A produção de carne de frango deve atingir 12,9 milhões de toneladas em 2016, volume 1,8% inferior em relação às 13,1 milhões de toneladas registradas em 2015. Já as exportações devem crescer cerca de 2%, na mesma comparação, totalizando 4,30 milhões de toneladas embarcadas, o equivalente a uma receita de US$ 6,875 milhões, montante 4,1% inferior ao ano anterior.
Os números estimados dos setores de avicultura e suinocultura e ovos, em 2016, e as perspectivas para o próximo ano foram apresentados à imprensa na terça-feira, 13 de novembro, em São Paulo, durante coletiva de imprensa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“A retração na produção de frangos está diretamente relacionada à crise econômica que afetou o país, gerando desemprego e diminuindo o consumo”, avaliou Francisco Turra, presidente executivo da ABPA e membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Ele ainda disse que outros fatores, como a oscilação cambial, elevação dos juros e escassez de crédito, também contribuíram para o cenário negativo no setor de proteína animal.
Os maiores importadores do frango brasileiro nesse período foram o Oriente Médio, principalmente a Arábia Saudita, para onde o Brasil exportou 17,2% de sua produção, seguido da China (11,4%) e Estados Unidos (9,2%).
Em relação à disponibilidade do produto para consumo interno, o levantamento da ABPA informa que esse número também deverá sofrer uma sensível queda, chegando a 8,47 milhões de toneladas, 4% abaixo das 8,84 milhões de toneladas de 2015. Como resultado, o consumo interno deve atingir os 41,1 quilos de carne de frango por habitante, o que representa um consumo per capita 4,9% menor que no ano passado.
BOM DESEMPENHO DOS SUÍNOS
Diferentemente do frango, o setor de suínos registrou bom desempenho em 2016. “A produção total de suínos deverá aumentar 2,4%, chegando a 3,7 milhões de toneladas, frente às 3,6 milhões de toneladas produzidas no ano anterior”, comemora Turra.
As exportações de carne suína devem alcançar 720 mil toneladas, aumento de 30% em relação às 555 mil toneladas embarcadas no ano anterior. Já a receita, deve encerrar o ano com um saldo de U$ 1,444 bilhão, valor 13% superior a U$ 1,279 bilhão, na mesma comparação.
Os maiores mercados consumidores do produto brasileiro, entre janeiro e novembro de 2016, foram Rússia, com 231,3 mil toneladas, seguida de Hong Kong (152,8) e China, que passou de 4 mil toneladas em 2015 para 82,1 mil toneladas neste ciclo, aumento de 1.952% na importação de carne suína do Brasil.
Porém, no mercado interno, segundo levantamento da ABPA, haverá retração de 3,5% no consumo: de 3,1 milhões de toneladas, no ano passado, para 2,9 milhões de toneladas, em 2016. “A diminuição da oferta de carne suína teve impacto no consumo interno, refletindo no consumo per capita, que baixou para 14,4 quilos em 2016, 4,9% abaixo do patamar registrado em 2015, quando foram consumidos 15,2 quilos de carne suína por pessoa”, explica o vice-presidente técnico da ABPA Rui Eduardo Saldanha Vargas.
OVOS
Segundo estimativa da ABPA, a produção nacional de ovos deve alcançar 39,1 bilhões de unidades em 2016, 8% abaixo das 39,5 bilhões de unidades produzidas no ano anterior. Já o consumo per capita, deve cair 0,7%, chegando a 190 unidades, uma unidade a menos do que as 191 consumidas em 2015.
Quanto às exportações do setor, as 9,799 mil toneladas embarcadas entre janeiro e novembro de 2016 representam volume 41,7% inferior ao que foi exportado no mesmo período do ano anterior, retração de 75,8%.
Os maiores importadores do ovo brasileiro foram os Emirados Árabes (64%), Japão (4%), Uruguai e Bolívia (ambos com 3%).
PERSPECTIVAS PARA 2017
A ABPA prevê, para 2017, elevação de 3% na produção e 5% nas exportações de carne de frango. Para a carne suína, é esperada uma evolução de 2% na produção e 5% nas exportações.
Já o setor de ovos, deve ter crescimento de 2% na produção e 3% nas exportações. “Temos um cenário um tanto instável no setor de ovos, devido, principalmente, à falta de abertura de novos mercados, mas as perspectivas para 2017 são boas”, analisa Turra.
Segundo ele, apesar de 2016 ter sido muito desafiador e recessivo, com diminuição de consumo de todas as carnes, causado pela queda de renda e desemprego, o setor de proteína animal ainda teve algo a comemorar. “Exportamos bem no setor de carne suína, com um incremento de 30% em relação ao ano anterior. Além disso, as vendas externas de carne de aves cresceram na casa de 2%, sem a perda de nenhum mercado.”
Para Turra, com o custo menor dos insumos, o cenário será mais estável, pois a produção e a previsão de safra de grãos estão boas e o mercado externo ajudará alavancar o desenvolvimento do setor.
“Acredito nisso porque não temos registro de gripe aviária, o que permitirá a abertura de novos mercados, devido ao banimento de outros países exportadores desses produtos”, destaca. ”Também estou muito otimista em relação aos suínos e até mesmo na área de genética e ovos para exportação e no aumento do consumo interno.”
O vice-presidente técnico da ABPA acredita que as expectativas para 2017 serão favoráveis para o setor de suínos, lembrando que o país passa por um momento de recuperação político econômica, o que aumenta a credibilidade, não só do mercado nacional como também do exterior.
“Nossa expectativa é bastante positiva, vamos continuar produzindo, e com qualidade, acessando novos mercados e aumentando cada vez mais o nosso ganho de divisas com a exportação do nosso produto”, opina Vargas.
Ainda de acordo com Vargas, algumas indústrias, mesmo com a crise, exportaram bem e conseguiram conquistar mercados importantes e não tiveram muitos problemas, o que manteve alguns índices do setor em alta. “Porém outras indústrias tiveram dificuldades, pois não estavam preparadas para enfrentar fatores de risco da produção, como o milho, por exemplo, que teve um período bastante difícil, mas, no geral, o setor sobreviveu a uma situação bastante complicada que tivemos em 2016”, avalia.
O vice-presidente de mercado da ABPA, Ricardo Santin, também acredita que 2017 será positivo, principalmente para as exportações. “O próximo ano acena com a possibilidade de abertura de novos mercados para os nossos produtos.”
Por equipe SNA/SP