Alimentos podem custar de duas a quatro vezes mais em supermercados, dependendo da região
Comprar o produto orgânico em feiras, diretamente do produtor, pode garantir uma alimentação saudável, responsável ambientalmente e mais barata. “Um orgânico vendido em supermercado pode custar até 200% mais caro do que o meu”, afirma o produtor Lucas Alves de Sousa, da fazenda de alimentos orgânicos Vista Alegre. Uma pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto Kairós apontou que, nos supermercados, os orgânicos podem ser de duas a quatro vezes mais caros do que nas feiras. A pesquisa envolveu cinco cidades em quatro Estados do país.
A jornalista Bruna Miranda, 33, consumidora de produtos orgânicos, percebe essa diferença. “Raramente compro orgânico no supermercado. Só quando tem um produto que quero muito (compro), porque na feira é mais barato”, diz. Ela frequenta uma vez por mês a Feira Terra Viva, que acontece aos sábados no bairro Floresta, onde Sousa expõe produtos. Nas feiras orgânicas, são vendidos vegetais, ovos, geleias e bolos.
Já na relação com o alimento convencional, o produtor Carlos Eduardo Boaz Martins, afirma que alguns orgânicos podem ser até mais baratos. “Alface eu vendo por R$ 3 e a americana por R$ 5. Em alguns supermercados, o convencional é mais caro”, afirma Martins.
Sem Dúvida. Para ter certeza que um produto vendido no supermercado ou na feira é orgânico, o consumidor deve buscar o selo de certificação. Um alimento orgânico deve ser livre de agrotóxicos e de fertilizantes químicos. “Quando o produto é embalado, o consumidor deve procurar o selo de alimento orgânico. Na feira, o produtor pode apresentar um certificado”, explica a nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Mariana Garcia.
Para a organizadora da Feira Fresca, que reúne cerca de 20 produtores orgânicos na capital, Izadora Delforge, nem sempre o selo é cobrado. “Tem gente que faz questão sim, para ter certeza que é um produto orgânico. Mas para o pequeno produtor, o processo de certificação pode ficar caro. Então, cria-se uma relação de confiança, o cliente vai conhecer a produção, prova o produto, e compra mesmo sem o selo”, pondera. A médica Clarice Tomich, 35, relata essa confiança com Martins. “Compro na barraca dele sempre, e só busco no supermercado o que não encontro na barraca”, afirma.
MAPA
Instituto desenvolve aplicativo com os locais de venda
As feiras de orgânicos acontecem em vários locais e dias diferentes, porém, algumas vezes o cliente não tem acesso a essa agenda. Por essa razão, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) criou o aplicativo Mapa de Feiras Orgânicas, para smartphones com Android e iOS. O mapa também está disponível no site do Instituto e apresenta feira em todo o território nacional.
“Fizemos uma pesquisa e descobrimos que os consumidores tinham interesse em consumir alimentos orgânicos se os preços fossem mais acessíveis e se fosse mais fácil encontrá-los. Por isso desenvolvemos o mapa”, conta a nutricionista do Idec, Mariana Garcia.
Para Izadora Delforge, organizadora da Feira Fresca, existe “uma demanda e um potencial enorme para o produto orgânico”. “Tanto que começamos com a feira em abril deste ano uma vez por mês. Agora já passamos para duas vezes”, avalia.
Crescimento. O produtor Lucas Alves de Sousa, da Fazenda Vista Alegre conta que em 2012 vendia cerca de 40 cestas de produtos por semana. Hoje, chega a 200, um crescimento de 400%. “Tenho expandido a produção a cada ano. Com a venda direta, o preço ficou mais competitivo”, diz. Lucas participa de feiras na capital terças, quartas e sábados.
Outro produtor, Carlos Eduardo Boaz Martins, afirma que entre 2007 e 2016, sua produção cresceu mais de 60%, em função da demanda crescente. Ele expões produtos no bairro Anchieta toda sexta-feira.
Certificação com preço acessível
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) oferece a certificação de produtos orgânicos por um preço menor. “Certificadores cobram até R$ 5.000. No IMA, o valor é R$ 300 e para determinados agricultores familiares não cobramos”, conta o gerente de Certificação do IMA, Rogério Carvalho Fernandes.
O Instituto também oferece um certificado regional de produto sem agrotóxico. Nesse caso, o produtor tem quatro anos para atender 100% dos critérios para se tornar orgânico.
Delivery:
Além das feiras, alguns produtores também têm Delivery em BH.
vivavistaalegre.com.br
dahorta.org
hortaporta.com.br
No mês: A Feira Fresca acontece duas vezes ao mês em BH. Informações: facebook.com/feirafresca/