Origem
Luz ultravioleta
A tecnologia de foto-hidroionização provém do conhecimento que se tem da capacidade higienizadora da luz ultravioleta (UV). Em um comprimento de onda de 254 nm, esse tipo de luz é capaz de eliminar micro-organismos por meio da destruição de seu DNA e RNA. O tempo de exposição e a distância entre a luz e a superfície do micro-organismo são extremamente importantes nesse processo, que se torna eficaz apenas quando a luz entra em contato com o alvo a ser higienizado.
Reator de oxidação fotocatalítica
Conhecendo-se a capacidade higienizadora da luz ultravioleta, concebeu-se um reator no qual a luz incide sobre uma base catalítica, que gera Processos Avançados de Oxidação (PAOs). Estes compostos são oxidantes que destroem os micro-organismos. O reator apresentou resultados excelentes, porém funciona apenas se o alimento estiver em seu interior. Sua eficácia é diretamente proporcional à área na qual a luz UV incide. Os compostos oxidantes resultantes são íons de hidróxidos (mais fortes), flúor (segundo mais forte), ozônio, cloro, bromo, peróxido de hidrogênio e oxigênio. Todos eles são inofensivos aos seres humanos, mas são extremamente devastadores para micro-organismos e moléculas orgânicas. Esses compostos oriundos dos PAOs têm reações químicas 40 vezes mais rápidas do que as do ozônio, por si só, e são cerca de 3.000 vezes mais rápidos do que o cloro em sua forma química. Quando agem, geram água e oxigênio e não produzem resíduos perigosos.
Foto-hidroionização
Com a experiência obtida por pesquisadores pioneiros, descobriu-se que os PAOs podiam ter um efeito além do esperado. A reação da foto-hidroionização acontece quando a luz ultravioleta incide em uma superfície revestida de 4 metais diferentes (prata, cobre, ródio e titânio). Esse revestimento, em combinação com a luz, destrói ligações; libera e retém elétrons; absorve vapor d’água e permanece imutável ao longo do processo. A luz ultravioleta, em um comprimento de onda de 185 nm, produz ozônio quando em contato com o oxigênio. No comprimento de onda de 254 nm, inicia-se a decomposição do ozônio, que se converte em PAOs. Estes produtos antioxidantes são capazes de se transportar em forma de vapor, e, além de serem ótimos germicidas, conseguem quebrar moléculas orgânicas responsáveis pelo mau cheiro. Diferentemente dos produtores do ozônio, a foto-hidroionização é inofensiva aos responsáveis pela operação desse tipo de maquinário, uma vez que aproximadamente 90% do ozônio resultante se decompõe em compostos oxidantes. Essa tecnologia pode ser utilizada em tubulações para higienizar soluções de salmoura e outros líquidos; pode ser aplicada em um túnel, pelo qual o produto a ser higienizado passa antes de ser embalado; ou pode, também, ser empregada em unidades que geram correntes de ar repletas desses oxidantes. O efeito de qualquer uma das três aplicações é altamente eficaz: alterou o odor das plantas de produção de alimentos, inclusive diminuindo consideravelmente a taxa de abstenção de funcionários pelo fato de eliminar causadores de infecções transmitidas pelo ar. A eficiência dessa tecnologia tem apresentado os melhores resultados na higienização de correias transportadoras, no controle de maus odores e no índice de contaminação cruzada pelo ar em operações de fatiamento de produtos, higienização de fluidos (como a água proveniente das máquinas de gelo, de soluções de salmoura injetáveis e de sucos a serem embalados).
Em pesquisas realizadas na Universidade Estadual do Kansas, nos EUA, foram descobertos resultados que demonstram que essa tecnologia é muito eficaz na diminuição de cargas microbianas bastante perigosas, como a da bactéria Listeria monocytogenes, inoculada intencionalmente em superfícies de carne moída bovina. Um fato interessante da foto-hidroionização é que sua eficiência é observada em questão de segundos. Decorridos apenas 20 segundos de tratamento, foi obtida uma redução de 2 log desse micro-organismo. Foram obtidos resultados parecidos com cortes primários bovinos inoculados com Salmonella spp. e Escherichia coli O157:H7. Em apenas 15 segundos, foram obtidas reduções de 1,65 e 1,3 log, respectivamente. Após 60 segundos de tratamento, foram obtidas reduções de 2,95 e 2,4 log de cargas bacterianas de Salmonella spp. e Escherichia coli, respectivamente.
Referências
CEYLAN, E. & MARSDEN, J. L. “An Overview of RGF Environmental Group´s Air Purifying Technology” (tradução livre: “Visão geral sobre uma das tecnologias de purificação de ar da empresa RGF Environmental Group”). Departamento de Ciência Animal e da Indústria. Universidade Estadual do Kansas. Manhattan, Kansas, EUA, 2004.
FINK, R. G. “Photohydroionization: An advance oxidation technology” (tradução livre:“Foto-hidroionização: uma tecnologia avançada de oxidação”). RGF Environmental Group, 2004.
ORTEGA, M. T.; FRANKEN, L. J.; HATESOHL, P. R. & MARDEN, J. L. “Efficacy of EcoQuest radiant catalytic ionization cell and breeze AT ozone generator at reducing microbial populations on stain-less steel surfaces” (tradução livre: “Eficácia da célula de ionização radiante catalítica EcoQuest e do gerador de ozônio Breeze AT na redução de populações microbianas em superfícies de aço inoxidável”). Journal of Rapid Methods & Automation in Microbiology, nº 15, p. 359-368, 2007.
TANUS, C. A.; MARDEN, J. L. & PHEBUS, R. K. Departamento de Ciência Animal e da Indústria. Universidade Estadual do Kansas. Manhattan, Kansas, EUA, 2007.