A Frente Parlamentar para o Acompanhamento da Implantação da Rota Biocêanica instalada na quinta-feira (21) pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (AL-MS) amplia o nível de governança no processo de efetivação desse novo corredor rodoviário. A avaliação é do secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que participou da cerimônia de instalação da Frente Parlamentar.
A solenidade contou com a participação do deputado estadual Zeca do PT, coordenador da Frente, dos parlamentares estaduais, do ministro de Carreira Diplomática de Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro; da ministra do Planejamento, Simone Tebet, do governador Eduardo Riedel, os ex-governadores André Puccinelli e Reinaldo Azambuja, além do ex-presidentes do Brasil, Michel Temer, e do Paraguai, Mario Abdo Benitez, entre outras autoridades.
“No governo federal, no âmbito do ministério do Planejamento, já existe uma comissão, um subcomitê nacional para tratar especificamente dos corredores bioceânicos. Por isso, estabelecer uma frente parlamentar é importante para dar o destaque e a dimensão necessária à Rota Bioceânica. Assim como o Executivo já faz o trabalho de coordenação dessas atividades, é fundamental que o Poder Legislativo também tenha um fórum específico para avaliar não somente os impactos no Mato Grosso do Sul, mas também ser propositivo”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
Instituída pelo Ato 04/2023 da Mesa Diretora e coordenada pelo deputado Zeca do PT, a Frente Parlamentar irá acompanhar os investimentos e ações para implantação da Rota Bioceânica, e ainda propor e discutir as políticas públicas relacionadas ao projeto. A ponte binacional ligará Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai. Também fazem parte do grupo de trabalho os deputados estaduais: Antonio Vaz (Republicanos), Coronel David (PL), Gerson Claro (PP), Jamilson Name (PSDB), João Henrique (PL), João César Mattogrosso (PSDB), Junior Mochi (MDB), Lia Nogueira (PSDB), Lidio Lopes (Patriota), Londres Machado (PP) , Lucas de Lima (PDT), Mara Caseiro (PSDB), Marcio Fernandes (MDB), Paulo Corrêa (PSDB), Pedro Kemp (PT), Pedrossian Neto (PSD), Professor Rinaldo Modesto (Podemos), Rafael Tavares (PRTB), Renato Câmara (MDB) e Roberto Hashioka (União).
Novos mercados para Mato Grosso do Sul
A Rota Bioceânica deverá abrir um novo mercado de consumidores para Mato Grosso do Sul por meio de novos fluxos de comércio. “O Corredor abrirá um mercado de 180 milhões de consumidores, ao integrar módulos logísticos já existentes e permitir uma movimentação de cargas mais eficiente, ele não se limita a transporte. É uma plataforma de desenvolvimento econômico e social local. É algo muito amplo e profundo”, afirmou o ministro Parkinson de Castro, que palestrou durante o evento de instalação da Frente Parlamentar para o Acompanhamento da Implantação da Rota Bioceânica. Entre outros alcances comerciais da Rota Bioceânica, o ministro mencionou exportações de carne para o Peru, Equador e Colômbia, a menor custo e tempo, e movimentação de cargas pelo Chile.
O projeto da Rota está avançado e uma das mais importantes obras, a Ponte Carmelo Peralta-Porto Murtinho, estará concluída no primeiro trimestre de 2025, segundo informou o ministro Parkinson. Além disso, o último trecho da Transchaco, de 220 quilômetros, foi licitado e as obras começam no segundo semestre de 2023. Do lado do Brasil, o processo licitatório para construção de rodovia em Mato Grosso do Sul, com investimento superior a R$ 300 milhões, inicia-se no próximo mês, conforme disse a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que também participou do evento.
Em relação aos ganhos econômicos com a exportação via Oceânico Pacífico pelos portos chilenos, Parkinson afirmou que a redução estimada no tempo de viagem é de 23% ou de 12 dias se comparado com o escoamento pelo Porto de Santos. “Em Santos, os navios demoram em média quatro vezes mais tempo em fundeio, atracação e movimento da carga do que em Antofagasta [no Chile]”, detalhou.
O ministro teceu outras comparações que dimensionam as vantagens da Rota Bioceânica. “Quando a mercadoria chilena entra no Brasil por via terrestre, por meio de São Borja ou Uruguaiana (RS), percorre 4.516 quilômetros para chegar a Campo Grande. Com a Rota Bioceânica, a mesma origem e destino, será percorrida em 2.396 quilômetros”, comparou. São 2.120 quilômetros a menos.
Os caminhos pela Argentina e pelo Paraguai também serão mais curtos e econômicos. “Mercadorias argentinas procedentes de Salta para Campo Grande entram pelo sul do Brasil, percorrendo 4.049 quilômetros. A Rota Bioceânica permitirá que a mesma origem-destino seja percorrida diretamente em 1.966 quilômetros”, citou o ministro. “Os produtos paraguaios exportados por via terrestre ingressam no Brasil por Foz do Iguaçu. A distância percorrida é de 1.512 quilômetros. No entanto, ao usar o Corredor, fica reduzida a 730 quilômetro”, acrescentou.
Com informações da AL-MS
Fotos: Afrânio Pissini, Semadesc