Pesquisas e programas de cooperação desenvolvidas pelo California Department of Food and Agriculture (CDFA), em Riverside, Estados Unidos, foram apresentados em seminário, em 15 de dezembro, na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) por Judith Sierra Herreid, mestranda e funcionária desse departamento, em visita ao Brasil.
Objetivo da pesquisadora americana é colaborar no processo de importação do bioagente de controle Diaphorencyrtus aligarhensis (Hymenoptera: Encyrtidae) de Riverside para Jaguariúna via Laboratório de Quarentena “Costa Lima” da Embrapa Meio Ambiente.
Para isso, transferiu pessoalmente material biológico para ser utilizado em pesquisa sobre controle biológico da praga Diaphorina citri, vetora do doença em citrus, HLB (ex-greening). Conforme Luiz Alexandre Nogueira de Sá, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, “todas as permissões necessárias para a transferência desse bioagente já foram obtidas pela Embrapa junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além da permissão de importação oficial do governo brasileiro”.
Esse parasitoide exótico foi avaliado, dada a sua eficiência já reportada nos EUA, como potencial parasitóide de D. citri em áreas semiáridas em outros países com efetivo bioagente de controle. Foi introduzido no Brasil em 11 de dezembro, via Mapa, pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP. De acordo com Judith, em 2016, na Califórnia não houve muita chuva. “Por isso, é difícil avaliar se o controle da praga foi pela introdução do inseto ou pelo clima seco. Apesar disso, há indícios que as vespas foram as responsáveis pelo bom resultado nesse controle”.
O Brasil é o segundo produtor mundial de citros, sendo o principal produtor de laranjas, contribuindo com cerca de 30% da sua produção mundial, 50% da produção de suco e 85% do mercado mundial dessa commodity. Movimenta US$ 14,6 bilhões por ano nessa cadeia produtiva e gera 350 mil empregos.
Sá explica que a doença HLB, causada por bactérias de floema, Candidatus liberibacter spp., é a maior ameaça aos pomares do país, por afetar em alto grau todas as variedades, tornando os pomares inviáveis economicamente se medidas de controle não forem tomadas.
Distribuída nos continentes africano, americano e asiático e desde 2004 no Brasil – detectada em São Paulo, é acompanhada por mapeamentos do Fundecitrus que apontaram o alto potencial de disseminação da doença, indicando o elevado risco de dispersão para outras áreas e a maior incidência nas áreas Central e Sul do estado; com altos índices de infestações (73%) até 2012.
Entre os danos causados pelo HLB em 8 anos em SP, cita-se a erradicação de 18 milhões de árvores até 2012. Acrescenta-se que 7% dos pomares paulistas apresentam sintomas da doença, não consideradas as plantas assintomáticas com o inóculo.
O potencial de dano eleva-se ainda mais pela pressão que os pomares altamente afetados exercem em pomares vizinhos. Considerando-se o impacto dos danos,os custos se ampliam pelas redução da produtividade,necessidade de controle e longevidade dos pomares, podendo inviabilizar a atividade econômica sob níveis endêmicos da doença.
Atualmente, encontra-se também em áreas de Minas Gerais e Paraná. No curto prazo,a estratégia mais segura de controle combina o uso de mudas sadias, redução do inóculo (erradicação de plantas doentes) e redução da transmissão pelo vetor.
“Não existem métodos de controle curativos que possam ser usados em pomares comerciais, enfatiza o pesquisador. Atualmente, o custo de produção de 1ha é de cerca de R$ 10.000,00, sendo 5-15% do valor relacionado aos custos com manejo do vetor. Ao sugar a seiva da planta, o inseto adquire a bactéria do HLB, onde posteriormente, pelo mesmo modo, a inocula em outras plantas sadias ao se alimentar. Portanto, existe grande dificuldade no estabelecimento de controle.
texto e foto: Cristina Tordin