossível quantificar o impacto desta medida para as exportações de carne bovina brasileira, sem que sejam esclarecidas as regras de acesso ao mercado britânico”.
EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA
De acordo com a Abiec, as exportações de carne bovina para o Reino Unido representam 19% em valor e 24% em volume do que é exportado do Brasil para a União Europeia. Em relação ao total exportado pelo País, o Reino Unido representa apenas 2,6% do volume embarcado pelo produtor brasileiro para todo o mundo.
“A Abiec lembra que o Reino Unido é um importante mercado para carne industrializada. As exportações do Brasil para o Reino Unido representam, para esta categoria em específico, 19% do valor e 23,5% do volume total exportado pelo Brasil, devido aos britânicos serem grandes consumidores de corned beef (carne bovina em conserva)”, destaca a instituição, por meio do comunicado.
Ainda segundo a Associação, “nos últimos anos, a União Europeia criou uma serie de barreiras restritivas ao comércio com o Brasil, sejam elas sanitárias ou pela imposição de cotas”. “Algumas destas barreiras são tecnicamente injustificáveis e, por este motivo, esta entidade considera que, após a saída daquela nação do bloco europeu, uma negociação direta com o Reino Unido poderia ser facilitada, visando ao incremento das exportações brasileiras de carne bovina.”
Por equipe SNA/RJ